Também chamada: língua anã
HISTÓRIA INTERNA
Mas, embora bem preservado, o khuzdul raramente era aprendido por outros além dos próprios anões. Lendas tardias contam que, em Valinor, Aulë inteirou Fëanor do idioma que havia criado para os anões, mas Tolkien observou que isto não era necessariamente verdade; talvez fosse apenas uma história devido à fama de Fëanor (VT39: 10). Na Terra-média, os elfos não estavam particularmente interessados na língua anã e, de qualquer modo, eles não tinham grande consideração por este idioma: "Eles não conseguiam compreender nenhuma palavra da língua dos Naugrim [anões], que aos seus ouvidos era incômoda e desagradável; e poucos dentre os Eldar chegaram a alcançar o domínio dela" (Silmarillion cap. 10). O próprio Tolkien afirma como fato que "a língua anã era tanto complicada como cacofônica. Mesmo os primeiros filólogos élficos evitavam-na" (Letters: 31). Mas mesmo quando alguém realmente queria aprender o khuzdul, os próprios anões eram muito relutantes a ensiná-la. Seu próprio idioma era "um segredo que eles não revelavam voluntariamente, nem aos seus amigos" (SdA Apêndice F). Uma teoria é a de que eles sentiam que o khuzdul pertencia exclusivamente à sua própria raça, e que mais ninguém tinha o direito de compreendê-la. Quando queriam comunicar-se com outras raças, geralmente com o propósito de comercializar, eles preferiam aprender o idioma alheio a ensinar o khuzdul – mesmo se o outro grupo desejasse aprender. Apenas duas ou três vezes em todas as longas eras da Terra-média os anões ensinaram de bom grado sua língua a pessoas de uma raça diferente. Na Primeira Era, quando a Casa de Hador chegou primeiramente em Beleriand vinda do leste e encontrou os Barbas-longas, uma amizade especial surgiu entre as duas raças porque estes homens, sendo cavaleiros habilidosos, podiam oferecer aos anões alguma proteção contra os orcs. Portanto, os anões na verdade "não recusavam-se a ensinar sua própria língua aos homens com os quais possuíam uma amizade especial, mas os homens achavam-na difícil e eram lentos para aprender mais do que palavras isoladas, muitas das quais eles adaptaram e adotaram em seu próprio idioma." (PM: 303. Apesar disso, parece que o khuzdul influenciou até mesmo a estrutura básica do adûnaico, um idioma que descendia da língua dos primeiros Edain.) O interesse élfico no khuzdul era pequeno na Primeira Era, mas houve pelo menos uma exceção: "Curufin possuía muito interesse no estranho idioma dos anões, sendo o único dos Ñoldor a ganhar sua amizade. Foi dele que os mestres de tradição obtiveram todo o conhecimento que podiam do khuzdûl." (PM: 358) Pelo menos uma palavra do khuzdul chegou ao sindarin: kheled "vidro", que aparece em élfico-cinzento como heledh (ver o Apêndice do Silmarillion, entrada khelek-). A palavra khuzdul khazâd, "anões", foi adaptada para o quenya como Casar "anão" e para o sindarin como Hadhod (a raça anã sendo chamada de Hadhodrim, WJ: 388). De modo oposto, os anões parecem ter tomado emprestado pelo menos uma palavra do sindarin: kibil "prata" deve estar relacionada ao élfico-cinzento celeb.
Bem mais tarde, na Segunda Era, os anões permitiram relutantemente que alguns elfos aprendessem um pouco de khuzdul meramente pelo bem da ciência: "Eles compreendiam e respeitavam o desejo desinteressado pelo conhecimento, e alguns dos posteriores mestres de tradição Ñoldorin tiveram permissão para aprender o suficiente tanto de sua lambe (aglâb)["língua" em quenya e khuzdul] como de sua iglishmêk [linguagem de sinais] para compreender o sistema delas." Conta-se que Pengolodh, o Mestre de Tradição de Gondolin, "viveu por um tempo entre os anões de Casarrondo (Khazad-dûm)" (WJ: 395, 396). Estes mestres de tradição posteriores evidentemente tinham uma atitude menos arrogante do que suas escolas na era anterior que, exceto por Curufin, "evitavam" deliberadamente o khuzdul (Letters: 31).
Em um ponto, contudo, os anões eram sempre "rigidamente reservados… Por razões que nem elfos nem homens jamais compreenderam completamente, eles não revelariam quaisquer nomes pessoais à pessoas de outra raça, nem posteriormente, quando adquiriram as artes da escrita, permitiriam que tais nomes fossem entalhados ou escritos. Eles assumiram então nomes pelos quais poderiam ser conhecidos por seus aliados em formas humanas." (PM: 304) O Apêndice F do SdA confirma isto: "Seus nomes secretos e ‘interiores’, seus nomes verdadeiros, jamais foram revelados pelos anões a quem quer que fosse de raça alheia. Nem mesmo em seus túmulos eles os inscrevem." Assim, os nomes Balin e Fundin, que ocorrem em um contexto khuzdul na placa sobre o túmulo de Balin, não estão eles próprios em khuzdul. Eles são nomes humanos, simplesmente os nomes substitutos que Balin e seu pai Fundin usavam quando não-anões estavam presentes.
No capítulo 20 do Silmarillion, nos é dado um nome anão, Azaghâl, o nome do Senhor de Belegost. Talvez este seja um título ou pseudônimo ao invés de seu "nome interior" verdadeiro. Foi sugerido que ele significa "guerreiro", estando relacionado ao verbo númenoreano azgarâ– "guerrear" (SD: 439). Há também o nome Gamil Zirak, o nome de um ferreiro anão, mestre de Telchar de Nogrod (CI: 73). Talvez seja apenas outro pseudônimo, ou seu nome pode ser vazado a não-anões por acidente, para seu grande e eterno pesar. Por outro lado, os anões-pequenos evidentemente não tentavam ocultar seus nomes em khuzdul. No capítulo 21 do Silmarillion, o anão-pequeno Mîm conta de boa vontade a Túrin não apenas seu próprio nome, mas também os nomes de seus filhos Khîm e Ibun. Talvez tal indiscrição chocante fosse uma das coisas pelas quais os anões normais odiavam os anões-pequenos.
Contudo, os anões não achavam impróprio revelar os nomes de lugares. Gimli, por iniciativa própria, contou à Comitiva como os anões chamavam as montanhas sobre Moria e a própria Moria: "conheço as montanhas e seus nomes, pois sob elas está Khazad-dûm, a Mina dos Anões… Mais além fica Barazinbar, o Chifre Vermelho… e além dele ficam o Pico de Prata e o Cabeça de Nuvem:… que nós chamamos de Zirakzigil e Bundushathûr." (SdA1/II cap. 3) Os anões não ficavam necessaria- mente ofendidos se outros soubessem alguns nomes de lugares em khuzdul. Quando Gimli chega à Lórien, ainda zangado pelo fato dos elfos a princípio terem exigido que ele fosse vendado, Galadriel lhe diz : "Escuras são as águas do Kheled-zâram, e frias são as nascentes do Kibil-nâla, e belos eram os salões cheios de pilares de Khazad-dûm nos Dias Antigos, antes que poderosos reis caíssem no seio da rocha." Nos é dito que "o anão, ouvindo os nomes ditos em sua própria língua antiga, levantou os olhos encontrando os dela, e teve a impressão de que olhou de repente para o coração de um inimigo e ali viu amor e compreensão. A admiração cobriu seu rosto, que então sorriu para ela" (SdA1/II cap. 7). Logo, Gimli entendeu o uso dos antigos nomes em khuzdul como um gesto amigável da parte de Galadriel. Na Primeira Era, o anão-pequeno Mîm disse, sobre a colina na qual vivia, que "Amon Rûdh aquela colina agora é chamada, desde que os elfos mudaram todos os nomes" – sugerindo que isto irritava-o.
HISTÓRIA EXTERNA
A ESTRUTURA DO KHUZDUL
A fonologia era, em alguns aspectos, peculiar se comparada a outros idiomas contemporâneos. Haviam pelo menos duas oclusivas aspiradas, kh e th, isto é, k e t seguidos por h. (Note que kh e th não indicam aqui o alemão ach-Laut e o th como na palavra inglesa thin, da forma como estes dígrafos são freqüentemente associados na grafia de Tolkien.) O k e o t iniciais ingleses também são aspirados, mas provavelmente não tão forte como no khuzdul. O khuzdul também possui oclusivas não aspiradas, como o k e o t franceses e russos mas, diferente da situação no inglês, francês e russo, o ke t do khuzdul são fonemas por si mesmos, que devem ser distinguidos de kh e th. Como sabemos muito poucas palavras do khuzdul, é pouco surpreendente que não tenhamos pares mínimos, mas kvs. kh e t vs. th são encontrados contrastando inicialmente: Kibil-nâla vs. Khazad-dûm e Tumunzahar vs. Tharkûn. Outras consoantes incluem o b oclusivo sonoro, as fricativas surdas f e s, as fricativas sonoras z e gh, o l lateral, o r vibrante (alguns anões usavam um R uvular, outros evidentemente um R), n e m nasais, e uma semivogal, y.
Se algumas consoantes eram um tanto peculiares, o sistema vocálico era bastante comum. As vogais curtas parecem formar um clássico sistema de cinco vogais, a, i, e, o, u. De acordo com as notas de Tolkien sobre as Runas de Daeron, vogais reduzidas, como aquelas ouvidas em butter, também eram comuns, mas elas não são atestadas diretamente (a não ser que alguns dos u‘s e e‘s representem tais vogais). Quatro vogais longas são atestadas, â, ê, î e û. A ausência aparente de *ô pode bem ser devido ao nosso pequeno corpus. Vogais longas podem ser encurtadas quando não enfatizadas (?); compare Khazâd com Khazad-dûm. (Na verdade, nada sabemos sobre como as palavras são enfatizadas em khuzdul.)
A estrutura básica do khuzdul parece-se com a dos idiomas semíticos, como árabe e hebraico. Os radicais a partir dos quais as palavras são produzidas não são por si mesmos palavras pronunciáveis, mas consistem apenas de consoantes. Substantivos, verbos, adjetivos, etc., são produzidos não apenas por prefixos e sufixos (se tais artifícios são realmente usados), mas também ao inserir-se certas vogais entre estas consoantes, algumas vezes também ao duplicar-se uma das consoantes. Na verdade, as palavras são freqüentemente flexionadas por mudanças internas de vogais ao invés da adição de afixos: rukhs significa "orc", mas o plural "orcs" é rakhâs. As consoantes raízes – os assim chamados radicais – permanecem as mesmas, como *R-Kh-S neste caso. No khuzdul, assim como nos idiomas semíticos, geralmente há três radicais na raiz; várias destas raízes são mencionadas em TI: 174 e RS: 466: B-R-Z "vermelho", B-N-D "cabeça", K-B-L "prata", N-R-G "preto". Um exemplo de uma raiz biconsonantal é Z-N "escuro, turvo" (RS: 466). É claro, as vogais serão adicionadas quando estas raízes aparecerem como palavras de fato; ex: baraz "vermelho" ou bund "cabeça" a partir de B-R-Z e B-N-D. Os radicais Kh-Z-D contém a idéia geral de "característica anã" e podem ser observados em palavras como khazâd "anões" e khuzdul "língua anã" ("órquico" presumivelmente seria *rukhsul). Os mesmos radicais Kh-Z-D evidentemente estão presentes no nome antigo em khuzdul de Nargothrond, Nulukkhizdîn, mas o significado preciso deste nome é desconhecido (note que Nulukkizdîn no Silmarillion cap. 21 é um erro ortográfico; ver WJ: 180). O significado mais básico de Kh-Z-D pode ter alguma coisa a ver com o número "sete"; compare com a palavra adûnaica hazid (SD: 428). Os anões descendiam dos Sete Pais e eram divididos em Sete Casas – e, como sabemos, os anões ainda são associados com o número sete mesmo na bastante tardia e muito infantil mitologia humana.
O CORPUS ANALISADO
Baruk Khazâd! é dito significar "Machados dos anões!" Baruk é geralmente aceito como sendo um exemplo de algo similar ao "estado de construção" do hebraico: diz-se que é este o estado de uma palavra quando ela é colocada na frente de um substantivo para expressar uma relação genitiva: X Y significando "X de Y". (Compare com as palavras hebraicas sûs "cavalo", hammelekh "o rei", sûs hammelekh "o cavalo do rei".) É claro, não podemos ter certeza de que baruk é o plural normal "machados" e não uma forma especializada significando "machados de". Pode ser significativo que todos os outros plurais atestados contenham uma vogal longa: khazâd "anões", rakhâs "orcs", tarâg "barbas", shathûr "nuvens", ûl "correntezas", dûm "escavações, salões". O plural normal "machados" poderia ser *barûk? Shathûr "nuvens" pode representar um padrão de plural em –a–û-. Em hebraico, as vogais de palavras no estado de construção são freqüentemente encurtadas. Ou, supondo que u é claramente um elemento da língua anã que significa "de" (Bund-u-shathûr "Cabeça nas/de Nuvens", TI: 174), ele está incorporado em baruk, inserido entre o segundo e o terceiro radical? Palavras com três radicais simples (1-2-3) parecem possuir formas singulares em 1u23 (bund "cabeça", rukhs "orc" – radicais B-N-D, *R-Kh-S) e plurais em 1a2â3 (rakhâs "orcs", compare com khazâd "anões" e tarâg "barbas" a partir de *Kh-Z-D e *T-R-G). Como baruk parece possuir uma estrutura de radical similar de três consoantes (*B-R-K), talvez possamos adicionar um estado de construção plural em 1a2u3 ao paradigma e flexionar B-R-K "machado" dessa maneira: singular *burk "machado", plural normal *barâk "machados", estado de construção plural baruk "[os] machados de" (e, de modo semelhante, o ex. *tarug Khazâd "as barbas dos anões" a partir da forma atestada tarâg "barbas"?) O estado de construção singular pode ter a forma 1u23u (*burku Khazâd "o machado dos anões"), se Bundushathûr for simplesmente *Bundu Shathûr "Cabeça de Nuvens", sendo escrito em uma palavra quando usado como o nome de uma montanha (B-N-D "cabeça").
A segunda parte do grito de guerra é Khazâd ai-mênu! "Os anões estão sobre vocês!", nossa única frase real. Ai-mênu é "sobre vocês", ai sendo uma forma curta de aya "sobre" e mênu sendo o acusativo plural "vocês". Esta é evidentemente uma frase nominal, não contendo nenhum equivalente real do verbo "estão" em khuzdul. Frases como esta – "X Y" significando "X está/estão Y" – são comuns em russo e em muitos idiomas semíticos. Isto pode sustentar a teoria de um estado de construção de substantivos, para distinguir "X Y" significando "X de Y" de "X Y" significando "X é/está Y".
Há então o texto que surge ao decifrar-se as runas no túmulo de Balin: Balin Fundinul uzbad Khazaddûmu, "Balin, filho de Fundin, Senhor de Moria". Os nomes Balin e Fundin são humanos, de modo que suas etimologias são irrelevantes. O que permanece é a desinência –ul, aqui usada para formar um patronímico, uzbad "senhor" e o nome bem conhecido Khazad-dûm "Minas dos Anões, Moria" (embora não haja nenhum equivalente do hífen na inscrição rúnica). Ele ocorre aqui com uma desinência –u, que evidentemente é um genitivo de algum tipo. Mas por que é necessária uma desinência aqui quando não há nenhuma em baruk khazâd "machados dos anões"? (Não importa se baruk é uma forma especializada que significa "machados dos" ou se é simplesmente "machados"; mesmo se ela incorpora um elemento que significa "de", esta declinação ainda afeta a primeira palavra na construção, e não a segunda como em uzbad Khazaddûmu.) Este evidentemente é um tipo de genitivo objetivo, indicando que Moria é governada pelo senhor, e não que o senhor simplesmente é, de alguma forma, o "proprietário" de Moria (poderia ser *uzbud Khazaddûm, seguindo o padrão de baruk Khazâd???). Esta teoria encontra forte sustentação no adûnaico, a língua númenoreana, que veio de uma língua humana influenciada pelo khuzdul (SD: 414). Este idioma possui uma forma chamada "objetiva" que incorpora um u que é usado em palavra compostas; ex: gimlu-nitîr "inflamador de uma estrela" (gimlu- sendo a objetiva de gimli "estrela", SD: 428 cf. 427). Embora esta objetiva númenoreana seja usada apenas em palavras compostas e não independentemente como em uzbad Khazaddûmu, ela pode em origem estar relacionada com a objetiva no khuzdul.
O único substantivo que é atestado tanto no plural como no singular já foi mencionado, rukhs "orc", pl. rakhâs. Como especulamos acima, khazâd "os anões" e tarâg "barbas" podem ser plurais formados de acordo com o mesmo padrão, de modo que os substantivos no singular "anão" e "barba" são *khuzd e *turg. A palavra shathûr "nuvens" evidentemente pertence a outro padrão de plural, diferente daquele de khazâd e rakhâs, e não podemos reconstruir a forma singular. Ela provavelmente teria os mesmos radicais *Sh-Th-R, mas vogais diferentes. Outras substantivos no plural são ûl "correntezas" e dûm "escavações, salões" (o último também pode ser um coletivo). É significativo que ambos possuam a mesma vogal û como shathûr?
Apenas três verbos são atestados: gunud "aprofundar-se no subsolo, escavar, cavar um túnel" (afirmado como sendo uma raiz), felek "fender rocha" e a palavra relacionada felak, que significa usar uma ferramenta como um cinzel de lâmina larga, ou uma pequena cabeça de machado sem cabo. Felak também pode ser usada como um substantivo que indica tal ferramenta. Cf. a palavra inglesa "hammer", que pode ser tanto substantivo ("martelo") como verbo ("martelar"). Este exemplo indica que os verbos do khuzdul nem sempre podem ser distinguidos de outras partes do idioma apenas por sua forma sozinha.
Temos alguns adjetivos: há a própria palavra khuzdul, significando aparentemente "anão (como qualidade)", sendo derivado de *khuzd "anão (substantivo)" com a desinência –ul que também é usada para formar patronímicos: Fundinul, filho de Fundin. Temos também sigin "longo" em Sigin-tarâg, os Barbas-longas. Se os adjetivos em khuzdul concordam em número, sigin pode ser uma forma plural. (Por outro lado, a forma básica não flexionada do adjetivo pode ser usada em palavras compostas.) Zirak (pl. *zirik???) pode ser o adjetivo "prateado" de acordo com TI: 174, mas na página seguinte é sugerido que, ao invés disso, ele significa "pico, ferrão (de bota)". É possível que um adjetivo venha após o substantivo que descreve (embora não em palavras compostas como "Barbas-longas"); ver abaixo.
Em palavras compostas, a ordem dos elementos é a mesma do inglês (que é inversa a do português): Khazad-dûm "Dwarrowdelf (Mina dos Anões)", Kibil-nâla "Silverlode (Veio de Prata)", Kheled-zâram "Glass-lake (Lago de Vidro)" (a respeito desta tradução ao invés de "Lago-espelho", ver a lista de palavras), Gabilgathol "Great Fortress (Grande Fortaleza), Sigin-tarâg "Longbeards (Barbas-longas)". O nome Zirak-zigil "Silver-spike" (Celebdil, Pico de Prata) encaixa-se neste padrão (TI: 174), mas parece que Tolkien posteriormente decidiu que zirak significa "pico" e zigil significa "de prata, prateado" e não vice-versa. Neste caso, esta palavra pode ser uma ligação de "estado de construção" assim como baruk khazâd parece ser: *Zirak zigil "Pico de prata" (uma construção que Frodo, naturalmente ignorante quanto ao khuzdul, supôs ser uma palavra composta e escreveu Zirak-zigil, Zirakzigil). Se zigil é o adjetivo "de prata, prateado" e não um substantivo, esta construção pode sugerir que os adjetivos vem após o substantivo que descrevem.
Apenas um pronome é atestado: mênu, acusativo plural "vocês" (WR: 20).
Temos apenas duas preposições, aya "sobre" (WR: 20, forma reduzida ai em ai-mênu "sobre vocês"), e u "em, no (a), de" (atestada apenas no meio de uma palavra composta, Bundushathur = "Cabeça nas/de Nuvens", nome da montanha Cabeça de Nuvem, sindarin Fanuidhol).
Não há muito que possamos dizer sobre derivação. Um padrão derivacional parece ser da forma 1a23ûn, onde 1, 2, 3 representam os três radicais. O significado parece ser simplesmente "pessoa, coisa ou lugar caracterizado pelo significado da raiz": Nargûn "Mordor, *Terra Negra", a partir dos radicais N-R-G "negro", e Tharkûn "Homem do Cajado", nome anão de Gandalf (radicais *Th-R-K "cajado"?) Se as consoantes Z-Gh-L são realmenet os radicais do verbo "guerrear" e Azaghâl significa "guerreiro", temos uma padrão agentivo a1a2â3. A palavra khuzdul "língua anã" pode implicar a existência de um padrão adjetivo 1u23ul. Mas como afirmado acima, –ul pode ser simplesmente uma desinência adjetiva adicionada à forma singular do substantivo (*khuzd "anão"). Compare com o patronímico Fundinul. Sendo assim, não há necessidade de se estabelecer um padrão 1u23ul que envolva os radicais originais.
Adjetivos como baraz "vermelho" (B-R-Z) ou sigin "longo" (*S-G-N) representam claramente os padrões adjetivos 1a2a3 e 1i2i3(embora kibil "prateado" pareça ser um substantivo).
A palavra Mazarbul, como em "a câmara de Mazarbul" (Câmara dos Registros), parece representar alguma derivação mais complexa. Se –ul é simplesmente a desinência adjetiva discutida acima (que significaria que o "de" na tradução é estritamente supérfluo), somos deixados com mazarb "registro(s?)". Poderia este ser um tipo de particípio passado, ou o substantivo correspondente, do verbo "registrar" (radicais provavelmente *Z-R-B)? Sendo assim, temos um padrão ma1a23.
LISTA DE PALAVRAS DA LÍNGUA ANÃ










































































Ola, cara, venho vendo o que escreve sobre as línguas diferentes da nossa usadas em livros e filmes, e me interesso muuuuuito por isso, como não consigo encontrar muito material e nem material realmente confiavel na internet, venho até você por meio desta mensagem pedir que me envia algo sobre essas línguas, e que ficaria muito feliz se mantessemos contato sobre isso.
Agradeço
Muito bom artigo!