Sindarin

Também chamado: élfico-cinzento, a língua de Beleriand, a língua nobre; no SdA freqüentemente mencionada simplesmente como “a língua élfica”. Chamado “noldorin” nos papéis pré-SdA de Tolkien, mas isto está errado de acordo com sua visão “clássica” ou madura da história deste idioma (o cenário apresentado no Apêndices do SdA e em fontes posteriores)

 

HISTÓRIA INTERNA

O sindarin era a principal língua Eldarin na Terra-média, o vernáculo vivo dos elfos-cinzentos ou sindar. Ele era o descendente mais importante do telerin comum, o próprio telerin comum ramificando-se a partir do Eldarin comum, o ancestral do quenya, telerin, sindarin e nandorin. “O élfico-cinzento era na sua origem aparentado com o quenya“, Tolkien explica, “pois era a língua dos Eldar que, chegando às margens da Terra-média, não haviam atravessado o Mar, detendo-se nas costas do país de Beleriand. Lá, Thingol Manto-Cinzento era seu rei, e, no longo crepúsculo, sua língua… se alheara muito da fala dos Eldar de além do Mar” (SdA Apêndice F). Embora seja dito que o sindarin é, das línguas Eldarin da Terra-média, a melhor preservada (PM: 305), ele é sem dúvida o idioma élfico mais radicalmente modificado de que temos conhecimento: “o idioma dos sindar havia mudado muito, mesmo um crescimento sem muita atenção, do mesmo modo como uma árvore poder mudar sua forma imperceptivelmente: talvez tanto quanto uma língua mortal oral pode mudar em quinhentos anos ou mais. Ele já era, antes do Surgimento do Sol, um idioma muito diferente ao ouvido do [quenya], e após este Surgimento, toda mudança foi rápida, realmente muito rápida durante algum tempo na segunda Primavera de Arda” (WJ: 20). O desenvolvimento do Eldarin comum para o sindarin envolve mudanças muito mais radicais do que o desenvolvimento do Eldarin comum para o quenya, ou para o  telerin de Aman. Tolkien sugeriu que o sindarin “mudara com a mutabilidade das terras mortais” (SdA Apêndice F). Isto não quer dizer que as mudanças foram caóticas e não sistemáticas; elas definitivamente forma regulares – mas elas mudaram dramaticamente o som geral e a “música” do idioma. Algumas mudanças importantes incluem a retirada das vogais finais, as oclusivas mudas p, t, k se tornando b, d, g sonoras sucedendo uma vogal, as oclusivas sonoras se tornando fricativas na mesma posição (exceto g, que desapareceu no geral) e muitas vogais sendo alteradas, freqüentemente pela assimilação de outras vogais. De acordo com PM: 401, “o desenvolvimento do sindarin havia se tornado, muito antes da chegada dos exilados ñoldorin, principalmente o produto de mudança imperceptível como as línguas dos homens”. Comentando sobre as grandes mudanças, PM: 78 observa “ainda era uma língua bela, bem adequada às florestas, colinas e às costas onde ela tomou forma”.
À época em que os noldor retornaram para a Terra-média, aproximadamente três milênios e meio após sua separação dos sindar, o idioma clássico sindarin estava completamente desenvolvido. (De fato ele parece ter entrado em uma fase mais estável, apesar da afirmação de Tolkien de que a mudança foi rápida após o surgimento do Sol: as mudanças que ocorreram durante os sete mil anos seguintes, até os dias de Frodo, foram pequenas comparadas ao rápido desenvolvimento nos três mil anos anteriores.) Na Primeira Era, havia vários dialetos de sindarin – o idioma arcaico de Doriath, o dialeto ocidental dos falathrim ou “povo da costa” e o dialeto setentrional de Mithrim. Qual destes foi a base do sindarin falado em eras posterio- res não é sabido com certeza, mas a língua dos falathrim parece a melhor candidata, uma vez que Doriath foi destruído e o pouco que é conhecido sobre o sindarin setentrional sugere que ele se diferenciava do sindarin dos dias de Frodo. (O nome Hithlum é do sindarin setentrional; ver WJ: 400.)
Os noldor e os sindar de início não eram capazes de se compreenderem mutuamente, com seus idiomas tendo se distanciado tanto durante a longa separação. Os noldor aprenderam sindarin rapidamente e começaram inclusive a traduzir seus nomes em quenya para élfico-cinzento, pois “achavam absurdo e desagradável chamar pessoas vivas que falavam sindarin diariamente por nomes de um modo lingüístico muito diferente” (PM: 341). Algumas vezes os nomes eram adaptados com muito cuidado, como quando Altariel deve ter sido levada até sua forma (hipotética) em Eldarin comum, *Ñalatârigellê; começando com esta “reconstrução”, os noldor então produziram a forma sindarin que teria aparecido em sindarin se realmente houvesse um nome antigo *Ñalatârigellê: Galadriel. Os nomes não eram sempre convertidos com tanto cuidado. O famoso Fëanor é de fato um meio termo entre o FëanároFaenor (“correta” no sentido de que isto é o que o primitivo *Phayanâro teria se tornado em sindarin, se este nome tivesse realmente ocorrido no Eldarin comum em tempos antigos). Alguns nomes, como Turukáno ou Aikanáro, foram simplesmente sindarizados em som, embora as formas resultantes Turgon e Aegnor
Mas os noldor, sempre lingüistas ágeis, logo alcançaram total maestria no idioma sindarin e classificaram sua precisa relação com o quenya. Vinte anos após a chegada dos noldor na Terra-média, durante a Mereth Aderthad ou Festa da Reunião, “a língua dos elfos-cinzentos foi a mais falada, mesmo pelos noldor, pois eles aprenderam rapidamente o idioma de Beleriand, ao passo que os sindar eram lentos para dominar a língua de Valinor” (Silmarillion cap. 13). O quenya como uma língua falada foi finalmente abolida por Thingol quando este soube que os noldor haviam assassinado muitos teleri e roubado seus navios para voltar à Terra-média: “nunca mais chegará aos meus ouvidos a língua dos que assassinaram meus parentes em Alqualondë! Nem em todo o meu reino ela poderá ser falada abertamente”. Consequentemente “os Exilados adotaram o idioma sindarin em todos os seus usos correntes” (Silm. cap. 15). Parece que o édito de Thingol meramente acelerou o processo; como visto, muitos dos noldor já falavam sindarin.
Posteriormente, os homens mortais apareceram em Beleriand. O Apêndice F do SdA (e CI: 472) nos informa que “somente os Dúnedain, dentre todas as raças dos homens, conheciam e falavam uma língua élfica, pois seus ancestrais haviam aprendido a língua sindarin e a passaram a seus filhos como um tema da tradição, quase imutável com o passar dos anos”. Talvez tenham sido os Dúnedain a estabilizar o idioma sindarin, como menos como usado entre eles próprios  (CI: 471 afirma que o sindarin falado pelos homens mortais “tendia a tornar-se divergente e dialetal”). Qualquer que tenha sido o padrão do sindarin usado pelos homens usado em eras posteriores, na Primeira Era “a maior parte deles [dos Edain] logo aprendeu o idioma dos elfos-cinzentos, tanto como língua comum quanto porque muitos desejavam conhecer as tradições dos elfos” (Silmarillion cap. 17). No final das contas, alguns homens conheciam e falavam sindarin tão bem quanto os elfos. A famosa balada Narn i Chîn Húrin (como ela corretamente escrita) foi feita por um poeta humano chamado Dírhavel, “mas era apreciada pelos Eldar, pois Dírhavel usou a língua dos elfos-cinzentos, em que possuía grande habilidade” (CI: 462. Por outro lado, o povo de Haleth não aprendeu bem ou com entusiasmo o sindarin; ver CI: 415). Túrin aprendeu sindarin em Doriath; uma jovem chamada Nellas “o ensinou a falar o idioma sindarin à maneira do reino de outrora, mais antigo, mais cortês e mais rico em belas palavras”. (CI: 74).
Os elfos continuaram a usar o sindarin entre si no decorrer da Primeira Era. Em uma colônia noldo como Gondolin, pode-se pensar que os noldor teriam revivido o quenya como idioma falado, mas parece não ter sido isto este caso, exceto na casa real: “para a maioria do povo de Gondolin [o quenya] se tornara uma linguagem dos livros; e eles, como os demais noldor, usavam o sindarin nas conversas diárias” (CI: 460). Tuor ouviu o guarda de Gondolin falar primeiro em quenya e então “na língua de Beleriand [sindarin], porém de uma maneira um tanto estranha a seus ouvidos, como de um povo há muito separado dos seus parentes” (CI: 39). Mesmo o nome em quenya da cidade, Ondolindë, sempre apareceu em sua forma sindarizada Gondolin (embora esta seja apenas uma mera adaptação e não sindarin “real”; o primitivo *Gondolindê deveria ter produzido **Gonglin, se a palavra fosse herdada).
Muitos falantes de sindarin pereceram na guerras de Beleriand, mas pela intervenção dos Valar, Morgoth foi finalmente subjugado na Guerra da Ira. Muitos elfos partiram para Eressëa quando a Primeira Era terminou, e daí em diante o sindarin evidentemente se tornou uma língua falada no Reino Abençoado assim como na Terra-média (uma passagem no Akallabêth, citada acima, indica que os númenoreanos conversavam com os eressëanos em sindarin). Os Valar queriam recompensar os Edain por seus sofrimentos na guerra contra Morgoth e ergueram uma ilha no mar, e os homens, seguindo a estrela de Eärendil até seu novo lar, fundaram o reino de Númenor.
O sindarin era amplamente usado em Númenor: “embora esse povo ainda usasse seu próprio idioma, seus reis e senhores conheciam e também falavam a língua élfica, que haviam aprendido nos tempos de sua aliança; e assim mantinham conversas com os Eldar, tanto de Eressëa quanto das regiões ocidentais da Terra-média” (Akallabêth). Os descendentes do povo de Bëor também usavam o sindarin como sua fala diária (CI: 471). Embora o adûnaico fosse o vernáculo para a maioria da população númenoreana, o sindarin era “conhecido até certo grau por quase todos” (CI: 471). Mas posteriormente os tempos mudaram. Os númenoreanos começaram a invejar a imortalidade dos elfos, e eventualmente eles abandonaram a antiga amizade com Aman e os Valar. Quando Ar-Gimilzôr “proibiu totalmente o uso das línguas Eldarin” por volta de 3100 da Segunda Era, devemos supor que mesmo os bëorianos abandonaram o sindarin e adotaram o adûnaico (CI: 253). A história da tolice de Ar- Pharazôn, a astuta “rendição” de Sauron, a corrupção total dos númenoreanos e a Queda de Númenor são bem conhecidas do Akallabêth. Após a Queda, os amigos-dos-elfos estabeleceram reinos no Exílio, Arnor e Gondor, na Terra-média. PM: 315 afirma: “os Fiéis [após a Queda]…usavam o sindarin, e nesta língua eles novamente criaram todos os nomes de lugares na Ter- ra-média. O adûnaico foi abandonado como o idioma cotidiano à mudanças sutis e corrupções, e como língua única dos iletrados. Todos os homens de alta linhagem e todos aqueles que foram ensinados a ler e escrever usavam o sindarin, mesmo como uma língua cotidiana entre si. Em algumas famílias, diz-se, o sindarin se tornou a língua materna, e a língua vulgar adûnaica era aprendida apenas casualmente, conforme se precisasse dela. O sindarin, porém, não era ensinado à estranhos, tanto por ser uma característica de origem númenoreana quanto por ser difícil de se adquirir – muito mais do que a ‘língua vulgar’.” De acordo com isto, é afirmado que o sindarin fora “a língua falada normal do povo de Elendil” (CI: 486).
Entre os próprios elfos, o sindarin se arrastou para o leste na Segunda e na Terceira Era, e eventualmente deslocaram as línguas silvestres (nandorin). “No fim da Terceira Era, os idiomas silvestres provavelmente já não eram mais falados nas duas regiões que tinham importância ao tempo da Guerra do Anel: Lórien e o reino de Thranduil na Floresta das Trevas setentrional” (CI: 289). Silvestre estava fora, o sindarin não. Certo, temos a impressão a partir de SdA1/II cap. 6 que o idioma usado em Lórien era alguma língua silvestre estranha, mas Frodo, o autor do Livro Vermelho, entendeu errado. Uma nota de rodapé no Apêndice F do SdA explica que, nos dias de Frodo, o sindarin de fato era falado em Lórien, “se bem que com ‘sotaque’, pois a maior parte de sua gente era de origem silvestre. Esse ‘sotaque’ e seu limitado conhecimento de sindarin induziram Frodo a erro (como é destacado em O Livro do Thain
Mas no final da Terceira Era, os elfos estavam desaparecendo na Terra-média, independente do idioma que falavam. O domínio dos homens mortais, a segunda leva dos Filhos de Ilúvatar, estava para começar. Tolkien observa que, ao final da Terceira Era, havia mais homens que falavam sindarin ou conheciam quenya do que elfos (Letters: 425). Quando Frodo e Sam encontraram os homens de Faramir em Ithilien, eles os escutaram falando primeiro na língua comum (westron), mas depois eles mudaram para “outro idioma próprio. Para a sua surpresa, Frodo percebeu, conforme ouvia, que estavam falando a língua élfica, ou uma outra bastante semelhante, e olhou para eles admirado, pois soube então que deveriam ser Dúnedain do sul, homens da linhagem dos Senhores do Ponente” (SdA2/IV cap. 4). Em Gondor, “o sindarin era um idioma polido adquirido e usado por aqueles de ascendência n[úmenoreana] mais pura” (Letters: 425). O mestre de ervas tagarela das Casas de Cura se referiu ao sindarin como a “língua nobre” (SdA3/V cap. 8: “vossa senhoria solicitou a folha-do-rei, como os rústicos a cha- mam, ou athelas na língua nobre, ou ainda para aqueles que conhecem um pouco da língua de Valinor [= quenya]…”).
Como o sindarin se comportou na Quarta Era nós nunca saberemos. Como o quenya, ele deve ter sido lembrado enquanto durou o reino de Gondor. em quenya puro e a forma sindarin “correta” fossem bastante sem sentido em élfico-cinzento (PM: 345). Muitas das traduções de nomes ocorreram muito cedo, antes que os noldor tivessem ordenado todas as sutilezas do sindarin – portanto os nomes resultantes “eram com freqüência imprecisos: isto é, eles nem sempre correspondiam precisamente em sentido; nem os elementos equiparados eram sempre as formas sindarin mais próximas dos elementos do quenya” (PM: 342). por um comentarista de Gondor)”. CI: 288 acrescenta a isto: “em Lórien, onde grande parte do povo era de origem sindarin, ou noldor, sobreviventes de Eregion, o sindarin tornara-se a língua de todo o povo. Agora, naturalmente não se sabe de que maneira o sindarin deles diferia das formas de Beleriand – vide SdA1 II 6, onde Frodo relata que a fala do povo silvestre, que usavam entre si, era diferente da do oeste. É provável que diferisse em pouco mais do que hoje seria popularmente chamado ‘sotaque’: principalmente diferenças nos sons das vogais e na entonação, suficientes para induzir em erro alguém que, como Frodo, não estivesse bem familiarizado com o sindarin mais puro. É evidente que também podem ter existido alguns regionalismos e outras características que decorressem em última análise da influência da antiga língua silvestre”. O sindarin padrão, sem “sotaque”, era evidentemente falado em Valfenda e entre o povo de Círdan nos Portos.

Designações do idioma

“Sindarin” é o nome em quenya deste idioma, derivado de sindar *”cinzentos” = elfos-cinzentos; ele pode ser (e é) traduzido élfico-cinzento. Como o sindarin era chamado pelo seu próprio termo não é sabido com certeza. Diz-se dos elfos em Beleriand que “seu próprio idioma era o único que eles ouviram; e eles não precisavam de palavra para distinguí-lo” (WJ: 376). Os  sindar provavelmente se referiam à sua língua simplesmente como edhellen, “élfico”. Como observado acima, o mestre de ervas das Casas de Cura se referiu ao sindarin como a “nobre língua” (enquanto que “a língua mais nobre do mundo” permanece sendo o quenya, CI: 247). No decorrer do SdA, o termo geralmente empregado é simplesmente “a língua élfica”, uma vez que o sindarin era o vernáculo vivo dos elfos.

HISTÓRIA EXTERNA

Em 1954, em Letters: 176, Tolkien observou que “o idioma vivo dos elfos ocidentais (sindarin ou élfico-cinzento) é o geralmente encontrado [no SdA], especialmente em nomes. Este é derivado de uma origem comum a ele e ao quenya, mas as mudanças foram propositadamente planejadas para lhe dar uma característica lingüística muito parecida (embora não idêntica) com o inglês-galês: porque acho esta característica, em alguns modos lingüísticos, muito atrativa; e porque ele parece se ajustar particularmente ao tipo de lendas e histórias ‘celtas’ contados por seus falantes”. Posteriormente, ele achou que “este elemento no conto talvez tenha dado a mais leitores mais prazer do que qualquer outra coisa nele” (MC: 197).
Um idioma de sonoridade galesa ou celta estava presente nos mitos de Tolkien desde o início. Este idioma era originalmente chamado gnômico ou i·lam na·ngoldathon, “a língua dos gnomos (noldor)”. O dicionário gnômico original de Tolkien, datando de por volta de 1917, foi publicado no Parma Eldalamberon #11 e mostrou-se um documento muito abrangente, com milhares de palavras. Muitas palavras gnômicas também são encontradas nos apêndices do LT1 e do LT2. Parma também publicou uma gramática gnômica (nunca completada). Mas apesar de Tolkien ter trabalhado muito neste idioma, ele foi rejeitado de fato posteriormente. Em PM: 379, em um documento tardio, Tolkien se refere ao gnômico como “o idioma élfico que no final das contas de tornou aquele do tipo chamado sindarin” e observa que ele “estava em uma forma primitiva e desorganizada”. Alguns dos conceitos centrais da gramática gnômica, em particular certas mutações de consoantes, foram posteriormente reciclados no sindarin. Alguns itens do vocabulário gnômico também sobreviveram no sindarin, imutáveis ou em formas reconhecíveis. Mesmo assim, o gnômico realmente era um idioma completamente diferente, apesar de possuir um estilo fonético um tanto parecido com o do sindarin (muitos ch‘s e th‘s, e a maioria das palavras terminando em uma consoante!) Uma característica importante do sindarin, a metafonia ou mutação de vogais, de acordo com o reportado, apareceu primeiro em gramáticas escritas por Tolkien nos anos vinte. Mas apenas nos anos trinta, com o Etimologias, um idioma realmente próximo ao sindarin do estilo do SdA surgiu nas notas de Tolkien. Este idioma foi, entretanto, chamado “noldorin”, pois, como seu predecessor gnômico, ele foi concebido como o idioma não dos sindar, mas dos noldor – desenvolvido em Valinor. Neste estágio, o quenya era visto apenas como o idioma dos “lindar” (posteriormente: vanyar). Apenas mais tarde, quando os apêndices do SdA estavam sendo escritos, é que Tolkien abandonou esta idéia, e transformou o noldorin em sindarin. O quenya agora se tornara o idioma original tanto dos vanyar como dos noldor – os últimos simplesmente adotaram o sindarin quando chegaram na Terra-média. “Aconteceu que” o idioma de sonoridade celta dos mitos de Tolkien não era, afinal, sua própria língua (apesar de que, nos anais da Terra-média, eles vieram a ser os usuários mais proeminentes dele). Ele não se originou no Reino Abençoado de Valinor, mas era uma língua nativa da Terra-média.
Na concepção anterior, os elfos nativos de Beleriand falavam um idioma chamado ilkorin, que o sindarin, com efeito, substituiu quando Tolkien fez esta revisão (Edward Kloczko argumentou que alguns elementos do ilkorin foram mantidos como um dialeto setentrional do sindarin; seu artigo está anexado ao meu próprio tratado sobre ilkorin). A decisão de Tolkien de revisar fundamentalmente a história do idioma de sonoridade celta foi provavelmente uma decisão feliz, fazendo o cenário lingüístico muito mais plausível: certamente seria difícil imaginar que os vanyar e os noldor pudessem ter desenvolvido dois idiomas obviamente tão diferentes com o quenya e o “noldorin” quando viveram lado a lado em Valinor. Transformar o “noldorin” em sindarin cuidou deste problema; agora os dois ramos de élfico poderiam se desenvolver por completo independentemente durante as longas eras nas quais seus falantes viveram em absoluta separação.
O “noldorin” do Etimologias não é inteiramente idêntico ao sindarin como este aparece no SdA, uma vez que Tolkien nunca parou de refinar e alterar seus idiomas inventados. Mas muitas das diferenças que separam o “noldorin” do sindarin no estilo do SdA felizmente são regulares, com Tolkien ajustando algum detalhes da evolução do élfico primitivo. Portanto, a maioria do material “noldorin” pode ser facilmente atualizada para concordar com o cenários lingüístico do SdA. Algumas palavras devem ser sutilmente alteradas; por exemplo, o ditongo “noldorin” oe deveria ser ae em sindarin. Um exemplo envolve Belegoer como o nome do Grande Oceano (LR: 349, 352); esta forma Tolkien posteriormente mudou para Belegaer – e assim está no mapa do Silmarillion publicado. Outra mudança tem a ver com as consoantes lh– e rh-; onde eles ocorriam em “noldorin”, muitos exemplos mostram que o sindarin deveria ter, ao invés disso, um l– e r– simples. Assim, podemos deduzir que uma palavra “noldorin” como rhoeg (“errado”, LR: 383) deveria ser raeg em sindarin – apesar da última forma não ser atestada em nenhum lugar. Foi sugerido  que o “noldorin” do Etimologias, com suas várias peculiaridades, pode ser igualado com o dialeto “um tanto estranho” que os noldor falavam em Gondolin (CI: 460). Desta maneira, poderíamos ter razão em chamá-lo de noldorin ao invés de sindarin. Contudo, também é possível que Tolkien tivesse considerado o “noldorin” completamente obsoleto pelo nível em que ele se diferenciava de sua visão tardia do sindarin.

FONOLOGIA ELEMENTAR

A fonologia do sindarin é menos restritiva do que a do quenya. Muitas encontros consonantais são permitidos em todas as posições, enquanto que encontro iniciais e finais estão virtualmente ausentes em quenya. Os sons ch (do alemão ach-Laut, e NÃO “tsh” como na palavra inglesa church) e th, dh (“th” como em think e this, respectivamente) são freqüentes. Tolkien algumas vezes usou a letra especial eth (ð) para escrever dh, e ocasionalmente também vemos a letra thorn (þ) ao invés de th. Entretanto, aqui usaremos dígrafos, como no SdA. As oclusivas mudas p, t, c nunca ocorrem após uma vogal, mas são leniza- das (ver abaixo) para b, d, g. Note que, como em quenya, o c é sempre pronunciado kCeleborn = “Keleborn”, e não “Seleborn”). No final de palavras, f é pronunciado v, como no inglês of. (Em escrita Tengwar, uma palavra como nef é na verdade escrita nev.) O r deve ser vibrante, como em espanhol, português, russo, etc. Os dígrafos rh e lh re- presentam r e lr + h ou l + h, como em Edhelharn – não surpreendente, nosso alfabeto não pode representar o sindarin adquadamente). (exemplo padrão: mudos (mas algumas vezes estas combinações podem realmente significar

O sindarin possui seis vogais, a, e, i, o, u e y, a última corresponde ao ilindo. Vogais longas são indicadas com um acento (á, é etc.), mas no caso de monossílabos tônicos, as vogais tendem a se tornarem especialmente longas e são indicadas com um circunflexo: â, êy. Para evitar grafias feias como my^l (“gaivotas”, WJ: 418), usamos aqui, ao invés disso, um acento agudo (as palavras relevantes que ocorrem neste artigo são býr, thýn, fýr, rýn, mrýg, mýl, ‘lýg e hýn – em condições ideais, estas palavras devem ter um circunflexo). Isto não é muito crítico: na escrita Tengwar, nenhuma distinção é feita entre vogais longas e super- longas; o uso de circunflexos ao invés de acentos agudos em monossílabos é meramente uma complicação extra que Tolkien introduziu na sua ortografia romana do sindarin (evidentemente para deixar bem claro como as palavras devem ser pronunciadas).

Os ditongos em sindarin incluem ai (como em caixa), ei, ui (como em cuidado) e au (como em saudade). No final de palavras, au é escrito aw. Existem também os ditongos ae e oe, sem equivalentes em português; Tolkien na verdade sugere  substitui-los por ai e oi se você não se importa com tais detalhes (realmente, algumas vezes ele anglicizou MaedhrosAe e oe são simplesmente as vogais a e o pronunciadas como uma sílaba com a vogal e (como em sete), assim como ai e oi são a e o pronunciados com i. De modo um tanto confuso, nos escritos de Tolkien o dígrafo oe é também usado às vezes um o metafônico, aparentemente o mesmo som do alemão öö neste artigo, para evitar confusão). Ao final da Terceira Era, ö havia se fundido com e (é por isso que as Montanhas Cinzentas aparecem como Ered Mithrin e não Öröd Mithrin no mapa do SdA!), mas nós ainda temos que nos referir a este som ao tratar do sindarin arcaico. português como em etc. Infelizmente, em HTML não se pode colocar um circunflexo sobre a vogal como “Maidros”, mas qualquer pessoa lendo este documento provavelmente se importa com os detalhes). (realmente preferimos a grafia

O CORPUS

Amostras importantes de sindarin no SdA incluem:

  • A saudação de Glorfindel a Aragorn: Ai na vedui Dúnadan! Mae govannen! (SdA1/I cap. 12). As primeiras palavras não são traduzidas, mas provavelmente significam *”Ah, finalmente, homem do oeste!” Mae govannen significa “feliz em te ver” (Letters: 308).
  • O grito de Glorfindel a seu cavalo: Noro lim, noro lim, Asfaloth! (mesmo capítulo). Não traduzido; significando evidente- mente *”corra rápido, corra rápido, Asfaloth!”
  • A magia de fogo de Gandalf: Naur an edraith ammen! Naur dan i ngaurhoth! A primeira parte significa literalmente, de acordo com TI: 175, “seja fogo para nossa salvação”. (Na verdade, parece não haver uma palavra significando “seja”.) A segunda parte deve significar *”fogo contra a hoste de lobisomens!” (Cf. a observação de Gandalf na manhã seguinte ao ataque dos lobos: “Era como eu temia. Estes não eram lobos comuns”.) (SdA1/II cap. 4)
  • A invocação de Gandalf diante do Portão de Moria: Annon edhellen, edro hi ammen! Fennas nogothrim, lasto beth lammen! “Portão élfico abra agora para nós; entrada do povo dos anões escute a palavra de minha língua” (SdA1/II cap. 4, traduzido em RS: 463). Uma variante anterior da invocação é encontrada em RS: 451.
  • A inscrição no próprio Portão de Moria: Ennyn Durin Aran Moria: pedo mellon a minno. Im Narvi hain echant: Celebrimbor o Eregion teithant i thiw hin. “As Portas de Durin, Senhor de Moria. Fale, amigo, e entre. Eu, Narvi, as fiz. Celebrimbor de Azevim [Eregion] desenhou estes sinais”.
  • A canção A Elbereth Gilthoniel / silivren penna míriel / o menel aglar elenath! / Na-chaered palan-díriel / o galadhremmin ennorath, / Fanuilos le linnathon / nef aear, sí nef aearon (SdA1/II cap. 1). Ela é traduzida em RGEO: 72 e significa aproximadamente, “Ó Elbereth Inflamadora, reluzindo branca, cintilando como jóias, a glória da hoste estrelada se curva. Tendo vislumbrado além das terras de árvores entrelaçadas, a ti, Semprebranca, cantarei, deste lado do mar, aqui neste lado do oceano” (minha tradução baseada na tradução entrelinhas de Tolkien). Uma variante mais antiga da canção é encontrada em RS: 394. (O hino é muito parecido com a Canção de Lúthien [não traduzida] no The Lays of BeleriandIr Ithil ammen Eruchîn / menel-vîr síla díriel / si loth a galadh lasto dîn! / A Hîr Annûn gilthoniel, le linnon im Tinúviel.)
  • O grito “inspirado” de Sam em Cirith Ungol: A Elbereth Gilthoniel o menel palan-diriel, le nallon sí di-nguruthos! A tiro nin, Fanuilos! “Ó Elbereth Inflamadora, dos céus vislumbrando ao longe, a ti eu chamo na [lit. sob] sombra da morte. Ó olhe por mim, Semprebranca!” (traduzido em Letters: 278 e RGEO: 72).
  • O louvor recebido pelos Portadores do Anel no Campo de Cormallen (SdA3/VI cap. 4): Cuio i Pheriain anann! Aglar’ni Pheriannath! … Daur a Berhael, Conin en Annûn, eglerio! … Eglerio! Isto é traduzido no Letters: 308 e significa “possam os pequenos viver longamente, glória aos pequenos… Frodo e Sam, príncipes do oeste, louvai (-os)! … Louvai (-os)!”
  • O linnod de Gilraen a Aragorn no Apêndice A do SdA: Ónen i-Estel Edain, ú-chebin estel anim, traduzido “Dei Esperança aos dúnedain; não guardei nenhuma esperança para mim”.
    Fora do SdA, a fonte mais importante – de fato, o texto em sindarin mais longo que temos, e o maior texto em prosa em qualquer língua élfica – é a Carta do Rei, uma parte do Epílogo do SdA, que Tolkien posteriormente abandonou. Ela foi finalmente publicada em SD: 128-9: Elessar Telcontar: Aragorn Arathornion Edhelharn, aran Gondor ar Hîr i Mbair Annui, anglennatha i Varanduiniant erin dolothen Ethuil, egor ben genediad Drannail erin Gwirith edwen. Ar e aníra ennas suilannad mhellyn în phain: edregol e aníra tírad i Cherdir Perhael (i sennui Panthael estathar aen) Condir i Drann, ar Meril bess dîn; ar Elanor, Meril, Glorfinniel, ar Eirien sellath dîn; arIorhael, Gelir, Cordof, ar Baravorn, ionnath dîn. A Pherhael ar am Meril suilad uin aran o Minas Tirith nelchaenen uin Echuir. (Os nomes Elessar Tel-contar estão em quenya; a tradução em sindarin de Elessar, Edhelharn [Pedra Élfica], ocorre no texto.) Esta tradução é dada em SD: 128: “Aragorn Passolargo, o Pedra Élfica [mas o texto élfico tem “Elessar Telcontar: Aragorn, filho de Arathorn, Pedra Élfica”], Rei de Gondor e Senhor das Terras Ocidentais, se aproximará da Ponte do Baranduin no oitavo dia da Primavera, ou, no Registro do Condado, o segundo dia de abril. E ele deseja saudar lá todos os seus amigos. Em especial ele deseja ver Mestre Samwise (que deve ser chamado Fullwise), Prefeito do Condado, e RosaElanor, Rosa, Cachinhos Dourados, e Margarida suas filhas; e Frodo, Merry, Pippin e Hamfast, seus filhos. A Samwise e Rosa a saudação do Rei de Minas Tirith, o trigésimo primeiro dia da Agitação [não está no texto élfico:], sendo o vigésimo terceiro de fevereiro no seu calendário”. As palavra nos parênteses (“que deve ser…”) são omitadas da tradução em SD: 128, mas cf. SD: 126. sua esposa; eOutras amostras de sindarin incluem:
  • A exclamação de Voronwë ao ver as Montanhas Circundantes ao redor do reino de Turgon: Alae! Ered en Echoriath, ered e·mbar nín!Alae [= ?contemple]! [As] montanhas de Echoriath, [as] montanhas de meu lar!” (CI: 34, traduzido em CI: 458 nota 19.)
  • Gurth an Glamhoth!, “morte à horda do alarido”, Tuor amaldiçoando os orcs em CI: 32 (cf. CI: 458).
  • O grito de guerra dos edain do norte, dado em CI: 60: Lacho calad! Drego morn! “Fulgure a luz! Fuja a noite!”
  • Uma exclamação de Húrin: Tôl acharn, “A vingança chega”, também na forma Tûl acharn (WJ: 254, 301).
  • Os nomes sindarin de certos Grandes Contos no Silmarillion, os Nern in Edenedair ou *”Contos dos Pais dos Homens”, dado em MR: 373: 1) Narn Beren ion Barahir, “Conto de Beren filho de Barahir”, também chamado Narn e·Dinúviel, “Conto do Rouxinol”. 2) Narn e·mbar Hador *”Conto da Casa de Hador” incluindo Narn i·Chîn Hurin “Conto dos Filhos de Hurin” (também chamado Narn e·’Rach Morgoth “Conto da Maldição de Morgoth”) e Narn en·Êl “Conto da Estrela” (ou Narn e·Dant Gondolin ar Orthad en·Êl, *”Conto da Queda de Gondolin e da Ascensão da Estrela”).
  • Uma frase publicada em VT41: 11: Guren bêd enni “meu coração (pensamento interior) me conta”.
  • Uma frase do assim chamado “Invólucro de Túrin”: Arphent Rían Tuorna, Man agorech?, provavelmente significando *”E Rían disse a Tuor, O que você fez?” (Compare agor “fez” em WJ: 415. O conteúdo completo do Invólucro de Túrin “logo” será publicado e discutido no Vinyar Tengwar…ou assim Carl F. Hostetter escreveu na mensagem 21.09 da TolkLang lá em 1996.)

    A ESTRUTURA DO SINDARIN

    A característica mais distintiva do sindarin como um idioma provavelmente é a sua complexa fonologia, com o élfico-cinzento freqüentemente fazendo uso de aspectos fonológicos tais como metafonia e mutações ao invés de afixos para expressar várias idéias gramaticais. Teremos que tocar em tais assuntos com freqüência na nossa tentativa de analisar a estrutura do sindarin.

    1. OS ARTIGOS

    Como o quenya, o sindarin não possui artigo indefinido como “um(ns), uma(s)” em português; a ausência de um artigo definido indica que o substantivo é indefinido: Edhel = “elfo” ou “um elfo”. O artigo definido, “o, a”, é i no singular: aran “rei”, i aran “o rei”. Estes exemplos bem podem ser quenya. Em um texto não traduzido no The Lays of Beleriand pág. 354 encontramos a expressão ir Ithil. Se isto significa *”a lua”, indicaria que o artigo assume a forma ir antes de uma palavra em i– (para evitar duas vogais idênticas em hiato).

    Diferente do quenya (e do inglês), o sindarin possui uma forma especial de plural do artigo, in. “Reis” é erain (formada a partir de aran por metafonia vocálica, ver abaixo); “os reis” é in erain.

    Tanto no singular como no plural, o artigo pode aparecer como um sufixon ou –in. Assim, a preposição na “para” se torna nan “ao, à”. Ben “no” ou mais literalmente *”de acordo com o”, uma palavra ocorrendo na Carta do Rei, parece ser uma preposição be “de acordo com” – não atestada por si mesma – com o sufixo –n para “o”. (Este be seria o cognato sindarin do quenya venu (ou no) “sob, debaixo” se torna nuin “sob o, debaixo do” (como em Dagor-nuin-Giliath “Batalha sob as Estrelas”, um nome ocorrendo no Silmarillion, capítulo 13). Quando o artigo ocorre na forma –in, ele pode desencadear mudanças fonológicas na palavra a qual ele está anexado. Or “sobre, em” se transforma em erin “sobre o, no”, a vogal i modificando o para e (via ö; “sobre o” deve ter sido örin em um estágio primitivo). A preposição o “de, desde” aparece como uin quando o artigo é sufixado, uma vez que em sindarin o oi anterior se torna ui (cf. Uilos como o cognato da palavra em quenya Oiolossë). Pode-se pensar que a desinência –in adicionada a preposições corresponderia ao artigo independente in para o plural “os, as”, de modo que palavras como erinuin seriam usadas em conjunto apenas com palavras no plural. Mas a Carta do Rei demonstra que este não é o caso; aqui encontramos estas palavras usadas juntamente com palavras no singular: erin dolothen Ethuiluin Echuir “da Agitação” (nome de mês). Presumidamente, –n e –in sufixados à preposições representam uma forma oblíqua do artigo que é usado tanto no singular como no plural. – Em alguns casos, o independente artigo normal é usado sucedendo uma preposição independente, assim como no português: cf. naur dan i ngaurhoth *”fogo contra a hoste de lobisomens” em uma das magias de fogo de Gandalf. Dan i “contra o” não é substituída por uma única palavra, isto é, alguma forma de dan “contra” com o artigo sufixado. Talvez algumas preposições apenas não possam receber um artigo sufixado, ou talvez isto seja opcional se deseja-se dizer nan ou na i(n) para “ao, à”, erin ou or i(n) para “sobre o/no/em”, uin ou o i(n) para “de/do/desde o”. Não sabemos. anexado à preposições. Este sufixo possui a forma – “como”.) A preposição ou “no oitavo [dia] da Primavera”,

    O artigo genitivo: o sindarin freqüentemente expressa relações genitivas apenas pela ordem das palavras, como Ennyn Durin “Portas (de) Durin” e Aran Moria “Senhor (de) Moria” na inscrição do Portão de Moria. Contudo, se a segunda palavra da construção for um substantivo comum e não um nome como nestes exemplos, o artigo genitivo en “de, da, do” é usado se o substantivo é definido. Cf. nomes como Haudh-en-Elleth “Monte daSilmarillion cap. 21), Cabed-en-Aras “Salto do Cervo” (CI: 145), Methed-en-Glad “Fim da Floresta” (CI: 168) ou a expressão orthad en·Êl “Ascensão da Estrela” em MR: 373. Cf. também Frodo e Sam sendo chamados de Conin en Annûn “príncipes do oeste” no Campo de Cormallen. (Este artigo genitivo às vezes assume a forma curta e; cf. Narn Dinúviel “Conto do Rouxinol”, MR: 373. Veja abaixo, na seção sobre mutações consonantais, a respeito das várias aparições deste artigo e dos ambientes nos quais elas ocorrem.) Apenas raramente o artigo singular normal i substitui e(n)– em expressões genitivas, mas na Carta do Rei temos Condir i Drann para “Prefeito do Condado”. Mas no plural, o artigo plural normal in é geralmente usado mesmo em uma construção genitiva; cf. Annon-in-Gelydh “Portão (d)os Noldor” (CI: 5), Aerlinn in Edhil *”Hino (d)os Elfos” (RGEO: 70, em escrita Tengwar). Entretanto, existem exemplos do artigo explicitamente genitivo en sendo usado também no plural: Bar-en-Nibin–Noeg “Casa dos Anões-Pequenos” (CI: 105), Haudh-en-Ndengin “Colina do Morto”, ou *”dos Mortos” (Silmarillion cap. 20). Porém, este parece ser menos comum. Donzela-elfo” (

    Em muitos casos, os artigos induzem a consoante inicial da palavra subsequente a mudar. Estas complexidades fonológicas são descritas abaixo, na seção sobre mutações consonantais. O artigo i ocasiona a lenição ou mutação suave do substantivo subsequente; veja abaixo. O nin é freqüentemente engolido em uma processo chamado mutação nasal; o n desaparece e a consoante inicial do substantivo é mudada. Por outro lado, a nasal do sufixo –n ou –in, “o(s), a(s)” anexado à preposições, aparentemente persiste – embora isto pareça ocasionar o que temporariamente chamamos de  mutação mista na palavra seguinte. final do artigo

    Os artigos também são usados como pronomes relativos; cf. Perhael (i sennui Panthael estathar aen) “Samwise (que deve ser chamado Panthael)” na Carta do Rei, ou o nome Dor Gyrth i chuinar “Terra dos Mortos que Vivem” (Letters: 417 – isto representa *Dor Gyrth in cuinar, um exemplo de mutação nasal. Dor Firn i Guinar no Silmarillion cap. 20 emprega o i no singular como um pronome relativo embora Firn seja plural; a leitura Dor Gyrth i chuinar de uma carta muito tardia (1972) é preferida).

    Irá se notar que Tolkien às vezes, mas não sempre, liga os artigos do sindarin à palavra seguinte por meio de um hífen ou um ponto. Isto aparentemente é opcional. Nesta obra, quando não citarmos as fontes diretamente, ligaremos o artigo genitivo e, en “de, do, da” à palavra seguinte por meio de um hífen (uma vez que, de outro modo, seria muito difícil diferenciar da preposição ed, e “fora de”), mas não hifenizamos os outros artigos.

    2. O SUBSTANTIVO

    Na linha do tempo fictícia, o substantivo do sindarin originalmente possuía três membros: singular, plural e dual. Contudo, nos é dito que a forma dual logo se tornou obsoleta, exceto em obras escritas (Letters: 427). Por outro lado, uma classe plural se desenvolveu, coexistindo com o plural “normal”; veja abaixo. Como na maioria dos idiomas, o singular é a forma básica, não declinada do substantivo. Tolkien observou que os plurais do sindarin “eram principalmente criados com mudanças de vogais” (RGEO: 74). Por exemplo, amon “colina” se torna emyn “colinas”; aran “rei” se torna erainman pl. men, woman pl. women (pronuncida “wimen”), goose pl. geese, mouse pl. mice etc. O inglês (assim como o português) também geralmente conta com a desinência de plural –s. Em sindarin, a situação é oposta: o truque de mudar as vogais é modo comum de se formar os plurais, e apenas algumas palavras apresentam algum tipo de desinência no plural. As regras para estas mudanças de vogais são as mesmas para substantivos e adjetivos (os últimos concordam em número), de forma que também citaremos adjetivos entre os exemplos conforme exploramos os padrões de plural do sindarin. No final das contas, as mudanças de vogais remetem ao fenômeno da metafonia. A metafonia (em origem um termo alemão significando literalmente algo como “som modificado”) é uma característica importante da fonologia do sindarin; o termo sindarin para este fenômeno é prestanneth, significando distúrbio ou afeição. Isto tem a ver com uma vogal “afetar” outra vogal na mesma palavra, tornando-a mais parecida com ela mesma, em termos lingüísticos, assimilando-a. À metafonia relevante para a formação do plural, Tolkien se referiu como “afeição-i” (WJ: 376), uma vez que foi uma vogal i que originalmente ocasionou isto. Tolkien imaginou que o idioma élfico primitivo tinha uma desinência de plural *-î, ainda presente no quenya como –i (como em quendi, Atani, teleri etc). Esta desinência como talfang “barba” (como em Fangorn “Barbárvore”) é feng, isto ocorre porque o a foi afetado pela antiga desinência de plural *-î, –i enquanto que a última ainda estava presente. Na forma mais primitiva de élfico, a palavra para “barba” aparecia como spangâ, plural spangâi; no estágio em que chamamos de sindarin antigo, ela havia se tornado sphanga pl. sphangi. A última rendeu o “clássico” sindarin fang, mas o plural sphangi se tornou feng, a vogal original a levada em direção à qualidade da desinência de plural –i antes que a desinência fosse perdida – e assim na forma posterior de plural feng temos o e como um tipo de acordo entre (a vogal original) a e (a desinência perdida) i. (Pode ser que houvesse um estágio intermediário que tivesse ei, assim ?feing.) “reis”. As consoantes permanecem as mesmas, mas as vogais mudam. Existem alguns substantivos em inglês que formam seu plurais se maneira similar: não sobreviveu no sindarin, mas existem traços evidentes de sua presença anterior, e estes “traços” se tornaram o indicador de pluralidade no élfico-cinzento. Quando a forma plural de, digamos,

    PADRÕES DE PLURAL DO SINDARIN

    Quando “afetadas” ou “mutadas”, as várias vogais e ditongos passam por diferentes mudanças. O ambiente preciso e a história fonológica devem às vezes ser levados em conta para determinar como a palavra apareceria no plural. Listaremos as vogais por suas formas “normais” ou não afetadas.

  • A vogal A: um a ocorrendo na última sílaba de uma palavra geralmente se transforma em ai no plural. Isto também se aplica quando a última sílaba também é a única sílaba, isto é, a palavra é monosilábica (em tais palavras geralmente vemos um â longo). O exemplo que usamos acima, fang pl. feng ao invés de **faing, é um tanto atípico (veja abaixo); de outra forma, este padrão é bem atestado:

    tâl “pé”, pl. tail (singular em LR: 390 s.v. TAL; o plural tail é atestado na forma lenizada –dail na palavra composta tad-dail “bípedes” em WJ: 388)
    cant “forma”, pl. caint
    (singular em LR: 362 s.v. KAT; para a forma pl. cf. morchaint = “formas negras, sombras” no Apêndice do Silmarillion [entrada gwath, wath]; isto é mor “negro” + caint “formas”, o c aqui se tornando ch por razões fonológicas)
    rach “carroça”, pl. raich
    (cf. Imrath Gondraich “Vale das Carroças de Pedra” em CI: 422)
    barad “torre”, pl. beraid
    (Apêndice do Silmarillion, entrada barad)
    lavan “animal”, pl. levain
    (WJ: 416)
    aran “rei”, pl. erain
    (LR: 360 s.v. 3AR)

    NOTA: no “noldorin” do Etimologias, a em uma sílaba final freqüentemente surge como ei. Assim, temos adar “pai” pl. edeir (entrada ATA), Balan “Vala” pl. Belein (BAL), habad “costa” pl. hebeid (SKYAP), nawag “anão” pl. neweig (NAUK), talaf “solo, chão, assoalho” pl. teleif (TAL). A mesma coisa em monossílabos: dân “elfo nandorin”, pl. dein (NDAN), mâl “pólen” pl. meil (SMAL), pân “tábua” pl. pein (PAN), tâl “pé” pl. teil (TAL). Mas como demonstrado acima,a forma plural de tâl se tornou tail no sindarin tardio de Tolkien (forma lenizada –dail em tad-dail em WJ: 388). De modo parecido, o plural sindarin de adar é visto ser, não edeir como no Etimologias, mas edair (como em Edenedair “Pais dos Homens”, MR: 373 – esta é uma fonte pós-SdA). O Apêndice do Silmarillion, entrada val-, também confirma que em sindarin a forma plural de Balan “Vala” é Belain, e não Belein como no Etimologias. Parece que em todos os exemplos recém listados, devemos ler ai em sindarin para o ei “noldorin” nas formas plurais. Em pelo menos um caso, evidências do Etimologias concordam com os padrões observados em sindarin tardio: o exemplo já citado aran “rei” pl. erain (e não *erein) na entrada 3AR. (Para erain como o plural sindarin, compare com o nome Fornost Erain “Cidadela do Norte dos Reis” ocorrendo em SdA3/VI cap. 7.) Interessantemente, Christopher Tolkien observa que no Etimologias, o grupo de entradas ao qual 3AR pertence foi “riscado e substituído de forma mais legível” (LR: 360). Talvez isto tenha ocorrido após seu pai ter revisado os padrões de plural que de outra forma persistiam no Etim. PM: 31, reproduzindo um rascunho de um Apêndice do SdA, mostra Tolkien mudando o plural de Dúnadan de Dúnedein para Dúnedain. Parece que os plurais mais antigos do “noldorin” em ei não são conceitualmente obsoletos; eles podem ser vistos como sindarin arcaico: em certo ambientes, a mudança ei > ai ocorreu também dentro da história imaginada, de modo que Dúnedain realmente poderia ter sido Dúnedein em um estágio primitivo. Parece que Tolkien decidiu que ei na última sílaba de uma palavra (isto também vale para monossílabas) se tornou ai, mas fora isso permaneceu ei. Assim, temos teithant para “desenhou” (ou *”escreveu”) na inscrição do Portão de Moria, e este teith– é relacionado ao segundo elemento –deith da palavra andeith “sinal longo” (um símbolo usado para indicar vogais longas na escrita, LR: 391 s.v. TEK). Ainda assim a palavra andeith do Etimologias aparece como andaith no Apêndice E do SdA, visto que ei aqui estava em uma sílaba final. Teithant não poderia se tornar **taithant porque ei aqui não está em uma última sílaba. Outras palavras confirmam este padrão. Como indicado acima, o plural normal de aran é erain, mas erein– é visto no nome Ereinion “Descendente de Reis” (um nome de Gil-galad, PM: 347/CI: 542). Evidentemente a forma plural era erein em sindarin arcaico, posteriormente se tornando erain porque ei mudou para ai em sílabas finais, mas em uma palavra composta como Ereinion, o ditongo ei não estava em uma sílaba final e permaneceu inalterado.Em palavras de uma determinada forma, o a na última (ou única) sílaba se e ao invés de ai. Nas formas de plural, o a a princípio pode ter se tornado ei como de costume, mas então o elemento final do ditongo foi evidentemente perdido (antes que o ei se transformasse em ai) deixando apenas o e que simplesmente permaneceu inalterado posteriormente. MR: 373 indica que a forma plural de narn “conto” é nern, e não **nairnneirn, embora a última possa ter ocorrido em um estágio mais primitivo. Parece que também temos e ao invés de ei/ai antes de ng; o Etimologias fornece o exemplo Anfang pl. Enfeng (e não **Enfaing) para “Barbas-longas”, um dos clãs dos anões (LR: 387 s.v. SPÁNAG). WJ: 10, reproduzindo uma fonte pós- SdA, confirma que o plural Enfeng ainda era válido no sindarin tardio de Tolkien. Seguindo o exemplo de fang “barba” pl. feng, pereceria que os plurais de palavras como lang “espada, cutelo” (para o “noldorin” lhang, LR: 367), tang “corda de arco” ou thangleng, teng e theng. ou ** “necessidade” deveriam ser

    NOTA: No Etimologias, existem exemplos adicionais de plurais “noldorin” onde o a em uma sílaba final se torna e ao invés de ai ou ei. Temos adab “construção, edificação” pl. edeb (TAK), adar “pai” pl. eder além de edeir (ATA), Balan “Vala” pl. Belen além de Belein (BAL), falas “praia, costa” pl. feles (PHAL/PHALAS), nawag “anão” pl. neweg além de neweig (NAUK), rhofal “asa (grande)” pl. rhofel (RAM) e salab “erva” pl. seleb (SALÂK-WÊ). Entretanto, no caso dessas palavras parece haver pouca razão para se acreditar que os plurais –e ainda seriam válidos no sindarin tardio de Tolkien. Pelo menos dois destes plurais “noldorin” – eder e Belen – entram em conflito com os plurais sindarin atestados edair e Belain. Parece, então, que podemos nos sentir livres para também substituir edeb, feles, neweg, rhofel, seleb pelas palavras em sindarin edaib, felais, newaig, rovail, selaib, apesar das últimas formas não serem diretamente atestadas (note que a palavra “noldorin” rhofal “asa”, pl. rhofel, deve se tornar roval pl. rovail se introduzirmos a fonologia e grafia do sindarin). – Outro caso “noldorin” de um plural a > e é rhanc “braço” pl. rhenc (RAK). O singular deve se tornar ranc se o atualizarmos para o estilo de sindarin do SdA, mas o plural deve ser renc ou rainc? O exemplo em sindarin cant “forma” pl. caint (ver acima) parece indicar que a antes de um encontro constituído de n + uma oclusiva muda se torna ai no plural; assim “braços” provavelmente deve ser rainc em sindarin.

    Em pelo menos uma palavra, o ei mais primitivo permanece inalterado e não se transforma em ai mesmo se ocorrer em uma sílaba final. De acordo com CI: 299, a forma plural de alph “cisne” é eilph; parece que eil. (Anteriormente, no “noldorin” do Etimologias, a palavra para “cisne” era escrita alf, e seu plural era dado como elf: LR: 348 s.v. ÁLAK; para a forma no plural, cf. hobas in Elf *”Porto dos Cisnes” em LR: 364 s.v. KHOP) De acordo com o exemplo eilph, o plural sindarin de lalf “olmo” provavelmente deveria ser leilf, embora o plural “noldorin” listado no Etimologias fosse lelf (LR: 348 s.v. ÁLAM). é inalterado antes de um encontro consonantal começando em

    Em uma sílaba que não seja final, a se torna e em formas de plural, como é visto em alguns dos exemplos já citados: aran “rei”, pl. erain; amonemyn; lavan “animal”, pl. levain. Isto não vale apenas para a vogal em uma penúltima sílaba como nestes exemplos; também pode ser aplicado a uma palavra mais longa, o a em qualquer sílaba que não seja final se transformando em e. Isto acontece mesmo quando a ocorre várias vezes: de acordo com WJ: 387, a palavra Aphadon “Seguidor” se torna Ephedyn no plural. LR: 391 s.v. TÁWAR indica que o adjetivo tawaren “de madeira” possui a forma de plural tewerin. Em MR: 373 temos Edenedairpara “Pais dos Homens”, o plural da palavra composta Adanadar “Pai- homem” (adan “homem” + adar “pai”). Aqui vemos o aai, mas em todas as três sílabas que não são finais, a se torna e. É claro, o plural de adan seria edain (bem atestado) se a palavra ocorresse sozinha, uma vez que o segundo aAdanadar ele não está, e por isso vemos Eden– no plural.
    “colina”, pl. na última sílaba se tornando estaria então na última sílaba. Mas na palavra composta

  • A vogal E: no que diz respeito a esta vogal, felizmente parece haver concordância entre o sindarin maduro de Tolkien e a maioria do material mais primitivo do Etimologias. O comportamento desta vogal é bem simples. Na última sílaba de uma palavra, e se transforma em i:

    edhel “elfo”, pl. edhil (WJ: 364, 377; cf. “noldorin” eledh pl. elidh em LR: 356 s.v. ELED)
    ereg “azevinho”, pl. erig
    (LR: 356 s.v. ERÉK)
    laegel “elfo-verde”, pl. laegil
    (WJ: 385)
    lalven “olmo”, pl. lelvin
    ( LR: 348 s.v. ÁLAM)
    malen “amarelo”, pl. melin
    (LR: 386 s.v. SMAL)

    Isto também se aplica a monossílabas, onde a sílaba final também é a única sílaba:

    certh “runa”, pl. cirth (WJ: 396)
    telch “haste”, pl. tilch
    (LR: 391 s.v. TÉLEK)

    No caso de um ê longo, também encontramos î longo no plural:

    hên “criança”, pl. hîn (WJ: 403)
    têw “letra”, pl. tîw
    (WJ: 396)

    LR: 363 s.v. KEM lista a palavra cef “solo”, pl. ceif; ambas as formas são um tanto estranhos. Se regularizarmos isto do “noldorin” para o sindarin, provavelmente seria melhor lido cêf (com uma vogal longa), pl. cîf. Se há outro i imediatamente antes do e na última sílaba, este grupo iei no plural: simplesmente se torna

    miniel “minya” (elfo do Primeiro Clã), pl. Mínil (WJ: 383 – talvez o i na primeira sílaba seja alongado para í para de alguma forma compensar pelo fato de que a palavra é reduzida de três para suas sílabas no plural? Porém, isto não acontece em casos comparáveis no “noldorin” do Etimologias – ex: mirion “silmaril” pl. miruin, e não ?Míruin, em LR: 373 s.v. MIR)

    Em sílabas que não são finais, o e é inalterado no plural, como pode ser visto a partir dos exemplos eledh pl. elidh e ereg pl. erig citados acima.

  • A vogal I: há apenas uma coisa a se dizer sobre esta vogal: no plural ela não muda, mesmo ocorrendo em uma sílaba final ou não. (Para exemplos da última, cf. ithron “mago” pl. ithryn em CI: 428, ou glinnelglinnil em WJ: 378.) Afinal, as mudanças de vogais vistas nos plurais do sindarin se devem definitivamente á afeição-i, a desinência de plural –i do sindarin antigo deixando as vogais do substantivo ao qual é adicionada mais parecidas com ela mesma antes que a desinência fosse perdida. Mas onde uma das vogais de tal palavra é i, ela obviamente não pode se tornar mais parecida com o –i que constituiu a desinência de plural simplesmente porque, para começar, ela já era 100 % i. A forma sindarin de silmaril, silevril, é vista abrangendo tanto o singular como o plural: o singular é listado em LR: 383 s.v. RIL, mas em LR: 202 e MR: 200 temos Pennas Silevril como o equivalente do quenya Quenta Silmarillion, a História das Silmarils (plural!) Outro exemplo aparente de uma palavra que é inalterada no plural é encontrado em WJ: 149, onde temos Amon Ethir para “Colina dos Espiões”. A palavra ethirTIR– “observar” (LR: 394, embora esta palavra como tal não seja mencionada lá). Podemos estar bem certos de que o singular “espião” também é ethir. Apenas o contexto pode determinar se esta palavra está no singular ou plural, como também seria o caso com uma série de outras palavras do sindarin (ex: dîs “noiva” ou sigil “adaga”). Contudo, uma vez que os sindarin possui distintos artigos definidos de singular e plural, você pode diferenciar (por exemplo) “o espião” de “os espiões” – evidentemente i ethir vs. in ethir. Além disso, você pode adicionar a desinência de plural coletiva –ath a qualquer substantivo, e ela talvez seria usada mais freqüentemente no caso de palavras que de outra forma não teriam formas de plural distintas.
    “elfo do Terceiro Clã” pl. “espiões” é sem dúvida deriva a partir do radical
  • A vogal O: na última sílaba de uma palavra (sendo ela ou não também a única sílaba), o se torna y no plural; o ó logo, da mesma forma, se torna ý longo:

    orch “orc, goblin” pl. yrch (LR: 379 s.v. ÓROK)
    toll “ilha” pl. tyll
    (LR: 394 s.v. TOL2)
    bór “pessoas de confiança” pl. býr
    (e assim em LR: 353 s.v. BOR; de acordo com a grafia do estilo do SdA, o acento deveria ser um circunflexo tanto no sg. como no pl., uma vez que estas palavras são monossilábicas)
    amon “colina” pl. emyn
    (LR: 348 s.v. AM1)
    annon “grande portão” pl. ennyn
    (LR: 348 s.v. AD)

    No caso amon, o Etimologias também lista emuin como uma forma plural possível; devemos evidentemente supor que esta é uma forma mais antiga, com o ditongo ui se tornando y em um estágio mais tardio. (Também podemos concluir que, quando LR: 152 menciona “peringiul” como o pl. de peringol “meio-gnomo”, esta certamente é uma leitura errada para peringuil – Christopher Tolkien descreve a passagem em questão como “escrita apressadamente”, tendendo a ser mal interpretada. A forma tardia, não atestada, seria peringyl.) Se há um i antes do o na última sílaba, o que seria “iy” no plural é simplificado para y: assim temos thelyn como o pl. de thali- on “herói” (LR: 388 s.v. STÁLAG). Miruin como o pl. de mirion “silmaril” (LR: 373 s.v. MIR) deve ser vista como uma forma arcaica. Podemos supor que thelyntheluin e que miruin posteriormente se tornou miryn; os plurais-y são preferidos no estilo de sindarin do SdA. foi em um estágio mais primitivo

    NOTA: todos os exemplos acima são tirados do Etimologias, mas os plurais yrch, emyn e ennyn também são atestadas no SdA. Para um exemplo perfeitamente sindarin, cf. ithron “mago” pl. ithryn (CI: 428, reproduzindo uma fonte pós-SdA). Contudo, no “noldorin” do Etimologias, existem também exemplos de o em uma sílaba final se comportando de um modo muito diferente; em outras palavras, se tornando öi (no Etim escrito “oei”) no plural. Este öi por sua vez se tornou ei quando todos os ö‘s se transformaram em e‘s. Assim, na entrada ÑGOL o pl. de golodh “noldo” é listado tanto como gölöidh (“goeloeidh”) quanto geleidh – evidentemente pretendido como uma forma mais antiga e uma posterior. Em outros casos apenas a última forma em ei é listada: gwador “irmão de juramento” pl. gwedeir (TOR), orod “montanha” pl. ereid (ÓROT), thoron “águia” pl. therein (THOR/THORON). Entretanto, parece haver pouca razão para se supor que estas formas seriam válidas no estilo de sindarin do SdA: em dois destes casos, ereid e gölöidh/geleidh, os plurais correspondentes em sindarin são atestados, apresentando y ao invés de ei: a saber, eryd “montanhas” e gelydh “noldor” (cf. Eryd Engrin “Montanhas de Ferro” em WJ: 6 e Annon-in-Gelydh “Portão dos Noldor” no glossário do Silmarillion, entrada Golodhrim – em WJ: 364 o pl. de golodh é dado como “goelydh” = gölydh, mas esta é meramente uma forma arcaica de gelydh). Levando em consideração estes exem- plos, podemos nos sentir livres para atualizar os plurais “noldorin” gwedeir “irmãos” e therein “águias” para sindarin gwedyr, theryn (thöryn arcaico). No Etimologias também há dois exemplos de o na última sílaba de palavras se tornando e ao invés de y no plural: doron “carvalho” pl. deren (DÓRON) e orod “montanha” pl. ered além de ereid (ÓROT). O plural ered ainda é válido em sindarin tardio, competindo com eryd (veja as muitas variantes listadas no glossário do The War of the Jewels; ex: Eryd Engrin além de Ered Engrin, WJ: 440). Parece que ered não é geralmente usada como uma palavra independente para “montanhas” – que provavelmente deveria ser apenas eryd – mas ered pode ser usada quando a palavra é o primeiro elemento em um nome de várias partes; assim, Ered Engrin é uma alternativa válida para Eryd Engrin. Em Letters: 224, Tolkien dá enyd como o pl. de onod “ent”, mas nota também que ened pode ser uma forma usada em Gondor. Talvez, então, os gondorianos tendessem a usar ered ao invés de eryd como o pl. de orod, mas não há dúvida de que eryd é a forma sindarin regular. Deren como o pl. de doron “carvalho” pode ser vista no mesmo contexto; apesar do plural sindarin regular deryn não ser atestado, ele talvez seja preferido.

    Em uma sílaba que não seja final, a vogal o geralmente se torna e no plural: alchoron “elfo ilkorin”, pl. Elcheryn (LR: 367 s.v. LA). Tal e era ögolodh “noldo”, pl. gelydh para o mais primitivo gölydh; ver referências na nota acima). Outro exemplo é nogoth “anão”; em WJ: 388 o plural é dado como nögyth (“noegyth”), mas em WJ: 338 temos Athrad-i-Negyth para “Vau dos Anões”. Não há discrepância real; nögyth é simplesmente a forma arcaica que posteriormente se tornou negyth. No estilo de sindarin do SdA, preferiríamos ps plurais negyth e gelydh; cf. também Tolkien mencionando enyd como o plural de onodönyd.) em sindarin arcaico (ex: “ent” em Letters: 224. (O plural arcaico, não mencionado em lugar algum, seria

    Existem, entretanto, algumas palavras onde o ou ó em uma sílaba que não seja final não se torna (ö >) e nas formas de plural. Isto se dá quando o representa A mais primitivo; o desenvolvimento é aproximadamente â > au > o. Um exemplo é Rodon “Vala” pl. Rodyn ao invés de **Rödyn > **Redin (MR: 200 possui Dor-Rodyn para a palavra em quenya Valinor = “Terra dos Valar”; parece que Rodyn é uma alternativa para Belain como a palavra em sindarin para “Valar”; ainda foi sugerido que Rodyn subtituiu Belain na concepção de Tolkien). A primeira sílaba de Rodyn evidentemente possui a mesma origem da sílaba do meio –rat– em Aratar, o termo em quenya para alguns dos Valar supremos. Um o representando A mais primitivo não está sujeito à afeição-i. Compare ódhel “elfo que partiu da Terra-média” pl. ódhil em WJ: 364, este ó longo representando aw mais primitivo (a forma primitiva de ódhelaw(a)delo, literalmente “que vai longe”). A forma tardia gó-dhel (influenciada por golodh “noldo”) possuía do mesmo modo a forma plural gódhil: apesar da influência de golodh pl. gelydh, nenhuma forma **gédhil surgiu. Estes exemplos vêm do sindarin pós-SdA, mas a mesma coisa já é encontrada no “noldorin” do Etimologias. O exemplo rhofal “asa grande” pl. rhofel na entrada RAM (LR: 382), onde a forma sing. primitiva é dada como râmalê, confirma que o a partir de â (via au) não está sujeito à afeição-i. Como mencionado acima, a palavra “noldorin” rhofal pl. rhofelroval pl. rovail se atualizarmos as formas para o estilo de grafia e fonologia do SdA – roval é na verdade atestada no SdA como parte do nome da águia Landroval – mas este oe no plural (**revail sendo impossível por causa da história fonológica).
    é citada como deve se tornar a palavra em sindarin ainda não deve se tornar

  • A vogal U: u curto, se em uma sílaba final ou não, no plural se torna y, como indicado pelo exemplo tulus “choupo”, pl. tylys (LR: 395 s.v. TYUL). Contudo, û longo em uma sílaba final (ou em uma monossíla) se torna, ao invés disso, ui; assim, o adjetivo dûr “escuro” (como em Barad-dûrduir quando modificando uma palavra no plural em uma expressão como Emyn Duir “Montanhas Escuras” (CI: 485).
    “Torre Escura”) aparece como
  • NOTA: O plural da palavra “arco” provavelmente seria cui, aparentemente de acordo com o padrão esboçado acima. Mas, na verdade, cui representaria o plural mais antigo ku3i (ou kuhi), uma vez que o radical é KU3 (LR: 365). O som primitivo que Tolkien reconstruiu de várias maneiras como h ou 3 (a última = g fricativo) desapareceu no sindarin clássico, de modo que o uhi mais antigo se tornaria ui.
  • A vogal Y: até onde podemos imaginar, esta vogal (longa ou curta) não pode mudar no plural. Uma palavra ylf “recipiente de bebida” (WJ: 416) com toda probabilidade também abrange o plural “recipientes de bebida”; simplesmente não há nada que a metafonia possa “fazer” com tal vogal, assim como ela não pode mudar a vogal i. Carecemos de qualquer exemplo explícito de uma palavra com a vogal y ocorrendo tanto no singular como no plural, mas em WJ: 418 encontramos Bar-i(n)-Mýl para “Casa das Gaivotas”. Provavelmente a palavra para “gaivota” também é mýl no singular (este seria o caso se ela fosse derivada do radical MIWmaiwë e “noldorin” maew, claramente reflete um radical infixado-a *MAIW-).
    “queixar” em LR: 373, apesar de uma palavra “noldorin” muito diferente para “gaivota” seja dada lá – muito diferente porque as formas listadas aqui, quenya
  • O ditongo AU: no “noldorin” do Etimologias, palavras contendo este ditongo são vistas possuindo formas plurais em ui:

    gwaun “ganso”, pl. guin (LR: 397 s.v. WA-N)
    naw “idéia”, pl. nui (LR: 378 s.v. NOWO)
    rhaw “leão”, pl. rhui (LR: 383 s.v. RAW)
    saw “caldo”, pl. sui (LR: 385 s.v. SAB)
    thaun “pinheiro”, pl. thuin (LR: 392 s.v. THÔN)

    Contudo, parece que esta é uma característica do “noldorin” que não sobreviveu no sindarin tardio de Tolkien: em CI: 464 temos nibin-noegnaug (cf. naugrim como um nome da raça anã, encontrado no Silmarillion). Desso modo, em sindarin, au se transforma em oe no plural. Nas formas plurais das palavras “noldorin” listadas acima, deveríamos aparentemente ler oe ao invés de ui se o atualizarmos posteriormente para o sindarin. (a palavra “noldorin” rhaw pl. rhui se tornaria em sindarin raw pl. roe, mas thaun “pinheiro” Tolkien aparentmente mudou para thôn em sindarin; cf. Barbárvore cantando sobre Dorthonion e Orod-na-Thôn em SdA2/III cap. 4; o glossário do Silmarillion explica que Dorthonion significa “Terra dos Pinheiros”. No Etimologias, thôn havia sido uma palavra “ilkorin”. O pl. de thôn como uma palavra sindarin é presumidamente thýn.) como um nome dos anões-pequenos, e o último elemento é obviamente uma forma plural deNOTA: O ditongo au, quando ocorre em uma sílaba sem ênfase no segundo elemento de uma palavra composta, é freqüentemente reduzida para o, mas aparentemente ele ainda se torna oe no plural. Assim, a forma plural de uma palavra como balrog “demônio de força” (onde a parte –rog representa raug “demônio”) presumidamente é belroeg – a menos que a analogia prevalessesse para produzir ?belryg.

  • Outros ditongos: na maior parte carecemos de exemplos completamente bons, mas se a nossa compreensão da fonologia geral do sindarin for testada, os ditongos ae, ai, ei e ui geralmente não mudam no plural (exceto pelo ai que em uma categoria especial de palavras geralmente se torna o plural î; veja abaixo). Como no caso das vogais i e y, não há muito o que a metafonia possa “fazer” com estes ditongos, de modo que uma palavra como aew “pássaro” provavelmente também abrange “pássaros”. Para o ditongo ui, pelo menos, temos exemplos atestados: o adjetivo “azul” é visto como luin tanto no singular como no plural (ver nota abaixo). O numerosos adjetivos em –ui também parecem ficar inalterados no plural; na Carta do Rei temos i Mbair Annui para “as Terras Ocidentais”, onde o adjetivo annui “ocidental” deve estar no plural para concordar com “terras”. Infelizmente este adjetivo não é atestado de outra forma, mas não há qualquer razão para acreditar que sua forma sin- gular seria diferente (compare annûn “oeste” – e como observado acima, existem muitos outros adjetivos em –ui).
    Plurais-ai especiais
    Como indicado acima, parece que o ditongo ai geralmente permanece inalterado no plural. Contudo, em um pequeno grupo de palavras, ai se torna ou i (geralmente î longo) ou mais raramente ý no plural. Por exemplo, a forma plural do substantivo fair “homem mortal” é dada como fîr (WJ: 387, onde o sg. fair é citado na forma arcaica feir). As formas plurais em î (i) ocorrem onde ai na forma singular por fim surge de i ou ey posteriormente em uma palavra. O exemplo recém citado, fair ou feir arcaico, vem de uma forma do sindarin antigo parecida com o cognato em quenya firya (em sindarin antigo tardio talvez firia; ver skhalia– na lista de palavras anexada ao artigo sobre sindarin antigo). Devemos supor que outras palavras compartilhando uma história fonológica parecida formariam seus plurais de maneira similar, embora em muitos casos estes plurais não são explicitamente mencionados no material publicado de Tolkien. Os substantivos e adjetivos em questão são cai “cerca” (pl. ), cair “navio” (pl. cîr), fair “homem mortal” (pl. fîr), gwain “novo” (pl. gwîn), lhain “magro, fino” (pl. lhîn), mail “querido” (pl. mîl) e paich “caldo, xarope” (pl. pich, note o i curto). A palavra “noldorin” sein “novo” pl. sîn (LR: 385 s.v. SI) poderia se tornar em sindarin sain pl. sîn, mas parece que Tolkien mudou a palavra sindarin para “novo” para gwain pl. gwîn como recém listado (note que a mesma entrada no Etimologias que fornece a palavra noldorin sein também apresenta sinyavinya – aparentemnte o cognato de gwain).
    sendo influenciados por como a palavra correspondente em quenya para “novo”, mas em fontes tardias, o adjetivo em quenya “novo” éNOTA: Em “noldorin”, lhain pl. lhîn apareceu como thlein pl. thlîn, a forma (sg.) primitiva sendo citada como slinyâ (LR: 386 s.v. SLIN). Uma revisão que separa o “noldorin” do sindarin é a de que, enquanto o sl– inicial primitivo se tornou thl– em noldorin, ele se torna lh– em sindarin. Modificamos a palavra de acordo com a fonologia revisada de Tolkien. Thlein pode ser mais diretamente adaptada como lhein, mas tal forma seria arcaica nos dias de Frodo, a forma atual sendo, ao invés disso, lhain. De maneira parecida, paich “caldo, xarope” na verdade aparece como peich no Etimologias (LR: 382 s.v. PIS); esta forma “noldorin” não é conceitualmente obsoleta, mas pode ser vista como sindarin arcaico. Este também é o caso de ceir “navio” (LR: 365 s.v. KIR); a forma cair no estilo de sindarin do SdA é atestada (cf. a nota de rodapé no Apêndice A do SdA explicando que Cair Andros significa “Navio da Espuma Longa”; ver também PM: 371). – A palavra cair fornece um exemplo de outra propriedade peculiar deste grupo de palavras: quando eles ocorrem como o primeiro elemento em palavras compostas, ai é reduzido para í-, como no nome Círdan “Armador”. Contudo, ai permanece inalterado se tal palavra é o elemento final de uma palavra composta; assim gwain “novo” aparece como –wain no nome sindarin do mês de janeiro, Narwain (evidentemente significando “Sol Novo” ou “Fogo Novo”; compare com a palavra em quenya Narvinyë).

    Em três palavras, onde ai representa ei do ainda mais antigo öi (escrito “oei” por Tolkien), as formas de plural provavelmente deveriam mostrar a vogal y, ý, embora careçamos de confirmação explícita nos papéis de Tolkien publicados. Esta teoria é baseada no fato de que a primeira parte do ditongo arcaico öi representa o ou u no radical original, e o produto metafônico destas vogais é y, assim como em casos onde o som mais antigo da vogal ainda sobrevive em sindarin (como em orch “orc” pl. yrch). As palavras em questão são 1) fair adj. “direito” ou substantivo “mão direita” (pl. fýr, radical PHOR, cf. a palavra em quenya forya), 2) rainrýn, radical RUN, cf. a palavra em quenya runya) e 3) a palavra relacionada tellain “sola do pé” (pl. tellyn, uma vez que o elemento final –lain é na verdade assimilado de rain < runya, cf. a forma arcaica talrunya citada em LR: 390 s.v. TAL, TALAM). No “noldorin” do Etimologias, estas palavras aparecem como feir (a forma mais antiga “foeir” = föir também é mencionada), rein (röin mais antiga) e tellein (a forma mais antiga tellöin não mencionada mas claramente entendida). Note que, enquanto fair pode significar tanto “(mão) direita” como “homem mortal”, as derivações diferentes criam plurais distintos: fýr no primeiro caso e fîr no último. “rastro, pegada” (pl.

    Monossílabos posteriormente se tornando polissílabos
    (mas talvez ainda se comportando como monosílabos para o propósito da formação do plural)
    Isto é algo que não é diretamente mencionado nas obras publicadas de Tolkien, mas por outro lado quase nada de seus escritos gramaticais está disponível para nós. Entretanto, nosso entendimento geral da evolução do élfico-cinzento parece sugerir fortemente que certos grupos de substantivos se comportariam de maneiras um tanto inesperadas no plural – embora isto seja perfeitamente justificado quando a história fonológica fundamental é levada em consideração.

    Uma importante mudança que ocorreu na evolução do sindarin foi a de que as vogais finais foram perdidas. Assim, a palavra antiga ndakrondakr. Em sindarin primitivo, esta palavra apareceu como dagr. Outro exemplo é makla “palavra” posteriormente aparecendo como makl, e em sindarin primitivo magl. Devemos supor que o plural de palavras como dagr e magl era formado conforme o mesmo padrão de outros monossílabos de forma comparável, como alph “cisne”, pl. eilph. Portanto, os plurais “batalhas” e “espadas” presumivelmente seriam deigr, meigl (isto seria antes de ei em uma sílaba final geralmente se tornar ai). “batalha” posteriormente se tornou

    O que complica isso é que palavra como dagr e magl foram eventualmente modificadas. O r e l finais vieram a constituir uma sílaba separada, de modo que, por exemplo, magl era pronunciada mag-l assim como a palavra inglesa “eagle” é pronunciada eeg-l. Posteriormente, estas consoantes silábicas se transformaram em sílabas normais completas conforme a vogal o se desenvolvia antes delas: dagr (dag-r) se transformou em dagor e magl (mag-l) se tornou magol. (Casualmente, a última palavra aparentemente era freqüentemente substituída por megil, que deve ser uma forma adaptada da palavra em quenya para “espada”, que é macil.) Os plurais deigr e meigl presumivelmente passariam pelo mesmo processo para se tornarem deigor e meigol (e a mudança tardia eiai em sílabas finais nunca ocorreria simplesmente porque ei não estavadagor e magol deveriam ter suas formas de plural degyr e megyl, uma vez que o o na última sílaba normalmente se torna y no plural (ex: amonemyn “colinas”). Mas em casos como dagor ou magol, o o foi inserido relativamente tarde e parece ser mais novo do que a metafonia oy; assim, tais o‘s recentemente desenvolvidos permaneceriam – presumidamente – intocados pela metafonia. Se Tolkien não imaginou que o nivelamento análogo faria desaparecer estas “irregularidades”, todas as palavras de duas sílabas onde a segunda sílaba contém um oainda devem ser tratadas como monossílabas até o ponto em que a formação de plural está relacionada. O o deve ser deixado sozinho e a vogal na “penúltima” sílaba deve ser tratada como se fosse a vogal na última sílaba, que é precisamente o que ela costumava ser. > mais na última sílaba). De um ponto de vista sincrônico, isto resulta no que parecem ser irregularidades: geralmente, palavras no singular como “colina” vs. > desenvolvido de forma secundária

    Os adjetivos e substantivos em questão: badhor “juiz” (pl. beidhor se a teoria se sustenta – de outra forma, seria bedhyr análogo), bragolbreigol; este adjetivo também aparece como bregol, pl. presumidamente brigol), dagor “batalha” (pl. deigor), glamorgleimor), hador “arremessador, atirador” (pl. heidor), hatholheithol), idhor “consideração” (inalterado no pl.; felizmente, um substantivo com este significado geralmente não exigirá uma forma de plural), ivor ?”cristal” (inalterado no pl.), lagor “rápido, ligeiro” (pl. leigor), maethor “guerreiro” (inalterado no pl.), magolmeigol), magor “espadachim” (pl. meigor), nadhor “pasto” (pl. neidhor), nagol “dente” (pl. neigol), naugol “anão” (pl. noegol), tadolteidol), tathor “salgueiro” (pl. teithor), tavor “aldrava, pica-pau” (pl. teivor), tegol “pena de escrever” (pl. tigol). Talvez gollorgyllor ao invés de ?gellyr). “repentino, violento” (pl. “eco” (pl. “machado” (pl. “espada” (pl. “duplo” (pl. “bruxo” também pertença a esta lista (pl.

    NOTA: algumas outras peculiaridades sobre este grupo de palavras podem ser observadas aqui. Em palavras compostas (mais antigas?), o o recém desenvolvido não aparece, e a vogal final que de outra forma desapareceria, algumas vezes é preservada. Assim, magol, que vem da palavra primitiva makla, pode aparecer como magla– em uma palavra composta. LR: 371 s.v. MAK lista Magladhûr para “Espada Negra” (magol “espada” + dûr [dhûr lenizado] “preto, negro”). Se uma destas palavras é prefixada a um elemento começando por uma vogal, a vogal final original não reaparece, mas o o recém desenvolvido não é encontrado: LR: 398 s.v. TAM indica que tavr (também escrita tafr) “pica-pau” retém esta forma na palavra composta Tavr-obel, Tavrobel *”Cidade do Pica-pau” – embora tavr se tornasse tavor como uma palavra independente. De modo similar, LR: 361 s.v. ID indica que a palavra “idher” (leitura errada de idhor?) “consideração” aparece como idhr– no nome Idhril. – É possível que, em sindarin tardio, a analogia de certa forma prevalecese, este grupo de palavras sendo tratado como qualquer outro. Antes da desinência coletiva de plural –ath (veja abaixo), não esperaríamos ver a vogal o subsequentemente desenvolvida. Por exemplo, suporíamos que o plural coletivo de dagr “batalha” fosse dagrath (não atestada), não afetada pelo fato de que dagr posteriormente se tornou dagor quando ocorria como uma palavra simples (por si mesma). Ainda em CI: 435 encontramos não dagrath, mas dagorath, embora não possa haver dúvida de que a última é uma forma historicamente não justificada: o r não era final ou silábico em dagrath, de modo que nenhum o se desenvolveria na frente dele, e dagorath deve ser formada por analogia com a palavra simples dagor. Isto é ainda mais surpreendente quando outra forma atestada, o plural coletivo de nagol “dente”, é o que suporíamos: naglath (WR: 122). Uma forma ?nagolath paralela a dagorath não é encontrada. (A palavra simples nagol não é atestada, mas Tolkien sem dúvida imaginou uma palavra primitiva *nakla “instrumento para morder” = “dente” [cf. o radi- cal NAK “morder”, LR: 374], esta *nakla se tornando *nakl e então *nagl > *nagol em sindarin.) Há também Eglath “Os Abandonados” como o nome dos sindar, este plural coletivo refletindo a forma (singular) primitiva hekla ou heklô (WJ: 361; não sabemos se isto também abrangia uma forma singular independente em sindarin; sendo assim, seria egol para egl mais antiga, o plural normal sendo igl e posteriormente igol). Uma forma ?Egolath não ocorre em lugar algum (e seria tão surpreendente quanto se a palavra composta atestada Eglamar “Terra dos Elfos Abandonados” repentinamente aparecesse como *Egolmar). Devemos supor, então, que Tolkien esqueceu suas próprias regras quando ele escreveu (duas vezes) dagorath ao invés de dagrath em CI: 435? Ao invés disso, podemos imaginar que havia várias variantes de sindarin. Em um estilo mais “puro” ou mais “clássico”, os plurais coletivos de palavras como dagor e nagol talvez fossem as formas historicamente corretas dagrath e naglath, mas em um estilo mais “coloquial” ou “informal”, formas como dagorath e nagolath podem ter vindo a ser usadas por analogia. Podemos especular que, na forma de sindarin que preferia dagorath a dagrath, o plural historicamente justificado deigor também seria alterado para degyr, as mutações seguindo um padrão mais normal. Interessantemente, o nome Dagorlad “Planície de Batalha” ocorrendo no SdA revela que dagor não se torna ?dagro– como a primeira parte de uma palavra composta, refletindo a forma mais antiga ndakro (compare os exemplos citados acima: magol “espada” se tornando magla-, refletindo a primitiva makla na palavra composta Magladhûr, e tavor “pica-pau” ocorrendo na forma arcaica tavr na palavra composta Tavrobel). Assim, novamente, a analogia com a forma simples funciona. Talvez Dagorlad teria sido ?Dagrolad se a palavra composta fosse mais antiga, cunhada ainda nos bons dias antigos quando os elfos ainda diziam algo como *Nda-kro-lata (a vogal final é incerta). Ao invés disso Dagorlad foi claramente ligada a partir de dagor “batalha” e –lad “planície” posteriormente. Uma palavra composta tardia “Negra-Espada” presumidamente seria não Magladhûr, mas simplesmente Magoldhûr, e “Aldeia do Pica-pau” como uma palavra composta tardia bem poderia ser Tavorobel ao invés da forma atestada Tavrobel.

    Certos outros casos de monossílabas se transformando em polissílabas envolve não uma nova vogal se inserindo antes de uma consoante como em dagr > dagor, mas sim uma consoante se transformando em uma vogal. A maioria dos exemplos envolve o –w mais antigo se tornando –u. Antes do estágio no qual as vogais finais foram perdidas, algumas palavras terminavam em –wa (tipicamente adjetivos) ou –we (tipicamente substantivos abstratos). Quando as vogais finais desapareceram, sobrou apenas o –w destas desinências. Por exemplo, a palavra para “perícia” ou “habilidade” que aparece em quenya como kurwe (cur- ), que também seria a forma em sindarin antigo da palavra, surgiu como curw em sindarin primitivo. Devemos supor que no plural ela se tornaria cyrw, uma forma perfeitamente regular de acordo com as regras apresentadas acima. Mas como indicado em LR: 366 s.v. KUR, curw posteriormente se tornou curu: o –w final sucedendo outra consoante se tornou a vogal –u, a semivogal se tornando uma vogal completa. Novamente, a aparência de uma nova vogal presumidamente resultaria em aparentes irregularidades: apresentada com um substantivo como curu, seria tentador fazer como tulus “choupo”, pl. tylys – assim, curu pl. ?cyry. Mas a última, se realmente ocorresse, seria uma forma análoga. O plural historicamente justificado de curu só pode ser cyru, o antigo pl. cyrw se transformando em cyru assim como o antigo sing. curw se transformou em curu.

    Aqui estão as palavras afetadas, com plurais sugeridos: anu “um macho” (forma plural einu), celu “fonte, nascente” (pl. cilu), coru adj. “perspicaz, malicioso” (pl. cyru), curu “habilidade, artifício engenhoso, perícia” (pl. novamente cyru), galu “boa sorte” (pl. geilu), gwanu “morte, ato de morrer” (pl. gweinu), haru “ferida” (pl. heiru), hethu “enevoado, obscuro, vago” (pl. hithu), hithu “neblina” (inalterada no pl. e não deve ser confundida com a forma de plural do adjetivo hethu), inu “uma fêmea” (inalterada no pl.), malu “pálido” (pl. meilu), naru “vermelho” (pl. neiru), nedhu “almofada, travesseiro” (pl. nidhu), pathu “espaço plano, gramado” (pl. peithu), talu “plano” (pl. teilu), tinu “centelha, pequena estrela” (inalterada no pl.) Deixamos palavras com a vogal raiz a possuírem formas de plural em ei ao invés de ai, novamente assumindo que estas palavras se tornaram dissilábicas antes que ei se tranformasse em ai em sílabas finais (isto é, quando esta mudança ocorreu, a sílaba em que eiw já havia se tornado –u, constituindo uma nova sílaba final). Assim, anu : einu, gwanu : gweinu, haru : heiru, malu : meilu, naru : neiru, pathu : peithu, talu : teilu. Se a mudança ei > ai em sílabas finais antecedeu estas palavras ao se tornarem polissilábicas, devemos ler ai ao invés de ei nas formas de plural – exceto no caso de haru e naru, as formas de plural destas provavelmente deveriam ser então heru e neru para herw e nerw mais primitivas (Cf. o pl. de narn “conto” sendo nern, presumidamente a partir de ?neirn mais primitivo, o ei aparentemente sendo simplificado para e antes de um encontro consonantal começando em r-. Se o pl. de naru é neru, isto significaria que ei foi simplificado para e antes do encontro rw das formas mais antigas narw pl. ?neirw deixar de ser um encontro pela consoante final w ter se transformado em uma vogal. De outra forma, como suposto acima, a regra de que ei se tornou e antes de um encontro em r– não se aplicaria: ao invés disso, o encontro original se transformou em uma consoante simples + uma vogal.) era encontrado não era mais final porque o –

    NOTA: no Etimologias, o estágio tardio onde o –w final se tornou –u com freqüência não é registrado. Existe curu além de curw (entrada KUR) e naru além do narw mais antigo (NAR&sup1;), mas de qualquer maneira, apenas as formas mais antigas onde o  –w ainda persiste são listadas: assim encontramos anw (3AN), celw (KEL), corw (KUR), galw (GALA), gwanw (WAN), harw (SKAR), hethw / hithw (KHITH), inw (INI), malw (SMAL), nedhw (NID), pathw (PATH) e tinw (TIN) ao invés de anu, celu, coru etc. como acima. Estas formas posteriores não são diretamente atestadas nos papéis de Tolkien. Pode ser que, até onde diz respeito ao “noldorin” do Etimologias, Tolkien ainda não havia decidido de uma vez por todas que o –w nesta posição se tornavau; esta idéia apenas sugia em um ou outro lugar. Assim assim não precisamos hesitar em introduzir as formas tardias em –u se estamos almejando o tipo de sindarin exemplificado no SdA e no Silmarillion. Note que, no Etim, é dito que a forma “noldorin” do nome em quenya Elwë teria sido *Elw, marcado com um asterisco, uma vez que ele não era realmente usado em “exílico” nesta forma (LR: 398 s.v. WEG). Contudo, no capítulo 4 do Silmarillion publicado, o cenário é outro. O “noldorin” agora se tornara sindarin, e não há apenas uma forma sindarin de Elwë, mas ela também é Elu ao invés de “Elw” como no Etimologias: “o povo de Elwë que o procurava não o encontrou… Em tempos posteriores, Elwë tornou-se um rei célebre… Rei Manto-cinzento era ele, Elu Thingol na língua daquela terra [Beleriand]”. Aqui devemos claramente um desenvolvimento Elwë > Elw > Elu. Parece totalmente justificado, então, alterar (digamos) celw “fonte, nascente” para sua forma tardia celu (combinando com Elu), mesmo que a forma celu como tal não seja explicitamente atestada. Uma caso paralelo é fornecido pelo nome Finwë; mais uma vez o Etimologias afirma que a forma “noldorin” seria *Finw, mas que tal forma não estava em uso (LR: 398 s.v. WEG). Uma fonte pós-SdA muito tardia concorda que não havia forma sindarin de Finwë, mas se este nome “fosse tratado como uma palavra desta forma teria sido, tendo ocorrido antigamente em sindarin, ele teria sido [não Finw, mas] Finu” (PM: 344). Se o “noldorin” Finw tivesse correspondido ao sindarin Finu, também podemos concluir que a palavra “noldorin” gwanw corresponderia à palavra em sindarin gwanu. – A palavra talu “plano” listada acima na verdade aparece como dalw (e não **talw) no Etimologias, mas listada imediatamente após dalw está dalath “superfície plana, plano, planície” (LR: 353 s.v. DAL), ocorrendo no nome Dalath Dirnen “Planície Protegida” (LR: 394 s.v.TIR). Entretanto, Tolkien posteriormente mudou dalath para talath; no Silmarillion publicado, a “Planície Protegida” em Beleriand é chamada, ao invés disso, Talath Dirnen. De acordo com esta revisão, também alteramos a palavra “noldorin” relacionada dalw “plano” para a palavra em sindarin talw > talu. Podemos ainda aceitar (dalw >) dalu – e, por este motivo, dalath – como formas secundárias válidas.

    Existem também alguns casos de –gh final (g fricativo) se tornando uma vogal. Um exemplo é fornecido por LR: 381 s.v. PHÉLEG, onde a palavra fela “caverna” é derivada do sindarin antigo (ou “noldorin antigo”) phelga. Uma vez que as vogais finais foram perdidas sucedendo o estágio do sindarin antigo, fela não é um caso de um –a final original sobrevivendo no sindarin tardio. O que Tolkien imaginou parece ser isto: a palavra em sindarin antigo phelga naturalmente se tornou phelg quando as vogais finais se foram. Então oclusivas se transformaram em fricativas sucedendo l e r líquidos (CI: 299), de modo que phelg se tornou phelgh (ou felgh, uma vez que a troca ph > f ocorreu por volta do mesmo estágio). Contudo, ghfelghfela. O plural de felgh evidentemente foi filgh, formado de acordo com as regras normais (cf. ex: telch “haste”, pl. tilch – LR: 391 s.v. TÉLEK). A forma plural filgh então se tornou fili, a vocalização do ghi ao invés de a (talvez g > gh fosse de alguma forma palatalizado pela desinência de plural perdida –i do sindarin antigo que também causou a metafonia, influenciando a subsequente vocalização em direção ao i). Pouco importa como imaginamos precisamente o desenvolvimento: de qualquer forma, o resultado final é o par peculiar fela pl. fili, para felgh pl. filgh mais antigos. de modo algum sobreviveu no sindarin dos dias de Frodo; inicialmente ele foi perdido sem deixar traços, mas nesta posição ele era vocalizado: se transformou em mais antigo aqui sendo

    Fela pl. fili é o único caso conhecido de Tolkien mencionando explicitamente tanto o singular como o plural de tal par. Existem, entretanto, duas ou três outras palavras que dividem um desenvolvimento fonológico similar. A palavra thela “ponta (de lança)” deriva do radical STELEG (LR: 388), e enquanto Tolkien não lista formas primitivas, provavelmente devemos supor a forma élfica primitiva stelgâ (vogal final incerta) se transformando na palavra em sindarin antigo sthelga e posteriormente (s)thelgh, a forma plural da qual seria (s)thilgh. O singular abrange então a forma sindarin atestada thela (completamente paralela à fela); o plural não atestado “pontas de lança” deve ser thili (para combinar com o plural atestado fili).

    Há também alguns poucos adjetivos. O adjetivo thala “robusto, firme, vigoroso” que está em LR: 388 s.v. STÁLAG é derivado da palavra em sindarin/”noldorin” antigo sthalga. A forma não atestada intermediária seria (s)thalgh pl. (s)theilgh, seguindo o padrão normal de (digamos) alpheilph. Devemos supor que a forma plural de thala é theili. Um caso parecido seria tara “rígido, imóvel”, afirmava representar palavra em “noldin”/sindarin antigo targa (LR: 390); novamente a forma intermediária não atestada seria targh. A forma plural deste adjetivo poderia ser teirgh, que presumidamente produziria a palavra em sindarin teiri. Existe um outra possibilidade: como já mencionado, parece que ei foi em certo estágio simplificado para e antes de um encontro consonantal começando em r (assim temos nern ao invés de neirn > nairn como a forma de plural de narn “conto”). Se isto aconteceu antes do gh final do adjetivo plural teirgh ter se tornado uma vogal de modo que o encontro desapareceu, a forma se transformaria em tergh, em sindarin tardio teri. Atualmente não podemos dizer com certeza se teri ou teiri é a melhor forma de plural de tara, uma vez que não sabemos em que sequência exata Tolkien imaginou que as trocas de sons envolvidas teriam ocorrido; eu provavelmente usaria teiri. “cisne”, pl.

    Plurais expandidos
    Este é um grupo de palavras que parece ser mais longo no plural do que no singular. Historicamente falando, seria mais preciso mudar a perspectiva e falar de “singulares reduzidos” pois, neste caso, a forma da palavra que fundamenta a forma de plural dá uma melhor impressão da palavra primitiva do que o faz a forma de singular atual.

    Em WJ: 363, êl é dita ser uma palavra (arcaica) em sindarin para “estela”. De acordo com as regras estabelecidas acima, baseadas em padrõe como hên “criança” pl. hîn (WJ: 403), esperaríamos a forma plural fosse **îl. Contudo, WJ: 363 também nos informa que o plural verdadeiro de êl é elin. Aqui pode parecer que a desinência de plural –in está presente. Este, porém, não é realmente o caso. Ao comparar estas palavras ao seus cognatos em quenya elen pl. eleni pode-se começar a suspeitar do que realmente está acontecendo. Eleni também seria a forma de plural usada em sindarin antigo, eventualmente dando origem à palavra sindarin elin: a desinência de plural sendo perdida como todas as vogais finais, mas deixando sua marca na palavra ao mudar (por metafonia) o segundo ei. Mas uma coisa que ocasionalmente aconteceu em sindarin antigo foi que consoantes no final de palavras poderam desaparecer. O n da forma plural eleni estava “seguro” porque ele foi protegido pela desinência de plural que o sucede, mas a forma singular elen foi aparentemente reduzida para ele, embora esta forma não seja mencionada explicitamente por Tolkien. Posteriormente, as vogais finais se perderam, deixando apenas el, e ainda mais tarde, a vogal de uma monossílaba desta forma era alongada, produzindo a palavra em sindarin êl. Assim, somos deixados com o curioso par êl pl. elin no sindarin da Terceira Era. No caso de outro par similar, nêl “dente” pl. nelig, o Etimologias lista as formas do “noldorin” antigo/sindarin nele pl. neleki, confirmando que a explicação esboçada acima está correta: ao comparar o singular nele com o radical NÉL-EK(LR: 376) compreendemos que a consoante final desapareceu. (Em Eldarin comum, nele evidentemente ainda havia sido *nelek, forma que fundamentou a palavra em quenya nelet listada no mesmo lugar – a fonologia alto-élfica não permite –k final, logo, ao invés disso, ele se tornou –t.) Desse modo temos o singular *nelek > nele > *nel > sindarin nêl, mas o plural neleki (ainda usado em quenya) > *neliki metafonado> *nelik tardio com a perda da vogal final > nelig em sindarin. para

    Outras palavras que se comportam de maneira similar:

  • NOTA: em uma expressão como Ithryn Luin “Magos Azuis” (CI: 428) o adjetivo luin “azul” deve estar no plural para concordar com “magos”. Pode-se pensar que luin é a forma plural de lûn, que é o que conseguiríamos se fossemos fazer uma atualização para o sindarin da palavra “noldorin” para “azul”, que é lhûn (LR: 370 s.v. LUG&sup2;). Como indicado acima, o û longo em uma sílaba final se torna ui no plural, então tudo parece de encaixar: luin poderia ser a forma plural de lûn. O que acaba com esta teoria sedutoramente promissora é o nome da montanha Mindolluin, “Proeminente Cabeça-azul” (traduzida no glossário do Silmarillion). Aqui, não há razão para o adjetivo “azul” estar no plural, de modo que luin também tem que ser a forma bácia/singular. Há também Luindirien “Torres Azuis” em WJ: 193; no início de uma palavra composta, seria esperado que a palavra para “azul” aparecesse em sua forma mais ou menos básica, não flexionada para o plural. Também deve ser observado que a mesma entrada no Etimologias que dá a palavra “noldorin” lhûn (> sindarin ?lûn) como a palavra para “azul”, também dá lúne como a palavra correspondente em quenya. No Namárië no SdA, porém, o adjetivo “azul” é luini (esta é uma forma no plural, da expressão “abóbodas azuis”; o singular é provavelmente luinë). Então, enquanto no Etimologias as palavras para “azul” foram derivadas de uma forma primitiva lugni (radical LUG&sup2;, LR: 370) produzindo a palavra em quenya lúne e a em “noldorin” lhûn, Tolkien deve ter decidido posteriormente que a forma primitiva era algo como *luini produzindo a palavra em quenya luinë e a em sindarin luin. O ponto principal é que luin “azul” parece abranger tanto o singular como o plural, indicando que o ditongo ui não passa por mudanças no plural. O fato de que o adjetivo annui “ocidental” está tanto no sg. como no pl. aponta na mesma direção.
  • ael “lago, lagoa”, pl. aelin (atualizado a partir da palavra “noldorin” oel pl. oelin, LR: 349 s.v. AY; temos Aelin-Uial para “Lagos do Crespúsculo” no Silmarillion)
  • âr “rei”, pl. erain (mas o singular completo aran parece ser mais comum do que o âr encurtado)
  • bór (ou melhor, bôr) “fiel, leal, vassalo fiel”, pl. beryn (LR: 353 s.v. BOR, onde o pl. ocorre na forma “noldorin” berein, beren; a atualizamos para sua forma sindarin provável. Cf. o plural “noldorin” geleidh “noldor” correspondendo ao sindarin gelydh. – A entrada BOR indica que o plural de bór posteriormente se tornou býr, formada por analogia com o singular reduzido; escritores provavelmente deveriam usar býr.)
  • fêr “faia”, pl. ferin (LR: 352 s.v. BERÉTH, cf. LR: 381 s.v. PHER; a última fonte indica que esta palavra para “faia” foi posteriormente substituída por  brethil – palavra que seria inalterada no pl.)
  • ôr “montanha”, pl. eryd ou a irregular ered(mas como no caso de âr acima, o singular completo orod aparentemente é mais comum do que o ôr reduzido; LR: 379 s.v. ÓROT lista dois singulares em “noldorin” antigo, a palavra completa oroto ou a reduzida oro; no idioma tardio elas apareceriam como orod e ôr, respectivamente, mas na verdade, o único singular listado é orod – originado a partir da palavra não reduzida oroto.)
  • tôr “irmão”, pl. teryn (LR: 394 s.v. TOR; atualizamos a forma plural a partir da palavra “noldorin” terein. Contudo, a mesma entrada no Etimologias indica que esta palavra para “irmão” era geralmente substituída por muindor pl. muindyr, ou – quando “irmão” é usado em um sentido mais amplo de “associado masculino” – gwador, o plural “noldorin” do qual era gwedeir; leia gwedyr em sindarin.)
  • thôr “águia”, pl. theryn (LR: 392 s.v. THOR; novamente atualizamos o plural a partir da palavra “noldorin” therein. – Este entrada no Etimologias indica que o singular não reduzido thoron também estava em uso)
  • Em acréscimo ao exposto acima, existem algumas palavras que pertencem à mesma categoria, embora as formas de plural não possuam consoante final; pêl “campo cercado” pl. peli, ôl “sonho” pl. ely e thêltheli. O que aconteceu foi que simplesmente a consoante original h, lenizada a partir de s no estágio do sindarin antigo, foi retirada nas formas de plural: os radicais relevantes são dados como PEL(ES), ÓLOS e THELES no Etimologias. Na primeira destas entradas, pêl “campo cercado” é mostrada como vindo de pele (LR: 380), que dada a forma do radical PEL(ES) é compreendida como uma forma reduzida de *peles (cf. o cognato em quenya peler, claramente pretendida como vindo de *pelez < *peles). O plural da antiga forma pele é dado como pelesi, e além disso é atestado que ele se tornou pelehi (“peleki” em LR: 380 é uma transparente interpretação errônea do manuscrito de Tolkien; para s se tornando h desse modo, cf. barasa > baraha em LR: 351 s.v. BARÁS). Assim como em um caso mencionado acima, neleki se tornando nelig, o plural pelehi se tornou *pelih – mas neste caso a agora consoante final era tão fraca que foi perdida para produzir a forma de plural peli, criando a falsa impressão de que o sindarin ocasionalmente emprega uma desinência de plural similar ao –i do quenya. “irmã” pl.NOTA: várias das formas citadas acima estão de certo modo regularizadas. Pêl “campo cercado” na verdade aparece como pel em LR: 380 s.v. PEL(ES); de acordo com a fonologia que podemos reconstruir a partir de muitos outros exemplos, a vogal definitivamente deve ser longa. A omissão do circunflexo na forma pel deve ser um mero engano, do próprio Tolkien ou do transcritor (talvez o singular fosse confundido com o plural peli, em cuja forma o e deve ser curto). – A forma plural de ôl “sonho” é dada como elei em LR: 379 s.v. ÓLOS; em sindarin evidentemente devemos escrever ely, como sugerido acima. Este é um caso completamente paralelo à palavra “noldorin” geleidh correspondendo à palavra sindarin gelydh como a palavra para noldor (sg. golodh): em ambos os casos, o ei “noldorin” derivado do o no singular corresponde ao y em sindarin (cf. também os plurais corrigidos/atualizados sugeridos acima: sindarin beryn, teryn e theryn, onde o “noldorin” do Etimologias na verdade possui berein, terein e therein). – Uma outra forma também é regularizada: no Etimologias, o plural de thêl não é theli como sugerido acima, mas sim thelei (LR: 392 s.v. THEL, THELES). Por que a palavra thêl derivada do radical THELES deve se comportar diferentemente no plural do que a palavra pêl derivada de PELES é difícil de compreender, de modo que, se o plural é peli no último caso, podemos nos sentir livres para corrigir o plural de thêl de thelei para theli. Os plurais theli e o atestado peli se ajustam melhor ao sistema geral: os plurais representam os radicais completos THELES e PELES, exceto pelo detalhe de que o –s final foi perdido posteriormente (após se tornar –h), e como sempre, e em uma sílaba final se torna i no plural (como em edhel “elfo” pl. edhil, WJ: 377). Assim, o pl. de *peles deve ser *pelis, e removendo a consoante final perdida, chegamos no plural atestado peli; em vista disso, o pl. de *theles deve ser *thelis > theli ao invés de “thelei”. Se formos manter o plural thelei (e neste caso teríamos que alterar peli para pelei pelo bem da consistência), devemos levar em conta a descoberta pós-Etim de Tolkien de que ei em uma sílaba final eventualmente se tornava ai, o que levaria a thelai e pelai como os esquisitos plurais de thêl e pêl no sindarin tardio da Terceira Era. Portanto, todas as coisas consideradas, parece melhor regularizar thelei para theli de acordo com o exemplo atestado peli ao invés de se ir pelo outro caminho. (No caso de thelei/theli “irmãs”, escritores podem felizmente evitar o problema; LR: 392 s.v. THEL indica que a palavra mais  normal para “irmã” era muinthel pl. muinthil, ou – onde “irmã” é usada em um sentido mais amplo de “companheira feminina” – gwathel pl. gwethil.) – Outro plural em –ei é a formado pela palavra “noldorin” tele “final, último, parte traseira”, pl. telei (LR: 392 s.v. TELES). Até o ponto em que diz respeito ao singular, o desenvolvimento difere um pouco daquele que produziu thêl a partir do radical THELES; note que, em tele, a última vogal de TELES ainda está no lugar (ela não se tornou **têl para ser paralela a thêl). A forma primitiva de tele é dada como télesâ (o acento indica apenas a ênfase). Em “noldorin antigo”, ela teria se tornado telesa > teleha (não explicitamente dada no Etim, mas compare a palavra primitiva barasâ “quente, ardente” produzindo em “noldorin antigo” barasa > baraha, LR: 351 s.v. BARÁS). Posteriormente as vogais finais foram perdidas, portanto teleha > teleh, mas eventualmente a consoante final fraca –h também foi retirada, deixando apenas tele (e a nova vogal final não se perdeu; o estágio onde tal perda ocorreu já havia passado). Mas o que dizer da forma plural telei? É difícil dizer que tipo de desenvolvimento Tolkien tinha em mente. O plural em “noldorin antigo” de teleha não é mencionado mas deve ter sido telehi (cf. por exemplo poto “pata de animal”, pl. poti, LR: 384 s.v. POTÔ). Posteriormente, esperaríamos que o i final mutasse o e na penúltima sílaba, com telehi se tornando telihi; então as vogais finais e depois o h final se perdem, o que deve nos deixar teli como a forma plural. Então como, ao invés disso, Tolkien sugeriu telei? Devemos supor que, no estágio telehi, o h foi retirado de modo que as vogais e e i entraram em contato direto e formaram um ditongo telei? Mas isto seria inconsistente com o exemplo ao qual nos referimos acima: a forma plural pelehi se tornando peli ao invés de **pelei. Parece que, ao atualizar a palavra “noldorin” tele pl. telei para sindarin, é melhor interpretar tele pl. teli. Novamente, a forma plural telei não pode ser mantida de jeito que está em qualquer caso, uma vez que em sindarin ei em uma sílaba final se torna ai.Plurais em –in
    Existem algumas palavras que parecem apresentar uma genuína desinência de plural –in, embora a origem desta desinência possa ser incerta; concebivelmente Tolkien a imaginou para ser inventada na analogia de exemplos como êl pl. elin, onde (como demonstrado acima) nenhuma desinência genuína está presente.
    O que pode ser o melhor exemplo envolve uma palavra estrangeira, drûdrughu. De acordo com CI: 509, um plural em sindarin de drû era drúin. Talvez este plural extraordinário indique de alguma forma a palavra como um empréstimo; ela não é flexionada de acordo com o padrão normal (que teria nos levado a **drui como a forma de plural). “wose”, o nome de um dos drúedain ou “homens selvagens”; o termo sindarin foi baseado na palavra nativa deles

    No Campo de Cormallen (SdA3/VI cap. 4), os Portadores do Anel foram saudados como Conin en Annûn, e de acordo com Letters: 308, isto significa “Príncipes do Oeste”. Supondo que Conin “príncipes” contém a desinência de plural –in, esta poderia ser a forma plural de ?caun (visto que ao adicionar –in, constituindo uma nova sílaba, au se torna o no ambiente polissilábico que surge desse modo). Esta ?caun poderia por sua vez ser uma forma sindarinizada da palavra em quenya cánocaun, significando clamor ou gritaria). Se conincaun, ela poderia ser o plural de uma palavra de outra forma desconhecida *conen, mas ela também parece como um adjeti- vo ao invés de um substantivo. “comandente” (PM: 345), que novamente seria uma palavra estrangeira ao invés de uma palavra sindarin “nativa” (PM: 362 menciona uma palavra herdada bem distinta “príncipes” não é o plural de *

    O nome Dor-Lómin ocorrendo no Silmarillion é interpretada “Terra dos Ecos” em LR: 406. O Apêndice do Silmarillion lista a palavra lóm “eco”, embora nada seja dito sobre de que idioma ela deve ser. Lómin é a forma plural de lóm? Devemos distinguir cuidadosamente vários estágios na concepção de. O Etimologias lista a palavra lóm “eco” (LR: 367 s.v. LAM), mas isto é doriathrin, e não “noldorin” > sindarin. Em doriathrin (um dialeto do idioma ilkorin cujo lugar nos mitos posteriormente seria usurpado pelo sindarin), de fato há uma desinência de plural –in, de modo que lómin poderia ser a palavra em doriathrin para “ecos”. Ainda na entrada do Etimologias recém citada, o nome obviamente correspondente a Dor-Lómin no Silmarilli- on aparece como Dorlómen. Dorlómen é dito ser não doriathrin, mas uma forma “noldorinizada” do nome real em doriathrin  Lómendor. O primeiro elemento não é uma forma de plural, mas um adjetivo doriathrin lómen “ecoante”. Isto pode fornecer uma pista de como Tolkien posteriormente teria interpretado o nome. Quando ele fez do sindarin o idioma de Beleriand, abandonando o “ilkorin”, ele ainda fez referências ao peculiar dialeto sindarin setentrional, e o nome Dor-Lómin parece se adequar ao pouco que é conhecido sobre ele (m não é aberto para mh > v sucedendo uma vogal; cf. o nome em sindarin sententrional de Oromë sendo Arum ao invés de Araw [para *Arauv] como em sindarin padrão: WJ: 400). Um palpite pode ser o de que, no período pós-SdA, Tolkien interpretou Dor-Lómin como significando literalmente “Terra Ecoante”, lómin sendo o adjetivo em sindarin setentrional descendendo da palavra mais antiga *lâmina. Em sindarin padrão, a desinência adjetiva seria –en no singular e –in apenas no plural, mas isto pode não ser verdade na forma dialetal do idioma. Se lómin realmente é um adjetivo, ela com certeza é irrelevante para a discussão da formação do plural sindarin.

    Singulares derivados de plurais
    Na grande maioria dos casos, o singular deve ser considerado a forma básica do substantivo, a partir da qual o plural é produzido. Contudo, existem alguns casos onde na verdade é o plural que é a forma básica, e o singular é dericado dele. Historicamente, fileg “pequeno pássaro”, pl. filig, é um caso. O radical PHILIK (LR: 381) surgiu como filig em sindarin, mas uma vez que tantas formas de plural têm i representando o eedhil como o pl. de edhel “elfo”), a palavra filig foi tomada como tal como forma plural e um singular foi criado de acordo com o padrão normal: fileg. Visto que o radical era PHILIK, tal singular era completamente injustificado historicamente; ele é, como Tolkien observou no Etimologias, apenas um “singular análogo”. O par fileg pl. filig, estando totalmente adaptado aos padrões normais, certamente não apresenta nenhum problema adicional para as pessoas que estudam o sindarin sincronicamente. Mas o Etimologias indica que o singular também poderia ser filigod, onde a desinência –od de fato é uma “desinência de singular”, produzindo o par mais peculiar filigod pl. filig. Outro caso similar, envolvendo outra “desinência de singular”, é lhewiglhaw. (Cf. a colina Amon Lhaw no SdA, “Colina da Audição” ou literalmente *”Colina das Ouvidos”, mencionada próximo ao final do capítulo O Grande Rio no Volume 1.) O plural lhaw é explicado como representando uma antiga forma dual indicando um par de orelhas, ou como Tolkien escreveu, “orelhas (de uma pessoa)” (LR: 368 s.v. LAS2). O singular lhewig “orelha” por sua vez é derivado desta forma plural ou dual. Uma formação similar “singular-a partir-de-dual” em –ig é gwanuniggwanûn “par de gêmeos” (WJ: 367).
    singular na última sílaba (ex: “orelha”, pl. “gêmeo”, derivada a partir de

    NOTA: as desinências –od, –ig, –og usada para formar singulares a partir de plurais também podem ser usadas para formar as chamadas nomina unitatis, palavras indicando uma parte distinta de algo maior, ou palavras indicando uma única entidade dentro de um coletivo. De fato, esta provavelmente é a sua função adequada. WJ: 391 fornece um bom exemplo. Havia uma palavra sindarin glam “alarido, alvoroço, tumulto, os confusos gritos e bramidos de feras”. Uma vez que bandos de orcs podiam ser muito barulhentos, a palavra glam “sozinha podia ser usada para qualquer grupo de orcs, e uma forma singular foi criada a partir dela, glamog“. Assim, temos glamog como uma palavra para “orc”, um membro individual de um glam ou grupo de orcs como um coletivo. Em tal caso, não se pode dizer bem dizer que glam realmente é a forma plural de glamog (seria o mesmo que dizer que “tropa” é a forma plural de “soldado”); talvez glamog pudesse por si só ser a base de uma forma plural ?glemyg. Outro caso parecido é a palavra linnod, não explicada claramente em nenhum lugar, mas usada no Apêndice A do SdA: “[Gilraen] respondeu apenas com este linnod: Onen i-Estel Edain, ú-chebin estel anim [Dei Esperança aos Dúnedain, não guardei nenhuma esperança para mim]”. Então o que, realmente, é um linnod? Sabendo que –od é uma desinência usada para formar nomina unitatis, como em filigod a partir de filig acima, linnod pode ser reconhecido como tal formação, claramente baseada em lind “canção” (*lindod naturalmente se tornando linnod, uma vez que a fonologia sindarin não permite –nd– intervocálico em palavras unitárias; este grupo só pode ocorrer em palavras compostas, tais como Gondor “Terra de Pedra”). Sendo assim, um linnod é algum tipo de unidade dentro de uma canção, e o exemplo fornecido indica que isto significa um verso, uma única linha de uma canção. Mais uma vez faz pouco sentido dizer que linnod é a forma “singular” de lind (como se esta palavra para “canção” devesse ser considerada no plural só porque uma canção é feita de versos). De preferência devemos ver linnod como um substantivo derivado, uma palavra independente para “verso” que provavelmente pode possuir seu próprio plural linnyd “versos”. (No caso do linnod de Gilraen, parece claro que seu “verso” particular não era parte de uma canção maior; ele era apenas um verso ou um poema muito curto em sua própria forma.) Substantivos em –ig parecem especialmente indicar algo de um par, como nos exemplos citados acima: gwanunig “um gêmeo” a partir de gwanûn “par de gêmeos”, ou lhewig “uma orelha” de lhaw “par de orelhas”. Novamente pode-se discutir se gwanûn e lhaw realmente são as formas de “plural” de gwanunig e lhewig; as últimas formas simplesmente indicam um elemento de um par.

    O primeiro elemento de palavras compostas
    Um exemplo citado acima, Edenedair “Pais dos Homens” ou literalmente *”Pais-homem” (MR: 373) é claramente o plural da palavra composta Adanadar “Pai-homem” (adan + adar). Aqui vemos a metafonia aplicada à palavra inteira, todos os a‘s em sílabas que não sejam finais se tornando e‘s, como se esta fosse uma palavra unitária. Ainda assim provavelmente também teria sido admissível usar o plural ?Adanedair, deixando o primeiro elemento da palavra composta não afetado e modificando apenas adar “pai” (para edair). Em WJ: 376, Tolkien faz uma nota sobre os plurais de orodben “monteiro” e rochben “cavaleiro” (na verdade palavras compostas, orod-ben “pessoa-montanha” e roch-beni ocorrendo no plural originalmente foi aplicada à palavra inteira, resultando nas formas örödbin e röchbineredbin e rechbin no sindarin dos dias de Frodo, embora Tolkien não mencione estas formas tardias). Entretanto, Tolkien observou também que “a forma normal [isto é, não metafônica] do primeiro elemento frequentemente era restaurada quando a natureza da composição permanecia evidente”; portanto, o plural de rochben também poderia ser rochbin, com a metafonia afetando apenas a vogal do elemento final –benroch “cavalo” é inalterado. (A implicação é que o plural de orodben “monteiro” pudesse ser de modo parecido orodbin com orod “montanha” em sua forma normal, apesar da forma orodbin não ser mencionada em WJ: 376.) Na palavra composta Edenedair o primeiro elemento não foi restaurado mas, como já mencionado, a forma ?Adanedair provavelmente também teria sido igualmente admissível.
    “cavalo-pessoa”). A afeição- (escritas “oeroedbin” e “roechbin” em WJ: 376; isto se teria de tornado “pessoa”, enquanto que

    O PLURAL DE CLASSE

    Além do plural normal, o sindarin também possui o chamado plural de classe, ou plural coletivo. Em RGEO: 74, Tolkien afirma que “o sufixo -athelenathêl, pl. [irregular] elin) significava ‘a hoste das estrelas’: isto é,. (todas) as estrelas (visíveis) do firmamento. Cf. ennorath, o grupo de terras centrais, fazendo a Terra-média. Note também Argonath, ‘o par de pedras reais’, na entrada de Gondor; Perian-nath ‘os hobbits (como uma raça),’ como o plural coletivo de perian, ‘pequeno’ (pl. periain).” A Carta do Rei fornece mais exemplos: sellath dîn “suas filhas” e ionnath dîn “seus filhos”, se referindoa todos os filhos e filhas de Sam como grupos. Em alguns casos, –ath parece possuir uma forma mais longa –iath. WJ: 387 dá firiath como o plural de classe de feir “um mortal” (plural normal fîr); cf. também a forma de “pl. coletivo” giliath “estrelas” em LR: 358 s.v. GIL (como em Osgiliath, “Cidadela das Estelas”). Em versões mais antigas deste artigo, explicamos que este i se inserindo antes de –ath é um remanescente de um y antigo que é aqui preservado (das palavras primitivas firya “mortal”, gilya “estrela”). Isto pode estar correto no caso das palavras firiath e giliath, mas parece que a desinência mais longa –iath aparece sempre que a desinência de plural de classe é adicionada a uma palavra que possua a vogal raiz i: esta vogal é ecoada na desinência.
    Se a desinência –ath é adicionada a um substantivo terminando em –nc ou –m, por razões fonológicas eles iriam mudar para –ng– e –mm– duplo, respectivamente, enquanto que –nt e –nd finais se tornariam –nn-: os plurais de classe de palavras como ranc “braço”, lam “língua”, cantthond “raiz” evidentemente seriam rangath, lammath, cannath e thonnath, respectivamente. Lembre-se também que, uma vez que o [v] sonoro é escrito f apenas no final, ele seria escrito como é pronunciado – simplesmente v – se qualquer desinência for anexada. Assim, o plural de classe de uma palavra como ylf “recipiente de bebida” deve ser escrita ylvath.
    Em alguns casos outras desinências além de –ath parecem ser usadas, tais como –rim “povo”; em WJ: 388, é dito que Nogothrim é o plural de classe de Nogoth “anão”. Outra desinência é –hoth “povo, hoste, horda”, cf. dornhoth “o povo obstinado”, outro termo élfico para os anões. O Apêndice do Silmarillion (entrada hoth) afirma que esta desinência é “usada quase sempre em sentido pejorativo” e menciona o exemplo glamhoth “horda barulhenta”, um nome élfico para os orcs. Aquele que pela primeira vez chamou os homens das neves de Forochel de lossoth*loss-hoth, loss = “neve”) evidentemente não gostava deles. Em Letters: 178, Tolkien explica que, enquanto o plural normal de orch “orc” é yrch, “os orcs, como uma raça, ou o todo de um grupo previamente mencionado, seriam orchoth” (para *orch-hoth, evidentemente). Poderia ser discutido se formas como Nogothrim e lossoth realmente são formas “plurais” ou simplesmente palavras compostas: povo anão, horda da neve. Palavras com a desinência “coletiva” –ath são vista assumindo o artigo plural in, de modo que elas são evidentemente consideradas plurais. Palavras em –rim e –hoth parecem se comportar da mesma maneira; cf. o namo Tol-in-Gaurhoth “Ilha dos Lobisomens” (Silmarillionplurais gerais [o itálico é meu] eram freqüentemente criados ao se adicionar a um nome (ou nome de lugar) alguma palavra significando ‘tribo, hoste, horda, povo'” – ou seja, as desinências que estivemos discutindo aqui. Assim, parece que, de um ponto de vista gramatical, as formas que empregam estas desinências realmente devem ser consideradas plurais, e não palavras compostas.
    (originalmente um sufixo não-coletivo) era usado como um plural de grupo, abrangendo todas as coisas de mesmo nome, ou aquelas associadas em alguma disposição ou organização especial. Logo, (como plural de “forma” e (para cap. 18, onde o nome é traduzido simplesmente como “Ilha de Lobisomens”). Em Letters: 178, Tolkien afirma que “osOS CASOS NÃO DECLINADOS

    Até onde podemos perceber pelo que já foi publicado, o substantivo no sindarin não é declinado em um grande número de casos, como em quenya. A língua ancestral comum do quenya e do sindarin aparentemente era um idioma declinável, mas em sindarin as desinências relevantes se perderam (embora traços delas possam ser encontrados em algumas palavras – por exemplo, ennas “lá” em alguma época deve ter resultado em uma desinência locativa parecida com a desinência do quenya –ssë). O élfico-cinzento depende de preposições ao invés de desinências casuais. É digno de nota, porém, que os substantivos no sindarin podem ser usados como genitivos sem mudar sua forma. Já citamos a inscrição do Portão de Moria como um exemplo disto: Ennyn Durin Aran Moria, “Portas de Durin, Rei de Moria”, os nomes Durin e Moria funcionando como genitivos não declinados: de Durin, de Moria. Para dizer “X de Y”, você simplesmente justapõe as palavras: X Y. A Carta do Rei fornece mais exemplos: Aran Gondor “Rei (de) Gondor”, Hîr i Mbair AnnuiCondir i Drann “Prefeito (do) Condado”. Tolkien observou que estes genitivos não declinados provavelmente descendiam de “formas indeclináveis” (WJ: 370). Em um estágio mais primitivo, o sindarin provavelmente tinha a mesma desinência genitiva –oa, como no epíteto de Túrin, Dagnir Glaurunga “A Perdição de Glaurung”; cf. também Bar Bëora para “a Casa de Bëor” em WJ: 230. A origem desta desinência é muito incerta, e aparentemente não é usada em sindarin padrão.)
    Algumas vezes, um ou ambos os substantivos em uma expressão genitiva são encurtados de algum forma: consoantes duplas podem ser simplificadas; compara toll “ilha” com tol em um nome como Tol Morwendôr “terra” com dor em Dor Caranthir “Terra de Caranthir” (WJ: 183). Mas tal encurtamento não é necessário para produzir um sindarin correto; cf. Hîr ao invés de Hir na expressão Hîr i Mbair Annui “Senhor (das) Terras Ocidentais” na Carta do Rei.
    “Senhor (das) Terras Ocidentais”, como em quenya, mas ela se perdeu junto com as outras vogais finais. (O sindarin doriathrin às vezes mostra uma desinência genitiva – “Ilha de Morwen” (WJ: 296). Vogais longas podem ser encurtadas; compare

    Não apenas o genitivo, mas também o dativo pode ser expresso por um substantivo sindarin que não muda sua forma de modo algum. Isto está evidente a partir da primeira parte do linnod de Gilraen no Apêndice A do SdA: Onen i-Estel Edain, “Dei Esperança aos [Dún]edain”. O objeto indireto, ou objeto dativo, é claramente Edain – mas ela não mostra qualquer desinência declinável, nem há ali qualquer coisa correspondendo à preposição “aos” na tradução em inglês de Tolkien. O dativo aparentemente é expresso apenas pela ordem das palavras.

    – – –

    O substantivo sindarin, assim como outras partes do idioma, freqüentemente está sujeito a certas mudanças regulares das consoantes iniciais. A estas devemos voltar nossa atenção agora.

    3. AS MUTAÇÕES CONSONANTAIS

    Em sindarin, a consoante inicial das palavras freqüentemente passa por certas mudanças, de modo que a mesma palavra pode aparecer em diferentes formas (palavras começando em uma vogal não são afetadas). Estas mudanças são chamadas mutações, com uma série de subcategorias (mutação suave, mutação nasal, etc.) Considere duas palavras completamente distinctas como saew “veneno” e haew “hábito”. Uma regra de mutação dita que o s em certos contextos gramaticais se torna h. O artigo i “o, a” é um dos desencadeadores dessa mutação, de modo que se o prefixarmos a saew para expressar “o veneno”, o resultada não é **i saew. “O veneno”, ao invés disso, deve ser i haew. Embora haew também signifique “hábito”, um usuário competente de sindarin não confundiria i haew (achando que isto significa “o hábito” ao invés de “o veneno”). Pois na mesma posição onde o s se torna h, a regra de mutação também dita que o h se torna ch. Então, se combinarmos haew “hábito” com o artigo i, teremos i chaew para “o hábito”, com as palavra ainda sendo distintas. Contudo, é óbvio que há aqui um espaço considerável para confusão se o sistema de mutação do sindarin não for compreendido. É muito fácil imaginar algum estudante ingênuo vendo a combinação i haew em um texto e então procurando por haew ao invés de saew em sua lista de palavras – concluindo erroneamente que i haew significa “o hábito” ao invés de “o veneno”, uma vez que não lhe ocorre que haew é meramente a forma que a palavra saew assume nesta posição em particular. É bastante impossível usar adequadamente uma lista de palavras do sindarin a menos que se compreenda o sistema de mutação; em alguns casos a lista de palavras seria um claramente enganosa.
    Tentaremos descrever as várias mutações, assim como elas podem ser reconstruídas. Com as evidências reais sendo escassas, em muitos casos devemos retornar à nossa compreensão geral da fonologia sindarin para preencher as lacunas. O que se segue é baseado em uma análise completa (conduzida principalmente pelo eminente sindarista David Salo), mas publi- cações futuras podem bem provar que ela está errada em alguns aspectos. Entretanto, as mutações mais freqüentes (suave e nasal) são relativamente bem atestada, de forma que podemos reconstruir as regras com alguma segurança.

    I. MUTAÇÃO SUAVE

    A mutação mais freqüente, ela também é conhecida como lenição (= “suavização”). O nome reflete o fato de que, por esta mutação, sons “duros” ou mudos como p ou t se tornam “suavizados” (ou lenizados) para b e d sonoros, enquanto que o b e d originais são mais adiante “suavizados” para fricativos: v, dh. Descreveremos os efeitos da mutação suave antes de discutir em detalhes onde ela ocorre, mas pode ser notado que geralmente a lenição ocorre após partículas terminando em uma vogali (singular “o, a”). Em Letters: 279, Tolkien comenta sobre a linição c > g e observa que ela é uasda “após partículas estritamente associadas (como o artigo)”. O cenário fonológico para este fenômeno não é muito difícil de se compreender. Na evolução do sindarin, muitas consoantes mudaram ao suceder uma vogal; por exemplo, c se tornou g e t se tornou d (compare a palavra sindarin adar “pai” com a palavra primitiva atar, ainda preservada em quenya). O que aconteceu foi que partículas como preposições e artigos precedendo imediatamente uma palavra se tornaram tão estritamente associadas com a palavra em si que a expressão inteira de partícula + palavra principal foi percebida como um tipo de unidade. Assim, uma palavra como tâl “pé”, ao ocorrer em uma expressão como i tâl “o pé”, ficou sujeita à mesma regra que transformou uma palavra unificada como atar em adar: Há uma vogal precedendo o t, de modo que ele se transforma em d – e, enquanto tâl permaneceu como a palavra para “pé”, “o pé” de agora em diante é i dâl (veja LR: 298 com respeito a este exemplo). Veja abaixo a respeito dos vários usos da mutação suave; ao descrever as mutações em si, usaremos como exemplo as mudanças que ocorrem após o artigo definido i. quando tal partícula imediatamente precede uma palavra e está estreitamente associada a ela, tal como o artigo definidoA mutação suave transforma as oclusivas p, t e c em b, d e g sonoras; b e d originais se tornam v e dh, enquanto que g desaparece de um modo geral. (Deve ser notado que as mutações aqui descritas para b, d e gb, d e g primitivo. As letras iniciais b, de g em sindarin também podem derivar de mb, nd e ñg, e em tais casos, as formas lenizadas diferem. Veja a seção “O desenvolvimento das oclusivas nasalizadas” abaixo.) apenas se aplicam quando estes sons são produzidos a partir de

    pân “tábua” > i bân “a tábua”
    caw “topo” > i gaw “o topo”
    tâl “pé” > i dâl “o pé”
    bess “mulher” > i vess “a mulher”
    daw “escuridão” > i dhaw “a escuridão”
    gaw “vazio” > i ‘aw “o vazio”

    NOTA: g originalmente se transformava em gh fricativo posterior, mas este som posteriormente desapareceu (i ghaw se tornando i ‘aw). Para indicar que um g foi lenizado para zero, pode-se usar um apóstrofo como neste exemplo, mas os escritos de Tolkien são inconsistentes neste ponto. Em CI: 428 temos Curunír ‘Lân para “Saruman, o Branco”, o apóstrofo indicando evidentemente que a segunda palavra (o adjetivo “branco”) é glân quando não modificada. Cf. também galadh “árvore” > i ‘aladh “a árvore” em LR: 298 (lá escrita galað, i·’alað). Mas no Silmarillion temos nomes como Ered Wethrin “Montanhas Sombrias”, wethrin sendo a forma lenizada de gwethrin, a forma plural do adjetivo gwathren “sombrio” (compa- re com gwath “sombra”, LR: 396 s.v. WATH). Talvez uma grafia equivalente de Ered ‘Wethrin na verdade seria usada na escrita Tengwar, com Tolkien às vezes abandonando o apóstrofo em nomes que ocorrem em suas narrativas.Estas consoantes evidentemente passam pelas mesmas mutações se elas formam partes de encontros:

    blabed “bater de asas” > i vlabed “o bater de asas”
    brôg “urso” > i vrôg “o urso”
    claur “esplendor” > i glaur “o esplendor”
    crist “cutelo” (espada) > i grist “o cutelo”
    dring “martelo” > i dhring “o martelo”
    gloss “neve” > i ‘loss “a neve”
    grond “clava” > i ‘rond “a clava”
    gwath “sombra” > i ‘wath “a sombra”
    prestanneth “afeição” (perturbação) > i brestanneth “a afeição”
    trenarn “conto” > i drenarn “o conto”

    As consoantes h, s e m são lenizadas para ch, h e v, respectivamente:

    hammad “vestimenta” > i chammad “a vestimenta”
    salph “sopa” > i halph “a sopa”
    mellon “amigo” > i vellon “o amigo” (também escrito i mhellon)

    Se notará que b e m se tornam v quando lenizadas. Em alguns casos, a ambiguidade pode surgir. Considere dois adjetivos como bell “forte” e melli vess vell significa “a mulher forte” ou “a mulher querida”. (Em sindarin, um adjetivo geralmente sucedem algumas vezes é escrito mh (como na Carta do Rei, SD: 128-9: e aníra ennas suilannad mhellyn în, “ele deseja lá saudar seus amigos“). Parece que, no sindarin da Terceira, este mh não era mais pronunciado diferente de v, embora a distinção possa ter sido mantida na escrita Tengwar. Anteriormente, mh evidentemente foi uma nasal  distintamente variante de v, que também pode ser chamada de “mm fricativo (ou v nasal)”. “querido”; apenas o contexto pode decidir se o substantivo que ele descreve, e nesta posição, o adjetivo é lenizado.) O produto da mutação de aspirado”. Compare com o Apêndice E do SdA, na discussão sobre as runas: “para o sindarin (arcaico) era necessário um sinal paraO som hw (w mudo, como o wh do inglês em dialetos onde ele é mantido distinto de w) provavelmente se torna chw em posição de mutação:

    hwest “brisa” > i chwest “a brisa”

    (No “noldorin” do Etimologias, este som é chw em todas as posições, também onde a palavra não é lenizada, mas parece que Tolkien revisou isto.) F e th fricativos mudos, o n nasal e o r e l líquidos não são afetados pela mutação suave:

    fend “soleira” > i fend “a soleira”
    thond “raiz” > i thond “a raiz”
    nath “teia” > i nath “a teia”
    rem “rede” > i rem “a rede”
    lam “língua” > i lam “a língua”

    O comportamento de rh e lh líquidos mudos em posição de mutação é um tanto incerto. A visão apresentada em versões anteriores deste artigo foi de que eles se transformam em r e l sonoros normais. Isto foi baseado primeiramente no exemplo rhass “precipício”, com o artigo i rass (LR: 363 s.v. KHARÁS). Contudo, isto provavelmente é “noldorin” ao invés de sindarin. Uma das revisões que Tolkien fez quando ele transformou o “noldorin” em sindarin afetou os sons rh elh. Em “noldorin”, eles se originaram a partir de r e l normais no idioma primitivo, onde estes sons inicialmente ocorreram. Entretanto, Tolkien decidiu posteriormente que r e l iniciais primitivos ficaram inalterados em sindarin, uma palavra primitiva como lambâ “língua” dando origem à palavra sindarin lam (WJ: 394; compare com o “noldorin” mais primitivo, onde esta palavra havia sido, ao invés disso, lham: LR: 367 s.v. LAB). Os sons rh e lh ainda ocorrem inicialmente em sindarin, mas neste idioma eles são produzidos a partir de sr– e sl– iniciais primitivos (ex: srawê > sindarin rhaw, MR: 350), e não de r-, l– simples. Esta nova derivação deve ser levada em consideração quando fazemos uma suposição sobre como o rh e lh do sindarin se comportam em posição de mutação. Basicamente, a mutação suave corresponde a como certas consoantes se desenvolvem ao sucederem vogais. Sr e sl primitivos medianos se tornaram thr e thl; ex: a palavra “noldorin” lhathron “ouvinte” (sindarin lathron?) a partir da primitiva la(n)sro-ndo (LR: 368 s.v. LAS2). Assim, talvez isto também seja o que a mutação suave de rh– e lh– produziria, apesar de carecermos de exemplos:

    rhaw “carne” > i thraw “a carne” (primitiva *i srawê)
    lhûg “dragão” > i thlûg “o dragão” (primitiva *i slôkê)

    Os usos da mutação suave: a mutação suave possui uma variedade de usos. Ela ocorre após uma série de partículas, preposições e prefixos, o exemplo que usamos até agora – o artigo definido i – sendo apenas uma destas partículas. Tipicamente, estamos falando sobre partículas que, ou terminam em uma vogal, ou terminavam em uma vogal em um estágio primitivo. Uma preposição como na “para, a” desencadeia as mesmas mutações que o artigo i, por exemplo na venn “a um homem” (benn não mutado). No hino à Elbereth (A Elbereth Gilthoniel) temos a expressão na-chaered “a uma distância remota” (ver RGEO: 72 para a tradução), haered “distância remota, a remota” passando por mutação suave para se tornar chaered. (Para haered como a forma não mutada, compare com o nome Haerast “Litoral Distante” mencionado no glossário do Silmarillion; veja a entrada Nevrast.) Sabemos ou deduzimos que a mutação suave ocorre após os seguintes prefixos e partículas:

              – o prefixo e preposição (?) ab “após, depois, seguinte, posterior” (uma vez que esta era apa mais antiga em quenya)
    – a preposição adel “atrás, na traseira (de)” (uma vez que esta provavelmente era *atele em sindarin antigo)
    – a preposição e prefixo am “em cima, acima, sobre” (cf. a palavra em quenya amba); a mutação suave é atestada em palavras compostas como ambenn “ladeira acima” (am + uma forma lenizada de pend, penn
    – o prefixo ath– “em ambos os lados, através de” (*attha mais antigo)
    – o prefixo athra– “através” (cf. uma palavra como athrabeth, “debate”, o segundo elemento sendo uma forma lenizada de peth
    – a preposição be “de acordo com” (talvez também “como”, uma vez que ela deve corresponder à palavra em quenya ve)
    – o advérbio/prefixo dad “abaixo” (cf. dadbenn “ladeira abaixo”, que é dad + uma forma lenizada de pend, penn “declividade”)
    – a preposição di “sob, debaixo de”
    – o prefixo go-, gwa– “junto” (possivelmente também usada como uma preposição independente “com”)
    – a preposição na “para, em direção de, por, com”
    – a preposição nu (no) “sob”
    – a preposição trî “através” e o prefixo correspondente tre
    – o elemento negativo ú-, u– “não” ou “sem”, usado como um prefixo; ex: ú-chebin *”eu não guardo” no linnod de Gilraen (compare a palavra não modificada hebin “eu guardo”). Cf. também uma palavra como ubed “negação” (u + ped, a última sendo o radical do verbo “dizer”, assim ubed = “não-dizer”).
    “declive”) “palavra”)

    A frase guren bêd enni “meu coração me conta” (VT41: 11) incorpora uma forma lenizada do verbo pêd “conta”. Este exemplo parece indicar que um verbo, sucedendo imediatamente seu sujeito, é lenizado. Este não é o caso se o verbo vem antes do sujeito, como na frase silivren penna (…) aglar elenath! “reluzindo branca se curva (…) a glória da hoste estrelada”. Se o verbo penna “curvar” viesse após seu sujeito, ele provavelmente seria lenizado: *Silivren aglar elenath benna, “reluzindo branca, a glória da hoste estrelada se curva” (talvez uma ordem de palavras mais normal; a versão no SdA é poética).
    Em sindarin, adjetivos (incluindo particípios) sucedendo o substantivo que eles descrevem são geralmente lenizados. Em sindarin, um adjetivo geralmente sucede o substantivo que ele descreve; ex: Tol Galen “Ilha Verde”. Galen aqui é a forma lenizada de calen “verde”. Outro exemplo do mesmo nome Pinnath Gelin “Cadeias (de montanhas) Verdes”, gelincelin, por sua vez o plural de calen (no plural para concordar com “cadeias”). O nome Talath Dirnen “Planície Protegida” contém uma forma lenizada do particípio passado tirnentir– “observar, guardar, proteger”). Eryn “bosque, fleresta” + morn “escuro” produz Eryn Vorn “Floresta Escura” (CI: 295). Dor Dhínen “Terra Silenciosa” inclui a forma lenizada de dínen “silenciosa” (WJ: 333, 338). Existem, entretanto, poucos casos atestados onde a mutação falha em assumir seu lugar em tal combinação. O nome Dor Dhínen recém mencionado também aparece como Dor DínenSilmarillion publicado). Do SdA também nos lembramos  de Rath Dínen ou “Rua Silenciosa” em Minas Tirith; poderíamos supor, ao invés disso, *Rath Dhínen. (Porém, a forma Barad-dûr ao invés de *Barad-dhûr para “Torre Escura” pode ser explicada pelo fato de que as palavras são aqui praticamente um composto, como indicado pelo hífen – apesar do segundo elemento de palavra compostas também ser lenizado, veja abaixo.) Casos de d onde poderíamos supor dh podem em algumas ocasiões ser explicados como transcrição errada da parte de Tolkien, uma vez que ele às vezes substituía d por dh simplesmente porque ele achava o último dígrafo “rude” (CI: 267). Porém, não podemos explicar facilmente casos como Cú Beleg ao invés de *Cú Veleg para “Grande Arco” (beleg “grande”; para “grande arco” cf. a canção Laer Cú Beleg ou “Canção do Grande Arco” mencionada no Silmarillion, capítulo 21). Outro exemplo é o nome Nan Tathren, “Vale dos Salgueiros”; esperaríamos, ao invés disso, *Nan Dathren. Provavelmente temos que supor que as discrepâncias existem simplesmente devido ao fato de que havia muitas variantes ou dialetos de sindarin; as regras que dizem onde a mutação suave ocorre diferem um pouco de dialeto para dialeto. (Eu aconselharia, porém, que, ao escrever em sindarin, deixassem os adjetivos serem lenizados nesta posição, uma vez que esta parece ser a regra principal.)
    Quando uma palavra é usada como o segundo elemento de uma palavra composta, ela freqüentemente passa por mudanças parecidas com os efeitos da mutação suave. Tolkien afirmou (em Letters: 279) que “as iniciais de palavras em composição” são lenizadas (ele usou o exemplo Gil-galad, que representa *Gil-calad “Luz Estelar”; cf. a palavra não lenizada calad “luz” em CI: 60 – outra explicação do elemento galad, porém, é dada em PM: 347). Em RGEO: 73, Tolkien menciona “a mudança em s[indarin] de t > d mediano”: no hino à Elbereth temos palan-dírielpalan-tíriel “vislumbar além” (compare com o verbo tir– “observar, ver, guardar”).
    Outros exemplos incluem palavras compostas como Calenhadcalen “verde” + sad “lugar, ponto”, CI: 495), ElvellynEl = forma reduzida da palavra para “elfo” + mellynNindalf “Planície Úmida” (uma palavra composta de nîn “úmido” e talf “campo plano”, ver A Tolkien Compass pág. 195). Os mal informados têm algumas vezes suposto que um nome como GildorGondor, Mordor etc., mas “Terra da Estrela” parece um nome bem estranho para uma pessoa. O elemento final de Gildor na verdade é taur “rei, senhor”, combinado com um adjetivo idêntico significando “altivo, nobre”. Em Gildor, t se torna d por lenição, e o au não acentuado se torna o. O nome é melhor interpretado “Senhor da Estrela”.
    O advérbio de negação avo, que é usado com um imperativo para expressar um comando negativo, ocasiona mutação suave do verbo que o sucede: caro! “faça (isto)!”, mas avo garo! “não faça (isto)!” Avo também pode ser reduzido para o prefixo av-, ainda seguido pela mesma mutação: avgaro significa o mesmo que avo garo. Veja WJ: 371.
    Um substantivo também é lenizado se ele aparece como o objeto de um verbo, mesmo se não houver um artigo o precedendo. Assim, o sindarin possui um tipo de “acusativo”. Note uma frase da Carta do Rei: ennas aníra i aran… suilan- nad mhellyn în, “lá o rei deseja… saudar seus amigos“, mhellyn sendo a forma lenizada de mellyn “amigos” (e uma grafia variante de vellyn como em Elvellyn “amigos-dos-elfos” acima). A palavra “amigos” é lenizada como o objeto do verbo “saudar”. Pode-se imaginar se a falta de lenição foi a razão pela qual Gandalf compreendeu errado a inscrição do Portão de Moria: pedo mellon a minno, “fale ‘amigo’ e entre”. Gandalf, como lembramos, primeiramente pensou que isto significava “fale, amigo, e entre”. Geralmente, mellon presumidamente deveria estar lenizado como o objeto de pedo “fale” (*pedo vellon), mas aqueles que fizeram a inscrição evidentemente ignoraram as regras normais de lenição e deram a palavra mellon na forma exata na qual ela devia ser dita para as portas abrirem. (É claro, não sabemos exatamente como a “mágica” ou mecanismo para-tecnológico por trás das portas funcionava, mas devia ser algum tipo de inteligência artificial respondendo apenas à sequência sonora M-E-L-L-O-N.) Talvez tenha sido por causa disso que Gandalf não compreendeu primeiramente que mellon era o objeto de pedo “diga, fale” e pensou que, ao invés disso, fosse um vocativo: “fale, ó amigo!” Pode ser que a forma de sindarin usada nesta inscrição realmente não usasse a lenição de m para mh/v, mas na verdade há uma variante da inscrição do Portão de Moria onde os tengwar parecem ler pedo mhellon ao invés de pedo mellon. (Veja J. R. R. Tolkien: Artist & Illustrator, pág. 158.)
    Se pensou anteriormente que a conjunção a “e” ocasionava a mutação suave (uma visão que também foi refletida em algumas das versões mais antigas deste artigo). Isto aconteceu por causa da expressão Daur a Berhael “Frodo e Samwise” em SdA3/VI cap. 4: alguém observou corretamente que Berhael “Samwise” é uma forma lenizada de Perhael e concluiu precipitadamente que fora a conjunção precedente aa minno, e não **a vinno, para “e entre”. Visto que mellon “amigo” falha em lenizar para vellon na mesma inscrição, pode -se pensar que a inscrição está em uma forma de sindarin que não usa a lenição m > v. Porém, como mencionado acima, uma forma alternativa da inscrição ocorre em J. R. R. Tolkien: Artist & Illustrator pág. 158. Nesta versão, a palavra mellon é lenizada (mhellon/vellon) – mas a palavra minnoainda não mostra lenição, enterrando de uma vez por todas a teoria de que a “e” desencadeia a mutação suave. Por que, então, Perhael é lenizado? O contexto deve ser levado em consideração. A frase completa segue assim: Daur a Berhael, Conin en Annûn, eglerio!eglerio “louvai” é, claro, “Frodo e Sam”, e sendo objetos, estes nomes são lenizados. A frase é simplesmente uma forma rearranjada de *eglerio Daur a Berhael, Conin en Annûn “louvai Frodo e Sam, heróis do oeste”. Assim, não é apenas o nome Perhael que é lenizado (para Berhael); devemos supor que Daur também é uma forma lenizada, a versão não mutada sendo Taur. (De acordo com LR: 389 s.v. , TA3, o “Noldorin”/ sindarin possuía um antigo adjetivo taur “altivo, nobre”, usado em “títulos antigos”; este seria um epíteto honorário adequado para Frodo.) – Como o exemplo Daur a Berhael, Conin en Annûn “Frodo e Sam, heróis do oeste” indica, a lenição não é realizada em uma frase inteira quando a última parte fica meramente em justaposição com a primeira. As palavras principais, Taur e Perhael, são lenizadas – mas a expressão Conin en Annûn “heróis do oeste”, que meramente fica em justaposição com Daur a Berhael, não o é (assim, não temos “Gonin en Annûn”). Cf. também um exemplo como i Cherdir Perhael, Condir “o Mestre Samwise, Prefeito” da Carta do Rei: herdir “mestre” é lenizada por causa do artigo que a precede (na verdade, ela teria sido lenizada mesmo sem o artigo, uma vez que a expressão também é o objeto do verbo), mas aqui, o nome Perhael “Samwise” e seu título Condir não estão sujeitos à mutação suave, visto que eles ficam em justaposição com  Herdir (logo, não temos “i Cherdir Berhael, Gondir”). Assim, a regra é de que, quando várias palavras ficam em justaposição, apenas a primeira delas sofre mutação (e provavelmente isto serve para todas as mutações).
    sendo uma forma lenizada de “observado, protegido” (cf. o verbo em alguns textos (como no para * “Espaço Verde” ( “amigos-dos-elfos” ( “amigos”, WJ: 412) ou significa “Terra da Estrela”, isto é, que o elemento final é o mesmo de nomes de reinos como que causara a mutação. Contudo, a inscrição do Portão de Moria possui sucedendo a conjunção De acordo com Letters: 308, isto significa “Frodo e Sam, príncipes do oeste, louvai (-os)!” Na verdade não há qualquer pronome final “os” na frase em sindarin, como indicado pelos parênteses. O objeto do verbo

    NOTA: Tolkien revisava as regras de lenição repetidamente. Uma regra obsoleta pode ser mencionada. Como observado acima, o genitivo pode ser expresso apenas pela ordem das palavras em sindarin: Ennyn Durin Aran Moria, “Portas (de) Durin Senhor (de) Moria”. De acordo com uma regra que Tolkien posteriormente rejeitou, o segundo substantivo de tal construção é lenizado. Portanto, a primeira versão da inscrição do Portão de Moria teria a leitura Ennyn Dhurin Aran Voria, com Durin e Moria lenizados. Compare com algumas expressões genitivas do Etimologias LR: 369: Ar Vanwë, Ar Velegol, Ar Uiar para “Dia de Manwë”, “Dia de Belegol (Aulë)”, “Dia de Guiar (Ulmo)” (b e m sendo lenizadas para v e g para zero). Após a revisão, as formas presumidamente seriam *Ar Manwë, *Ar Belegol e *Ar Guiar.

    II. MUTAÇÃO NASAL

    Enquanto isto pode soar um pouco como um filme de terror (ou como Pinocchio), ela na verdade se refere a outro fenômeno importante na fonologia sindarin. Assim como o artigo i para o singular “o, a” desencadeia a mutação suave, o artigo in para o  plural “os, as” desencadeia a mutação nasal: Tolkien afirmou explicitamente que “a mutação nasal… aparece após o artigo plural em: thîw, i Pheriannath” (Letters: 427 – parece que Humphrey Carpenter, ao editar esta carta, pensou que “in” (em) é aqui a preposição inglesa ao invés do artigo sindarin in, uma vez que ele não usa itálico!) Outras partículas que desencadeiam a mutação nasal seriam a preposição e prefixo an “a, para” e a preposição dan “contra”, também usada como o prefixo “re-“.
    Os exemplos que Tolkien usou em Letters: 427 citados acima, thîwi Pheriannath, vêm da inscrição do Portão de Moria e do louvor que os Portadores do Anel receberam no campo de Cormallen. No primeiro temos i thiw hin para “estes sinais”, literalmente “os sinais estes”. (O encurtamento de thîw para thiw provavelmente tem algo a ver com a palavra seguinte hin “estes” e não tem que ser considerada aqui.) Frodo e Sam foram louvados com as palavras aglar ‘ni Pheriannath, “glória aos pequenos” (‘ni sendo a forma curta para an i “aos”). Mas por que o artigo iin? Outra anomalia parece ser a de que “letras” e “pequenos” de repente aparecem como thîw (thiw) e Pheriannath ao invés de tîw e Periannath, embora estas palavras sejam atestadas no próprio SdA (Apêndice B, a cronologia da Terceira Era, entrada para 1050: “os Periannath pela primeira vez são mencionados nos registros…” – enquanto que no Apêndice E é feita referência aos “Tengwar ou Tîw, aqui traduzidos como ‘letras’ “). Ambos os problemas são resolvidos quando levamos em consideração os efeitos da mutação nasal: i thîw e i Pheriannath representam na verdade in tîw e in Periannath. A Carta do Rei possui a Pherhael para “para Perhael (Samwise)”; isto representa an “para” + Perhael. Se quisessemos dizer in cirth = “as runas”, isto se manifestaria como i chirth. Em termo de fonologia diacrônica, todo este fenômeno é facilmente explicado. Em sindarin antigo, p, t e k (c) após um  n se tornaram aspirados, se transformando em ph, th e kh aspirados. Compare com uma palavra em sindarin antigo como thintha– “desvanecer” (LR: 392 s.v. THIN), representando indubitavelmente a palavra mais antiga *thintâ– com a desinência verbal comum –. Assim, também teríamos in tîw > i thîw (tht aspirado ao invés de um þ fricativo). Posteriormente, os aspirados se transformaram em fricativos e a nasal precedente foi assimilada por eles, desaparecendo (in þîw > iþ þîw, i þîw, geralmente escrito i thîw em letras romanas).
    As mutações nasais das oclusivas mudas p, t e c são, desse modo, ph, th e ch. Os encontros iniciais cl, cr, tr e pr provavelmente se comportam da mesma maneira como oclusivas simples quando a mutação nasal é adequada (então, se combinarmos palavras como claurcrûm “esquerdo”, trenarn “relato”, prestanneth “afeição” com a preposição an “a, para”, podemos ver a chlaur, a chrûm, a threnarn e a phrestanneth).
    As oclusivas mudas b, d e g se comportam diferentemente quando submetidas à mutação nasal. Elas não se tornam fricativas como as outras oclusivas mudas. Tem havido, entretanto, alguma confusão com respeito a esse comportamento. Versões anteriores deste artigo apresentaram a visão de que n + b, d, g produz mb, nd, ng. Há pouca dúvida de que foi de fato isto que Tolkien imaginou em certo estágio. Isto é evidente a partir do exemplo Cerch iMbelain “Foice dos Valar” em LR: 365 s.v. KIRIK, claramente cerch “foice” + in artigo plural “(d)os” + Belain “Valar”. Porém, um exemplo tardio indica que Tolkien abandonou este sistema “noldorin” no sindarin. Em WJ: 185, temos Taur-i-Melegyrn para “Floresta das Grandes Árvores”. Isto é claramente taur “floresta” + in artigo plural “(d)as” + beleg “grande” + yrn “árvores”. (A palavra beleg é listada no Apêndice do Silmarillion, como “forte”.) Aqui, n + b visto produzindo m; pelo mesmo sistema, “Foice dos Valar” com certeza seria would Cerch i Melain (e não, como antes, Mbelain). Por analogia, temos que concluir que n + d produz n simples, enquanto n + g aparece como ng (um som unitário como na palavra inglesa sing, algumas vezes escrito ñ por Tolkien, e não este som unitário seguido por um g distinto, como na palavra inglesa finger):
    e aparentemente é usado em conjunção com estas palavras no plural, quando já estabelecemos que a palavra para o plural “os, as” é aqui sendo “esplendor”,

    in pl. “os” + dúredhil “elfos escuros” = i núredhil “os elfos escuros”
    in pl. “as” + gelaidh “árvores” = i ngelaidh (isto é, i ñelaidh) “as árvores”
    in pl. “as” + beraid “torres” = i meraid “as torres”

    Teoricamente, temos consoantes longas ou duplas aqui (innúredhil, iññelaidh, immeraid), apesar disso dificilmente ser refletido na pronúncia. Mas no caso das preposições an “a, para” e dan “contra”, que desencadeiam mutações parecidas, estaria de acordo com os príncipios gerais de Tolkien indicar isto na ortografia (apesar de carecermos de exemplos exatamente paralelos):

    an + dúredhel “elfo escuro” = an núredhel (ao invés de simplesmente a núr…) “para um elfo escuro”
    an + galadh “árvore” = an ngaladh “para uma árvore” (grafia romana provisória de añ Ñaladh, o equivalente do qual provavelmente aparece em escrita Tengwar)
    an + barad “torre” = am marad “para uma torre”

    É desejável manter a preposição an claramente separada da conjunção aa núredhel, a marad (a primeira podendo ser mal interpretada como “e um elfo profundo”). “e”; pode surgir confusão se simplesmente escrevermosAntes de alguns encontros consonantais começando por oclusivas sonoras, tais como dr, gl, gr e gw, parece que nenhuma mutação em particluar ocorre. No Apêndice A do SdA, temos Haudh in Gwanûr para “Monte dos Gêmeos” (e não **Haudh i Ngwanûr); cf. também Bar-in-Gwael “Lar das Gaivotas” (?) em WJ: 418 (e não **Bar-i-Ngwael). Então, combinar an, dan, in com palavras como draug “lobo”, glân “fronteira”, grond “clava” ou gwêdh “ligação” pode produzir simplesmente dan draug “contra um lobo”, dan glân “contra uma fronteira”, dan grond “contra uma clava”, dan gwêdhin droeg “os lobos”, in glain “as fronteiras”, in grynd “as clavas”, in gwîdh “as ligações”). Compare com Tawar-in-Drúedain para “Floresta dos Drúedain (Woses)” em CI: 500; o dr inicial não é modificado por qualquer mutação nasal visível, mesmo sucedendo o artigo plural in “(d)os”. Cf. também a exclamação gurth an glamhoth “morte à horda do alarido (= orcs)” em CI: 32, 458, fornecendo um exemplo atestado de an “a, para” seguido por uma palavra em gl-. É provável, entretanto, que o n final de dan, an e in fosse pronunciado “ng” (ñ) antes de palavras começando com um encontro em g-, e talvez também escrito assim em Tengwar.
    Os encontros bl e br podem se tornar ml e mr quando submetidos à mutação nasal; ex: an “para” + brôg = a mrôg (ou am mrôg) “para um urso”, plural definido i mrýg “os ursos”. Não temos exemplos, mas os princípios gerais podem sugerir isto.
    Antes de m, a preposição an “a, para” aparece como am; a Carta do Rei possui am Meril para “a Meril [Rosa]”. Dan “contra” certamente se tornaria dam na mesma posição (dam Meril “contra Meril”). O artigo plural in aparece como i quando seguida de m; WJ: 418 possui Bar-i-Mýl para “Lar das Gaivotas” (modificado por Tolkien a partir de Bar-in-Mýl com o nGwaith-i-Mírdain “Povo dos Joalheiros”, representando claramente …in Mírdain. Antes de palavras em n, veríamos novamente in reduzido para i (cf. i Negyth para in Negyth “os anões”, WJ: 338). As preposições an e dan ficariam inalteradas.
    Antes de s, in é mais uma vez reduzido para i, como em Echad i Sedryn “Acampamento dos Fiéis” (CI: 168). As preposições an “a, para” e dan “contra” podem aparecer como as e das antes de s– (ex: as Silevril
    Nenhum exemplo mostra o que a mutação nasal faz ao r– inicial. No sindarin da Terceira Era, pelo menos, n + r produzia dhr (como em Caradhras = caran “vermelho” + ras(s) “chifre”). Então talvez, digamos, “contra um chifre”, dan + rass, produziria dadh rass??? Plural definido idh rais “os chifres”, para in rais? Mas no sindarin da Primeira Era, ou ao menos no dialeto doriathrin, podemos simplesmente ver dan rass, in raisAranrúth “Ira do Rei”, indicando que a mudança nr > dhr ainda não havia ocorrido em seus dias).
    Antes de l, a nasal final do artigo plural in desaparece. Compare com Dantilais como um nome do outono em PM: 135; isto é evidentemente Dant i Lais “Queda das Folhas” (para Dant in Lais) escrito em uma palavra como um pseudo- composto. As preposições an e danal e dal antes de uma palavra em l-.
    O comportamento do L e R mudos, isto é lh e rh, pode apenas ser suposto. An “para” + lhûg “dragão” ou rhavan “homem selvagem” pode produzir al ‘lûg “para um dragão”, adh ‘ravan “para um homem selvagem” (ou, com in = plural “os, as”, i ‘lýg para il ‘lýg “os dragões”, mas idh ‘revain “os homens selvagens”). O indicaria a perda de uma consoante, o s dos encontros originais sl– e sr– que resultaram em lh– e rh-. Veja em Mutação Mista abaixo sobre o exemplo atestado (?) e-‘Rach.
    A mutação nasal transforma h em ch, como em Narn i Chîn Húrini Chîn representando in Hîn (compare com hênhîn). Deve ser notado que a forma Narn i Hîn Húrin que ocorre no CI está errada. Em LR: 322, Christopher Tolkien confessa: “Narn i Chîn Húrin…é escrita dessa forma em todas as ocorrências, mas foi impropriamente modificada por mim para Narn i Hîn Húrin (porque eu não queria que Chîn fosse pronunciada como a palavra inglesa chin).” (Cf. MR: 373.) Antes de h > ch, as preposições an e dan simplesmente podem ser escritas a e da (a chên “para uma criança”, da chên “contra uma criança” – ach chên e dach chên também seriam uma possibilidade, mas nenhuma palavra em sindarin não modificada começa em ch, de modo que não pode haver confusão com a hên “e uma criança”).
    A mutação nasal de hw pode seguir o mesmo padrão (hipotético) de lh e rh; ex: an “para” + hwest “brisa” > a ‘west “para uma brisa”.
    Os sons th e f parecem imunes a todos os tipos de mutações. Inthynd “raízes” provavelmente apareceria simplesmente como i thynd; no caso de an “para” e dan “contra” podemos ver ath thond “para uma raiz” e dath thond “contra uma raiz”, ou pode-se simplesmente escrever a thond (e arriscar uma confusão com “e uma raiz”) e da thond. Da mesma forma, in > i antes de f (cf. i-Fennyr para in-Fennyr em LR: 387 s.v. SPAN). An e dan podem aparecer como af e daf antes de f; neste caso, o f final na verdade seria pronunciado [f] ao invés de [v], apesar das convenções ortográficas normais de Tolkien. Compare seu uso de efed “fora de” antes de palavras em f-; veja a seção sobre a Mutação Mista abaixo.
    “contra uma ligação” (plurais definidos intacto). Cf. também uma expressão como “para uma Silmaril”). (compare com o nome da espada de Thingol, podem aparecer como “Conto dos Filhos de Húrin”, “criança”, pl. pl. “as” + como uma forma assimilada de

    III. MUTAÇÃO MISTA

    “Mutação mista” não é um termo criado por Tolkien; não sabemos como ela a chamava. No material publicado, não há referência explícita à esta mutação em nenhum lugar; meramente observamos seus efeitos em alguns textos. Algumas vezes ela é parecida com a mutação nasal, e historicamente as duas mutações provavelmente estão envolvidas – assim sendo, esta mutação pode ser chamada “mista” (mas às vezes ela difere tanto da mutação suave como da mutação nasal!) Nada menos do que três exemplos de mutação mista são encontrados em uma frase na Carta do Rei: erin dolothen Ethuil, egor ben genediad Drannail erin Gwirith edwen “no oitavo [dia] da Primavera ou, no registro do Condado, no segundo  [dia] de abril”. Aqui temos três exemplos de preposições que incorporam o artigo definido na forma oblíqua -(i)n: duas vezes erin “no” (or “em” + in “o” > örin não mutado> erin tardio), mais ben, aqui traduzida “no”, mas mais literalmente “de acordo com o” (beveben genediad Drannail “de acordo com o registro do Condado”). Outras preposições que incorporam o artigo na forma –in ou –n, tais como nan “à, ao”, uin “de, desde” e possivelmente ‘nin “a/para o”, seriam seguidas pelas mesmas mutações (pelo menos no singular – no plural podemos ver a mutação nasal, cf. ‘ni Pheriannath “aos pequenos”, para ‘nin [= an in] Periannath). Mas de que tipo de mutações estamos falando?
    Por causa do –n podemos esperar algo parecido com a mutação nasal, mas a frase da Carta do Rei mostra que este não é o caso. Considere as expressões erin dolothen “no oitavo”, ben genediad “de acordo com o registro” e erin Gwirith edwen “em abril o segundo” (literalmente “no segundo de abril”). A forma não mutada de dolothentolothen (compare com toloth “oito”, LR: 394 s.v. TOL1-OTH/OT). Ainda assim não vemos qualquer mutação nasal (**eri[n] tholothen) mas, ao invés disso, uma mudança de t > d que é similar à mutação suave. Mas a mutação suave também lenizaria g a zero. Mesmo assim, genediad “registro” e Gwirith “abril” não são afetadas quando precedidas por ben e erin. (Sabemos que as formas não mutadas também apresentariam g-; para genediad, compare com o verbo gonod– “registrar, contar, computar” em LR: 378 s.v. NOT, enquanto que o nome do mês Gwirith é mencionado no Apêndice D do SdA.) Não vemos **erin ‘enediad e **erin ‘Wirith aqui com a mutação suave regular.
    O artigo genitivo singular e, en “do, da” desencadeia mutações parecidas. Considere alguns dos nomes dos vários contos listados em MR: 373. Em Narn e·Dinúviel, “Conto do Rouxinol”, vemos a mesma “mutação suave” t > d como em erin dolothen para erin tolothen (a forma não mutada de Dinúviel é, claro, o epíteto bem conhecido de Lúthien, Tinúviel). Mas novamente vemos que a mutação suave não afeta oclusivas sonoras como b, d e g (cf. Gwirith, genediad permanecendo inalterados): MR: 373 também lista Narn e·Dant Gondolin, “Conto da Queda de Gondolin”, onde dant “queda” não passa por mutação (sabemos que a forma não mutada também é dant; compare com Dantilais para *”Queda das Folhas = outono” em PM: 135; o radical é DAT, DANT “cair”, LR: 354). Não vemos **e·Dhant com mutação suave.
    A origem destas mutações “contraditórias” evidentemente tem a ver com as mutações suave e nasal operando em diferentes estágios na evolução do sindarin. Não precisamos entrar em complicações fonológicas aqui, mas simplesmente apresentar seus efeitos até onde eles podem ser reconstruídos – pois em grande parte, temos que contar com a reconstrução.
    “de acordo com” sendo claramente o cognato da palavra em quenya “como”; assim, “oitavo” é claramente

    Os efeitos melhor atestados da mutação mista podem ser deduzidos a partir dos exemplos dados acima. As oclusivas mudas p, t e c são sonorizadas para b, d e g (pân “tábua”, caw “topo”, tâl “pé” > e-bân “da tábua”, e-gaw “do topo”, e-dâl “do pé”, e da mesma forma erin bân, erin gaw e erin dâl para “na/no tábua/topo/pé”). As oclusivas sonorasb, d e gbenn “homem”, daw “escuridão”, gass “buraco” > e-benn “do homem”, e-daw “da escuridão”, e-gass “do buraco”, e da mesma forma, erin benn “no homem” etc.) Dificilmente é necessário motrar que há espaço para alguma confusão aqui, uma vez que a distinção fonética entre oclusivas sonoras e mudas é neutralizada nesta posição. Apenas o contexto pode nos dizer se, digamos, e-gost significa “da disputa [cost]” ou “do terror [gost]”. permanecem inalteradas (

    Antes de um encontro inicial tr-, provavelmente veríamos a forma completa do artigo genitivo (en), e o próprio encontro tr mutaria para dr; ex: trenarn “conto” > en-drenarn “do conto”. O dr original, como em draug “lobo”, se comportaria do mesmo modo, mas aqui, é claro, não há mutação visível (en-draug “do lobo”). Os encontro pr e br podem ambos surgir como mr, e o artigo assume a forma curta e-: prestannethe-mrestanneth “da afeição”, brôg “urso” > e-mrôg “do urso”. O encontro bl pode da mesma forma se tornar ml-, como em blabede-mlabed “do bater de asas”. Aqui a mutação mista é similar à mutação nasal. Os encontros cl– e cr– se comportariam mais como tr-, sendo sonorizados (para gl-, gr-), mas veríamos apenas a forma curta do artigo diante deles: claur “esplendor” > e-glaur “do esplendor”, crist “cutelo” (espada) > e-grist “do cutelo”. Por outro lado, a forma longa en– é usada antes de gl-, gr– e gw-, e estes encontros não passam por mudança: gloss “neve” > en-gloss “da neve” (compare com Methed-en-glad “Fim da Floresta” em CI:168), grond “clava” > en-grondgwath “sombra” > en-gwath “da sombra”. “afeição” > “bater de asas” > “da clava”,

    Antes de palavras em f-, o exemplo Taur-en-Faroth parece indicar que o artigo aparece em sua forma completa en– (para este exemplo, veja o Apêndice do Silmarillion, entrada farothTaur-en-Faroth não parece significar, porém, precisamente “Colinas dos Caçadores”). É muito incerto o modo como as palavras em h-, l-, m– e th– se comportariam; possivelmente o artigo genitivo assumiria a forma curta e-, e a consoante inicial não passaria por mudança: e-hên “da criança”, e-lam “da língua”, e-mellon “do amigo”, e-thond “da raiz”. Talvez também teríamos e– curto antes de palavras em s-, mas esta consoan- te provavelmente se tornaria h-: salph “sopa” > e-halph “da sopa”. Antes de n– temos en– longo; compare com um nome como Haudh-en-Nirnaeth “Colina das Lágrimas”, ocorrendo no Silmarillion. Antes de r– o artigo genitivo pode assumir a forma edh– por causa da desassimilação nr > dhr; ex: edh-rem “da rede”, mas en-rem também pode ser admissível, pelo menos no sindarin doriathrin.

    Isto deixa apenas três sons iniciais a serem considerados: todos descendem de encontros s-, ou seja, lh, rh e hw a partir dos primitivos sl-, sr– e sw-. Que efeito a mutação mista tem sobre L, R e W mudos? Temos uma confirmação possível de tal mutação: a expressão Narn e·’Rach Morgoth “Conto da Maldição de Morgoth” no MR: 373. Este exemplo indica que ‘rach é no que a palavra “maldição” se transforma quando sujeita à mutação mista. Infelizmente, esta palavra não é atestada de outra forma, de modo que não temos certeza de como a forma não mutada seria. Tem sido geralmente assumido que esta é uma forma lenizada de *grach. Mas assim sendo, exemplos análogos sugerem que “da maldição” seria *en-grach. Pode ser, então, que a forma não mutada seja na verdade *rhach, da primitiva *srakk-, o de e·’rach indicando a perda deste ss, embora não mais presente como um som distinto, tornou mudo o rrh). Se isto está correto, podemos supor que a mutação mista teria um efeito similar sobre lh e hw; ex: lhûg “dragão” > e-‘lûg “do dragão”, hwest “brisa” > e-‘west “da brisa”. (e/ou a perda de seus efeito sobre a forma não mutada, na qual o seguinte:

    As preposições que incorporam o artigo como –n ou –in desencadeariam mutações parecidas com aquelas recém descritas para o artigo genitivo en-, mas aparentemente não há variação entre formas onde o n está incluso e formas “curtas” onde ele é omitido, tornando paralela a variação en/e: um n representando o artigo está sempre presente. (Compare erin dolothen e e·Dant; não vemos **eri·dolothen paralelamente a e·Dant ou **en Dant paralelamente a erin dolothen.)

    IV. MUTAÇÃO OCLUSIVA

    O termo “mutação oclusiva” não ocorrem nos escritos publicados de Tolkien sobre o sindarin, mas uma referência a esta mutação (pelo seu nome) ocorre em uma das primeiras entradas do “Gnomish Lexicon” de 1917 (veja Parma Eldalamberon #11). Em material tardio, há uma breve referência ao que também poderia ser chamado de mutação oclusiva. Em WJ: 366, lemos: “como as mutações que sucedem as preposições o [‘de, a partir de’] mostram, inicialmente ela devia terminar em –t ou –d.” Infelizmente, o Professor não nos disse mais nada sobre estas mutações. Nossos poucos exemplos de o ocorrendo em textos parecem indicar que nada acontece a um m ou a um g sucedendo esta preposição (o menelo galadhremmin ennorath “das terras de árvores entrelaçadas da Terra-média” no hino à Elbereth, + o Minas Tirith “de Minas Tirith” na Carta do Rei), e o o também possui esta forma antes de vogais (o Imladris “desde/de Valfenda” em RGEO: 70, em escrita Tengwar; cf. também Celebrimbor o Eregion “Celebrimbor de Azevim” na inscrição do Portão de Moria). Tolkien posteriormente observou a respeito do desenvolvimento da preposição primitiva et “fora, fora de” em sindarin: “[ela] mantém sua consoante na forma ed antes de vogais, mas a perde antes de consoantes, embora es, ef e eth sejam frequentemente encontradas antes de s, f e th“. Usaremos ed para ilustrar as mutações causadas pela oclusiva final, tão bem quanto elas podem ser reconstruídas. Devido à falta de exemplos, muito do que se segue deve permanecer como dedução hipotética. “do céu” eAntes de uma vogal, Tolkien nos informa que vemos a forma básica eded Annûn “[fora] do oeste”). Mas antes de consoantes, ed aparece como e, mas a consoante seguinte freqüentemente mudaria. Se podemos confiar na nossa compreensão da evolução fonológica do sindarin, as oclusivas mudas t-, p– e c– se transformariam nas fricativas th-, ph– e ch– (os encontros tr-, pr-, cl– e cr– da mesma forma se tornam thr-, phr-, chl– e chr-): (ex:

    pân “tábua” > e phân “fora de uma tábua”
    caw “topo” > e chaw “fora de um topo”
    taur “floresta” > e thaur “fora de uma floresta”
    claur “esplendor” > e chlaur “fora de um esplendor”
    criss “fenda” > e chriss “fora de uma fenda”
    prestanneth “afeição” > e phrestanneth “fora de uma afeição”
    trenarn “conto” > e threnarn “fora de um conto”

    Por outro lado, as oclusivas sonoras b-, d– e g– (que ocorrem sozinhas ou em encontros bl-, br-, dr-, gl-, gr– e gw-) não passariam por mudança: compare com o galadhremmin ennorath “das terras de árvores entrelaçadas da Terra-média” no hino à Elbereth; a palavra galadh “árvore” está inalterada.

    barad “torre” > e barad “fora de uma torre”
    daw “obscuridade” > e daw “fora da obscuridade”
    gass “buraco” > e gass “fora de um buraco”
    bronwe “resistência” > e bronwe “fora de resistência”
    blabed “bater de asas” > e blabed “fora do bater de asas”
    dring “martelo” > e dring “fora de um martelo”
    gloss “neve” > e gloss “fora da neve”
    groth “caverna” > e groth “fora de uma caverna”
    gwath “sombra” > e gwath “fora da sombra”

    O sistema aqui esboçado se refere ao b, d e g normais; note que, onde estes sons vêm dos primitivos mb, nd e ñg, eles se comportam de maneira diferente. Veja “O desenvolvimento das oclusivas nasalizadas” abaixo. Palavras em m– e n– também não mudariam:

    môr “escuridão” > e môr “fora da escuridão”
    nath “teia” > e nath “fora da teia”

    Mas h– e hw– podem se tornar ch– e w-, respectivamente:

    haust “cama” > e chaust “fora de uma cama”
    hwest “brisa” > e west “fora de uma brisa”

    Quanto à forma de ed antes de s-, f– e th-, nos é dito que “es, ef e eth são freqüentemente encontrados” (WJ: 367) antes destas consoantes:

    sarch “túmulo” > es sarch “fora de um túmulo”
    falch “ravina” > ef falch “fora de uma ravina”
    thôl “elmo” > eth thôl “fora de um elmo”

    Entretanto, a expressão de Tolkien, “freqüentemente encontrados” ao invés de “sempre encontrados” indica que e sarch, e falch e e thôl seriam igualmente admissíveis. A preposição ned *”em”, que provavelmente se comporta como ed “fora de”, provavelmente não deve ser nef (mas sim ne) antes de uma palavra em f-, uma vez que a grafia nef causaria confusão com a preposição distinta nef “neste lado de”. (Não haveria confusão se não fosse pela idéia de Tolkien de que o [v] final deve ser escrito f na sua ortografia romana para o sindarin; nef “neste lado de” é pronunciado [nev], mas nef como uma forma de ned seria pronunciado [nef]. Ef e nef como formas de ed e ned deveriam, estritamente falando, ser escritos como eph, neph de acordo com o sistema ortográfico de Tolkien, visto que são pronunciados [ef] e [nef] – mas em WJ: 367, o próprio Tolkien usa a grafia “ef”!) Os líquidos mudos lh e rh podem se comportar como se tivéssemos assumido o que eles fazem sob influência de mutação suave: transformam-se em thl– e thr-. (Deve-se enfatizar que isto é especulação e, na melhor das hipóteses, um palpite qualificado, que serva para muitos dos possíveis efeitos da mutação oclusiva apresentados aqui. De todas as formas não atestadas, apenas o comportamento das oclusivas mudas é relativamente certo.)

    lhewig “orelha” > e thlewig “fora de um orelha”
    Rhûn “leste” > e Thrûn “fora do leste”

    Quanto aos sonoros l e r normais, os princípios da fonologia sindarin (até onde podem ser reconstruídos) podem sugerir que “fora de” apareceria aqui em sua forma completa, ed, a despeito da declaração de Tolkien em WJ: 367 de que a oclusiva final se perde antes de consoantes:

    lach “chama” > ed lach (e lach?) “fora de uma chama”
    rond “caverna” > ed rond (e rond?) “fora de uma caverna”

    Isto felizmente abrange as mutações causadas por ed “fora de”; nedo “de, desde, a partir de” causa as mesmas mutações, mas aqui a própria preposição não muda sua forma (sem variação correspondente a ed/e). Tolkien observou, porém, que o ocasionalmente aparece na forma od antes de vogais (WJ: 367). Como mencionado acima, o proprio Tolkien usou o Eregion “de Azevim” na inscrição do Portão de Moria e o Imladris para “desde/de Valfenda” em RGEO: 70 (em escrita Tengwar). Od Eregion e od Imladrisod era mais comum antes de o– do que antes de outras vogais, de modo que (digamos) “de um orc” talvez devesse ser traduzido od orch ao invés de o orch para evitar duas vogais idênticas em hiato.
    *”em” se comportaria da mesma forma. A preposição aparentemente teriam sido possíveis, mas não necessariamente. Contudo, Tolkien observou que

    V. MUTAÇÃO LÍQUIDA

    Esta mutação representa um ato de fé. Ela não é mencionada, insinuada ou diretamente exemplificada em qualquer lugar no material publicado; ainda assim, nossa compreensão geral da fonologia sindarin parece exigí-la. Se Tolkien aderiu às suas próprias regras (ele o fez algumas vezes), tem que haver uma mutação líquida. Sabemos que, sucedendo  l e r líquidas, o sindarin em certo ponto mudou as oclusivas para fricativas (CI: 299, nota de rodapé); compare a palavra telerin alpa “cisne” com a sindarin alph, ou a palavra em quenya urco “orc” com a em sindarin orch. Isto não acontece apenas em palavras unitárias. O prefixo or– “sobre”, claramente separável, causa uma mudança parecida no verbo ortheri “dominar, conquistar”, literalmente *”sobrepujar” (LR: 395, onde o radical é dado como TUR “poder, controle”). Há pouca razão para duvidar de que or, também quando aparece como uma preposição independente “sobre, acima, em”, desencadearia mudanças parecidas na palavra seguinte: oclusivas se tornam fricativas.

    pân “tábua” > or phân “acima de uma tábua”
    caw “topo” > or chaw “acima do um topo”
    tâl “pé” > or thâl “acima de um pé”
    benn “homem” > or venn “acima de um homem”
    doron “carvalho” > or dhoron “acima de um carvalho”

    G originalmente se transformou em um gh fricativo, mas este som desapareceu posteriormente (indicado por onde ele ocorreu anteriormente):

    galadh “árvore” > or ‘aladh “acima de uma árvore” (da arcaica or ghaladh)

    Não importa se a oclusiva inicial ocorre sozinha ou como parte de um encontro; ela ainda se transformaria em uma fricativa sob a influência da mutação líquida (tr– > thr-, pr– > phr, cl– > chl-, cr– > chr-, dr– > dhr-, bl– > vl-, br– > vr-, gl– > ‘l, gr– > ‘r, gw– > ‘w). M, como b, provavelmente se transformaria em v quando sujeita à mutação líquida. Esta mudança é vista em palavra unitárias; cf. a primitiva *gormê (quenya ormë) “pressa” dando origem à palavra sindarin gorf (LR: 359 s.v. GOR; gorf é, claro, apenas o modo de Tolkien escrever gorv, visto que o [v] final é representado pela letra f). Assim:

    mîr “jóia” > or vîr “acima de uma jóia” (arcaica or mhîr, onde mh = v nasalizado)

    H– e hw– provavelmente são fortalecidos para ch– e chw-, sob a influência da mutação líquida:

    habad “costa” > or chabad “acima de uma costa”
    hwand “fungo” > or chwand “acima de um fungo”

    Para a mudança h > ch, compare com uma palavra como hall “alto” se tornando –chal quando or– é prefixada para produzir uma palavra para “superior, altivo, eminente” – orchal literalmente significa mais-alto, extra-alto. (“Orchel” em LR: 363 s.v. KHAL2 é um erro; compare com WJ: 305.) As líquidas lh e rh mudas podem se tornar ‘l e ‘r, como supomos ser o caso ma mutação nasal e mista:

    lhûg “dragão” > or ‘lûg “acima de um dragão”
    Rhûn “leste” > or ‘Rûn “acima do leste”

    As líquidas r e l sonoras não seriam afetadas pela mutação líquida:

    rem “rede” > or rem “acima de uma rede”
    lam “língua” > or lam “acima de uma língua”

    As fricativas f e th mudas, o n nasal e o s sibilante também não seriam afetados:

    fend “soleira” > or fend “acima de uma soleira”
    thond “raiz” > or thond “acima de uma raiz”
    nath “teia” > or nath “acima de uma teia”
    sirith “correnteza” > or sirith “acima de uma correnteza”

    CASOS ESPECIAIS: o desenvolvimento das oclusivas nasalizadas

    Existe uma subcategoria de palavras em b-, d– e g– que precisa ser observada, e que deve ser memorizada separadamente. Nas palavras em questão, b-, d– e g– não vêm de b-, d– e g– no idioma primitivo. Ao invés disso, elas originalmente eram as oclusivas nasalizadas mb-, nd– e ñg– (ñng como na palavra inglesa sing, e ñg sendo, portanto, pronunciado como “ng” na palavra inglesa finger, com um distinto g audível). Em sindarin, você não pode dizer facilmente se a consoante inicial em uma palavra como golodh “noldo” é um g “normal”, isto é, um que sempre foi g, ou se ela representa o ñg– mais primitivo. Mas é importante saber isto pois, quando as mutações são esperadas, uma palavra que orginalmente começava em uma oclusiva nasalizada se comporta bem diferente de uma palavra que sempre possuiu uma oclusiva simples. Por exemplo, se a primeira consoante de golodh tivesse sido um g “normal”, prefixar o artigo i teria produzido i ‘olodh para “o noldo” – ggaladh “árvore” > i ‘aladh “a árvore” (LR: 298). Mas o g de galadhg simples no idioma primitivo (onde a palavra aparecia como galadâ). O g de golodh, por outro lado, originalmente era ñg; a palavra descende da primitiva ñgolodô. Quando prefixamos o artigo e, por conseguinte, a mutação suave, a forma resultante na verdade não é i ‘olodh, mas sim i ngolodh. representando o som de sendo lenizado a zero por causa da mutação suave desencadeada pelo artigo. Cf. um exemplo citado acima, na seção sobre a mutação suave: também era umJá no idioma “gnômico” mais primitivo de Tolkien (por volta de 1917), encontramos a idéia de que as oclusivas nasalizadas originais se comportavam de um modo especial em posição de mutação. Na Gramática Gnômica de 1917 (publicada junto com o Léxico Gnômico no Parma Eldalamberon #11), o princípio descrito é o de que as oclusivas nasalizadas originais eram preservadas quando o artigo é prefixado. Assim temos, por exemplo, balrog “demônio, balrog” > i mbalrog “o demônio”, dôr “terra” > i ndôr “a terra”, golda “gnomo, noldo” > i ngolda “o gnomo”. Este sistema ainda é válido no sindarin? Em WJ: 383, em um ensaio datando de cerca de 1960, Tolkien indicou que a palavra sindarin para noldo era “golodhngolodh)”. Desse modo, a palavra golodh às vezes aparece como ngolodh. No ensaio em questão, Tolkien não deixa claro onde a forma ngolodhgolodh/ngolodh parecia corresponder à palavra gnômica golda/ngolda. Versões anteriores deste artigo apresentaram, entretanto, a visão de que a mutação suave de b, d e g, onde estes sons eram nasalizados no idioma primitivo, é mb, nd, e ng – as oclusivas nasalizadas sendo restauradas, ou de preferência preservadas, nesta posi-
    ção.
    ( seria usada, mas a variação

    Contudo, um olhar mais atento à fonologia sindarin parece indicar que foi precipitado concluir que o sistema “gnômico” ainda era válido em élfico-cinzento tardio (e demonstra que o material mais primitivo de Tolkien deve ser tratado com considerável ceticismo se se quiser aprender o élfico do estilo do SdA, apesar de certas declarações feitas pelos editores de que a publicação da Gramática e do Léxico Gnômico jogaria mais luz sobre o sindarin). A mutação suave corresponde a como certas consoantes ou grupos consonantais se desenvolvem entre vogais. Ela é desencadeada, entre outras coisas, pelo prefixo de negação ú-. Então, se o prefixarmos a um verbo como bartha– “condenar”, derivado do radical MBARAT, o que conseguimos? A palavra relacionada úmarth “desgraça”, onde o mesmo prefixo ocorre (embora com uma nuança de significado diferente), aponta claramente para *ú-martha para “não condenar”. A mutação suave de b, onde ele representa o mb primitivo, é desse modo m. A mutação suave de d derivada do nd primitivo seria então n. Isto corresponde amplamente ao desenvolvimento de mb e nd medialmente, onde eles se tornam m(m) e n(n) – ex: amar “terra” como o cognato da palavra em quenya ambar, ou annon “portão” correspondendo à palavra em quenya andon. O que dizer, então, da forma atestada ngolodh – aparentemente a mutação suave de golodh? O encontro original inicial da palavra primitiva ngolodô não é preservado aqui, assim como em gnômico? Provavelmente não; estamos simplesmente sendo confundidos por uma infeliz deficiência do alfabeto inglês, a ausência de uma única letra para o som que freqüentemente se escreve ng, como em sing, thing. Como já mencionado, Tolkien às vezes indicou este som como ñ. Este simples som unitário deve ser distinguido de ñ + g, que é o que a grafia ng indica em finger. Parece que na palavra sindarin ngolodh, o ng inicial deve ser pronunciado como em sing, isto é, ñ simples sem g audível – enquanto que na palavra gnômica ngolda, a grafia ng indica um encontro real, pronunciado como na palavra inglesa finger. Assim, os produtos da mutação de g a partir do ñg primitivo não são os mesmos em sindarin e gnômico no final das contas, e o tratamento de b e d a partir de mb e nd também difere.

    bâr “terra, casa” (radical MBAR) > i mâr “a terra, a casa” (e não i mbâr como indicado em versões anteriores deste artigo)
    dôl “cabeça” (primitiva ndolo) > i nôl “a cabeça” (e não i ndôl)
    golodh “noldo” (primitiva ngolodô) > i ngolodh “o noldo” (isto é, i ñolodh, e não i Ñgolodh com um encontro consonantal real)

    Encontros reais, ou oclusivas nasalizadas, surgem quando a mutação nasalbâr “terra, casa”, bair, ocorre na Carta do Rei (SD: 129), combinado com o artigo plural in, e esta combinação produz i Mbair “as terras”. Assim, quando in = plural “os, as” ocorre ante de b ou dmb e nd, o n final da partícula é retirado, mas a oclusiva nasalizada original reaparece. No caso de outras partículas desencadeando a mutação nasal, ou seja, an “para” e dan “contra”, pode ser conveniente deixar a nasal final partícula permanecer na grafia; por exemplo, “para uma terra” (an + bâr) pode ser representado como am mbâr (an se tornando am antes de m-), e da mesma forma dam mbâr “contra uma terra” (dan + bâr). De maneira similar an ndôl “para uma cabeça” e dan ndôl “contra uma cabeça” (an/dan + dôl).
    Quanto à mutação nasal de g a partir de ng, este seria no mesmo princípio ng; logo, se você quer dizer “para um noldo” (an + golodh), esperaríamos an ngolodh (na verdade, añ ñgolodh, com ñg como ng na palavra inglesa finger, com um g audível). Esta grafia, entretanto, criaria um problema. A forma nasal mutada do g normal (derivada do g primitivo, e não do ng) também é escrita ng (ex: an + galadh = an ngaladh [isto é, añ ñaladh] “para uma árvoree”). Manter a distinção entre ñ e ñg não é problema na escrita Tengwar, mas ao usar nosso alfabeto para escrever sindarin, temos que usar soluções especiais. O plural gelydh, quando combinado com o artigo in, pode ter produzido i ngelydh (isto é, i(ñ) ñgelydh – a grafia correspondente seria usada na escrita Tengwar). Mas, presumidamente, para deixar isto claro, que a pronúncia pretendida é de fato i ñgelydh e não i ñelydh, Tolkien usou, ao invés disso, a grafia in gelydh (cf. os nomes de lugares como Annon-in-Gelydh “Portão dos Noldor” mencionado no Silmarillion). Deste modo – ao se manter o n e o gñg ao invés de ñ – a distinção pode ser mantida. Assim, “para um noldo” ou “contra um noldo” também seria simplesmente an golodh, dan Golodh (como se não houvesse qualquer mutação – mas se deve notar que as grafias próprias ou ideais seriam a(ñ) ñgolodh e da(ñ) ñgolodh, e que a grafia correspondente seria usada na escrita Tengwar). Quando in, dan ou ang-, lembre-se que o n final é pronunciado ngsing.
    é pretendida. O plural de representando claramente separados quando a pronúncia pretendida é preceder uma palavra em como emNOTA: é interessante notar as diferentes mutações afetando o plural coletivo gaurhoth = “lobisomens” ou “horda de lobisomens”. Gaur “lobisomem” vem de um radical ng (ÑGAW “uivo”, LR: 377). No caso de um plural coletivo como gaurhoth, é opcional usar o artigo singular i ou o artigo plural in. Em uma das magias de fogo de Gandalf, naur dan i ngaurhoth! *”fogo contra os lobisomens!”, o artigo singular i é usado, causando mutação suave: i ngaurhoth = i ñaurhoth. Mas no Silmarillion, encontramos o nome de lugar Tol-in-Gaurhoth “Ilha dos Lobisomens”, onde o artigo plural in é usado na frente do mesmo plural coletivo. A grafia romana in-Gaurhoth aqui representa i Ñgaurhoth com a mutação nasal desencadeada pela nasal final de in, exatamente paralela a in-gelydh = i ñgelydh “os noldor”.

    Quanto à mutação mista de b, d e g a partir de mb, nd e ng, o exemplo Narn e·mbar Hador *”Conto da casa de Hador” indica que ela é similar à mutação nasal, mbar “casa” exemplificando a mutação mista de bar (bâr) “casa, lar, terra” (radical MBAR “habitar, morar”, embora esta palavra não seja listada no Etim, LR: 372). Assim, b, d e g novamente “revertem” para mb, nd, ng originais e, da mesma forma que temos e-mbar para “da casa”, veríamos, por exemplo, e-ndôl “da cabeça”, en-golodh “do noldo” (grafia romana provisória de e-ñgolodh). Mas grafias como en-ndôlHaudh-en-Ndengin “Colina dos Mortos” de ocorre no Silmarillion.
    Quando o artigo aparece como –n ou –in diretamente sufixado a uma preposição, como em nan “para o/a, à, ao” (na “para” + –n “o, a”), este –n final não parece ser assimilado de qualquer modo (ao menos isto não é refletido mesmo na escrita Tengwar):
    também podem ser admissíveis; compare com um nome como

    nan “para a” + bâr “casa” = nan mbâr “para a casa”
    nan “para a” + dôl “cabeça” = nan ndôl “para a cabeça”
    nan “para o” + golodh “noldo” = nan golodh (grafia romana provisória e não completamente satisfatória para nan ñgolodh) “para o noldo”

    A mutação oclusiva sucedendo preposições como o “desde/de”, ed “fora de” e ned “em” produziria formas parecidas com a mutação mista acima. As preposições ed e ned apareceriam nas formas curtas e e ne (mas e ñg– e ne ñg– infelizmente têm que ser representadas como en g– e nen g– na grafia romana; morfologicamente falando, a nasal não tem o que fazer onde ortograficamente nos força a colocá-la):

    bâr “casa” > e mbâr “fora de uma casa”
    dôr “terra” > e ndôr “fora de uma terra”
    gorth “horror” > en gorth “fora de um horror” (grafia romana provisória para o que apropriadamente é e ñgorth – não confundir com en-gorth “de horror”)

    A mutação líquida causada provavelmente pela preposição or “sobre, acima, em” não teria efeito aparente sobre b-, d– e g– que descendem das oclusivas nasalizadas primitivas (enquanto que b-, d– e g– “normais” se transformam em v-, dh-, – fricativos):

    bâr “casa” > or bâr “acima de uma casa”
    dôr “terra” > or dôr “acima de uma terra”
    golodh “noldor” > or golodh “acima de um noldo”

    As palavras envolvidas: as palavras com b, d e g iniciais representando oclusivas nasalizadas primitivas devem ser memorizadas, e tentaremos listar a maioria delas. Como um exemplo de uma mutação real, usamos a lenição (mutação suave); as outras mutações estão descritas acima. Onde a palavra em questão é um verbo e não um substantivo, listo a forma que ela teria após a partícula i quando usada como um pronome relativo (“quem, qual”) e não como o artigo “o, a”; uma vez que este é meramente um uso secundário do artigo definido (também encontrado em alemão), as mutações que o seguem são as mesmas. Logo, a partir de bartho “condenar” temos, por exemplo, i martha “que condena” ou “aquele que condena” (verbos com infinitivos em –o formando seu tempo presente em –a; veja a seção sobre verbos abaixo). No plural, o artigo plural in é usado como um pronome relativo, desencadeando a mutação nasal (assim, “mortos que vivem” é gyrth i chuinar = …in cuinar), de modo que “que condenam” ou “aqueles que condenam” deve ser i mbarthar. 1: mutação de B a partir de MB primitivo

    As palavras de “comércio” deriavadas a partir do radical primitivo MBAKH:

    bachor “comerciante” > i machor “o comerciante”
    bach “artigo (para troca)” > i mach “o artigo”

    O par “condenação” a partir de MBARAT:

    barad “condenado” > i marad “o condenado” (compare com a palavra homófona barad “torre” > i varad “a torre”)
    bartho “condenar” > i martha “aquele que condena”

    O par “pão” a partir de MBAS:

    bast “pão” > i mast “o pão”
    basgorn “fatia” > i masgorn “a fatia”

    O grupo “cárcere” a partir de MBAD e MBAW:

    band “cárcere, prisão” > i mand “a prisão”
    baug “tirano (adj.), cruel, opressivo” > i maug “o tirano (adj.)”
    bauglo “oprimir” > i maugla “aquele que oprime”
    bauglir “tirano (subst.), opressor” > i mauglir “o tirano (subst.)”
    baur “necessidade” > i maur “a necessidade”

    O grupo “festivo” a partir de MBER:

    bereth “festa, festival, banquete” > i mereth “a festa” (mas mereth > i vereth pode ser mais comum, cf. Mereth Aderthad, e não *Bereth Aderthad, para “Festa da Reunão” no Silmarillion)
    beren “festivo, alegre, contente” > i meren “o festivo”
    (compare com a palavra homófona beren “destemido” > i veren “o destemido” – mas uma vez que Tolkien evidentemente ficou com mereth ao invés de bereth como a palavra para “festa”, provavelmente  devemos ler meren ao inves de beren como a palavra para “festivo”)

    E vários:

    bâr “lar, terra” > i mâr “o lar” (radical MBAR, mas esta palavra não é apresentada no Etim)
    both “poça” > i moth “a poça” (MBOTH)
    bund “focinho, nariz, cabo” > i mund “o focinho” (MBUD)

    2: mutação de D a partir de ND primitivoO grupo “assassino” a partir de NDAK:

    daen “cadáver” > i naen “o cadáver”
    dangen “morto” > i nangen “o morto”
    dagor (de dagr mais antiga) “batalha” > i nagor (i nagr) “a batalha”
    daug “guerreiro (órquico)” > i naug “o guerreiro”

    O grupo “martelo” a partir de NDAM:

    dam “martelo” > i nam “o martelo”
    damma– “martelar” como verbo (“damna” em LR: 375 deve ser um erro) > i namma “aquele que martela”

    O par “cabeça” a partir de NDOL:

    dôl “cabeça” > i nôl “a cabeça”
    dolt “protuberância” > i nolt “protuberância”

    (Estas podem ser um tanto incertas; David Salo argumenta que dôl se comporta como uma palavra normal em D; assim *i dhol. Compare com o nome da montanha Fanuidhol.) E vários:

    dûn “oeste” > i nûn “o oeste” (NDÛ)
    dân “elfo nandorin” > i nân “o elfo nandorin” (NDAN)
    dangweth “resposta” > i nangweth “a resposta” (visto que a forma primitiva da palavra é dada como ndangwetha em PM: 395; evidentemente o primeiro elemento deve ser igualado com o radical NDAN)
    daer “noivo” > i naer “o noivo” (NDER; a forma “noldorin” doer deve ser corrigida para daer em sindarin.)
    dess “mulher jovem” > i ness “a mulher jovem” (NDIS)
    dôr “terra” > i nôr “a terra” (NDOR)
    dortho “ficar” > i northa “aquele que fica” (NDOR)
    doll “escuro” > i noll “o escuro” (NDUL)

    3: mutação de G a partir de ÑG primitivoO par “harpista” a partir de ÑGAN:

    gannel “harpa” > i ngannel “a harpa”
    ganno “tocar uma harpa” > i nganna “aquele que toca uma harpa”

    O grupo “lobo” a partir de ÑGAR(A)M e ÑGAW:

    garaf “lobo” > i ngaraf “o lobo”
    gaur “lobisomem” > i ngaur “o lobisomem” (cf. i ngaurhoth
    gawad “uivo” > i ngawad “o uivo”
    em uma das magias de fogo de Gandalf).

    O grupo “sábio” a partir de ÑGOL:

    golu “tradição” > i ngolu “a tradição” (a palavra “noldorin” golw deve se tornar golu em sindarin)
    golwen “sábio” > i ngolwen “o sábio”
    goll “sábio” > i ngoll “o sábio”
    gollor “mago” > i ngollor “o mago”
    golodh “noldo” > i ngolodh “o noldo”
    gûl “mágica” > i ngûl “a mágica”
    golovir “silmaril, jóia-noldo” > i ngolovir “a silmaril”

    e finalmente as palavras para “morte” e “horror”:

    gûr “morte” > i ngûr “a morte” (também guruth, i nguruth) (ÑGUR)
    goroth “horror” > i ngoroth “o horror” (ÑGOROTH)

    SUMÁRIO

    Listaremos todas as mutações atestadas e supostas em forma de tabela. Na primeira coluna, listaremos todas as consoantes iniciais e grupos consonantais do sindarin alfabeticamente, em sua forma “Básica” = não mutada. A mutação suave é exemplificada pelo artigo i = “o, a” singular. Para tornar as coisas mais complicadas do que o necessário, há duas colunas para a mutação nasal. As mutações como tais são exatamente as mesmas, mas na primeira coluna (“Nasal I”) os exemplos dados envolvem o artigo plural in, que é reduzido para i na maioria dos casos. Contudo, no caso das preposições an “a, para” e dan “contra” em muitos casos é preferível (e em harmonia com o exemplo atestado am Meril “à Meril/Rosa”) usar variantes assimiladas das preposições ao invés de simplesmente reduzí-las à a e da na grafia, embora isto aconteça em alguns contextos (cf. a Pherhael “a Perhael/Samwise” na mesma fonte que fornece am Meril). A coluna “Nasal II” sugere várias formas de an. A mutação mista é exemplificada pelo artigo genitivo en– “do, da”, a mutação oclusiva pela preposição ed “fora de”, e a mutação líquida pela preposição or “acima, em”. (Antes de uma palavra começando por uma vogal, que não pode ser modificada de qualquer modo, todas estas partículas apareceriam em suas formas completas, como recém citado: i ael “a lagoa”, in aelin “as lagoas”, an ael “para uma lagoa”, en-ael “da lagoa”, ed ael “fora de uma lagoa”, or ael “acima de uma lagoa”.)

     
    Básica Suave Nasal I Nasal II Mista Oclusiva Líquida
    b…  i v… i m…  am m…  e-b… e b… or v…
    bl…  i vl…  i ml…  a ml… e-ml…  e bl…  or vl… 
    br… i vr…  i mr…  a mr… e-mr…  e br…  or vr… 
    c…  i g….  i ch…  a ch… e-g…  e ch… or ch…
    cl…  i gl… i chl…  a chl… e-gl…  e chl… or chl…
    cr…  i gr…  i chr… a chr… e-gr…  e chr… or chr…
    d…  i dh….  i n…  an n… e-d…  e d… or dh…
    dr…  i dhr… in dr…  an dr… en-dr…  e dr… or dhr…
    f…  i f…  i f… af f… en-f…  ef f… or f…
    g…  i ‘….  i ng…  an ng… e-g…  e g… or ‘…
    gl…  i ‘l… in gl…  an gl… en-gl…  e gl… or ‘l…
    gr…  i ‘r…  in gr… an gr… en-gr…  e gr… or ‘r…
    gw…  i ‘w….  in gw…  an gw… en-gw…  e gw… or ‘w…
    h…  i ch… i ch… a ch… e-h…  e ch… or ch…
    hw…  i chw…  i ‘w… a ‘w… e-‘w…  e w… or chw…
    l…  i l….  i l…  al l… e-l…  ed l… or l…
    lh…  i thl… i ‘l… al ‘l… e-‘l…  e thl… or ‘l…
    m…  i v…  i m… am m… e-m…  e m… or v…
    n…  i n….  i n…  an n… en-n… e n… or n…
    p…  i b… i ph…  a ph… e-b…  e ph… or ph…
    pr…  i br…  i phr… a phr… e-mr…  e phr… or phr…
    r…  i r….  idh r…  adh r… edh-r…  ed r… or r…
    rh…  i thr… idh ‘r…  adh ‘r… e-‘r…  e thr… or ‘r…
    s…  i h…  i s… as s… e-h…  es s… or s…
    t…  i d….  i th…  a th… e-d…  e th… or th…
    th…  i th… i th…  ath th… e-th…  eth th… or th…
    tr… i dr…  i thr… a thr… en-dr…  e thr… or thr…

    Casos especiais: b, d e g derivadas a partir das oclusivas nasalizadas primitivas mb, nd e ñg:


     
    Básica Suave Nasal I Nasal II Mista Oclusiva Líquida
    b…  i m… i mb…  am mb…  e-mb… e mb… or b…
    d…  i n…  i nd…  an nd… e-nd…  e nd…  or d… 
    g…  i ng…  in g…  an g… en-g…  en g…  or g… 

    As mutações mistas descritas acima seguem o sistema visto em expressões como e-mbar Hador “da casa de Hador” (MR: 373) e possivelmente Taur e-Ndaedelos “Floresta do Grande Medo” (mencionada no Apêndice F do SdA como um nome sindarin da Floresta das Trevas). Bar-en-Danwedh “Casa do Resgate”, um nome mencionado no SilmarillionNDAN, deve ser, ao invés disso, escrito Bar-e-Ndanwedh. Talvez Tolkien tenha achado que isto parecia um tanto grosseiro e usou uma grafia mais agradável aos seus leitores. A forma completa do artigo en “do, da” é vista em outro nome do Silmarillion, Haudh-en-Ndengin “Colina dos Mortos”. Aqui, um descendente do radical  NDAK está presente, e o nd inicial é restaurado após o en “dos”. De acordo com o sistema esboçado acima, isto deve ser escrito Haudh-e-Ndengin (cf. Taur e-Ndaedelos), enquanto que, baseados no exemplo Bar-en-Danwedh, devemos escrever Haudh-en-Dengin. Não precisamos nos preocupar com isto. Se o sindarin tivesse sido um idioma falado real em uma era “medieval”, assim como Tolkien imaginou, há várias razões para acreditar que tais inconsistências na grafia seriam bem comuns – vários escribas usando seus sistemas mais ou menos “particulares”, não havendo uma autoridade central ou academia de idiomas que pudesse estabelecer uma ortografia padronizada. e incorporando claramente um descendente do radical

    Dificilmente é necessário reiterar que o sistema apresentado varia de formas atestadas certas a especulações e puros palpites, com várias nuanças de interpolação mais ou menos plausível entre estes extremos. Complexo como este sistema pode parecer, ele ainda pode ser mais simplificado. Alguns pontos podem ser comentados:

              1) Thr e thl como as mutações suaves de rh e lh são foneticamente sonoras, mas permanecem especulativas. Em um nome mencionado no Silmarillion, Talath Rhúnen “Vale Oriental”, ou literalmente “Planície Oriental”, o adjetivo rhúnen “oriental” não é lenizado de qualquer forma, embora adjetivos nessa posição sejam. Não seria errado, então, deixar os adjetivos em lh– e rh– permanecerem inalterados quando ficam em justaposição a um substantivo. Por analogia, também não seria nenhum grande pecado deixar substantivos em lh– e rh– permaneceram inalterados quando colocados como o objeto de um verbo, apesar dos “acusativos” geralmente serem lenizados. Quando uma palavra funciona como o segundo elemento de uma palavra composta, a consoante inicial geralmente passa por mudanças comparáveis à mutação suave, mas lh e rh parece se tornar l e r nesta posição. Compare Rhûn “leste” com –rûn na palavra mais longa Amrûn de significado similar. Se thr e thl ocorrem como mutações de lh e rh, eles podem aparecer mais tipicamente sucedendo partículas que terminam em uma vogal, tais como o artigo i ou a preposição na “a, para”.


              2) Listamos m, n e ng como as mutações suaves de b, d e gmb, nd e ñg primitivos, mas em alguns casos parece que estes sons se comportam como b, d e g normais, de modo que as variantes lenizadas são v e dh e zero, respectivamente. Um exemplo “noldorin” é Nann Orothvor “Vale do Horror Negro” (LR: 355 s.v. DUN), onde orothvor (“horror-negro”) é uma forma lenizada de gorothvor, o primeiro elemento goroth “horror” representando o radical ÑGOROTH de significado similar (LR: 377). É notável que mesmo o g representando o ñgOrothvor. Em sindarin, em oposição ao “noldorin”, um substantivo em posição genitiva não seria lenizado, de modo que veríamos Nan(n) Gorothvor sem qualquer mutação. Mas em sindarin, a lenição não ocorrem em posições comparáveis, como quando um adjetivo em justaposição (sucedendo o substantivo) passa por mutação suave. Somos deixados para imaginar se um adjetivo como gollÑGOL) apareceria como ‘oll ou ngoll nesta posição; talvez ambas fossem admissíveis. Acima, listamos nôl como a forma lenizada de dôl “cabeça” (< radical NDOL), mas no nome da montanha Fanuidhol “Cabeça-nublada” (encontrado no próprio SdA e, portanto, decididamente sindarin ao invés de “noldorin”), a lenição d > dh é vista. Seria então admissível usar i dhôl ao invés de i nôl para “a cabeça”? Tolkien decidiu que o radical era  DOL, e não NDOL como o era no Etimologias (LR: 376)? representando primitivo lenize a zero em “sábio” (< radical


              3) A lenição m > v algumas vezes é ignorada. Compare um nome como Eryn Vorn “Floresta Escura” (CI: 295, cf. morn “escuro”) com Ered Mithrin “Montanhas Cinzentas” no mapa do SdA, ou Imloth Melui em SdA3/V cap. 8 – não traduzido mas significando evidentemente “Vale da Flor Adorável”. Levando em consideração o exemplo Eryn Vorn, devemos supor que *Imloth Velui e *Ered Vithrin seriam igualmente possíveis – e ao mesmo tempo, se podemos ter  Imloth Melui e Ered Mithrin, presumidamente também podemos ter *Eryn Morn. Acima observamos que deve-se basear no contexto para distinguir as variantes lenizadas de dois adjetivos como bell “forte” e mell “querido, amado”; ex: para decidir se i vess vell significa “a mulher forte” ou “a mulher amada”. Mas se a lenição m > v for ignorada, podmos ter a expressão ambígua i vess mell para o último significado.

    4. O ADJETIVO

    As desinências adjetivas típicas são –eb, -en e –ui: aglareb “glorioso” (< aglar “glória”), brassen “incandescente” (< brass “incandescência”), uanui “monstruoso, hediondo” (< úan “monstro”) (AKLA-R, BAN, BARÁS). Contudo, muitos adjetivos não possuem desinências especiais, e as funções de tais às vezes pertencem a mais de uma parte da língua. Morn “escuro” pode ser tanto adjetivo como substantivo, assim como em português.Os adjetivos concordam com seus substantivos em número. Parece que os adjetivos formam seus plurais seguindo padrões parecidos aos dos plurais de substantivos; ex: malen “amarelo”, pl. melin (SMAL). Note que a consoante inicial de adjetivos que sucedem o substantivo que descrevem é lenizada (veja acima).

    Em PM: 358, Aran Einior é traduzido “o Rei Mais Velho”. Einior é o nosso único exemplo da forma comparativa do adjetivo; a forma não declinada é iaur (vista no nome Iant Iaur “a Ponte Velha”). O prefixo ein– parece estar relacionado ao prefixo superlativo do quenya an-. O prefixo pode não ter a forma ein– prefixada a qualquer adjetivo; ele parece ser mutado pelo i que o sucede.

    Acontece também que podemos ter a forma superlativa de iaur “velho”; durante o Conselho de Elrond, o nome sindarin de Tom Bombadil foi dado como Iarwain, significando “o Mais Velho”. A desinência –wain parece ser o sufixo superlativo. Por que não *Iorwain, com a mudança normal au > o? (David Salo responde, “porque você está olhando para o descendente direto de uma forma como *Yarwanya (talvez, não tenho certeza da forma exata do elemento final) na qual a vogal estava em uma sílaba fechada”. Não concordo muito, mas também não sou tão aprofundado na fonologia Eldarin como David.)

    5. VERBOS

    “O sistema verbal do sindarin não é completamente compreendido – longe disso”. Assim começava a seção sobre o Verbo no meu artigo original do sindarin, e em grande parte isto ainda é verdade. Contudo, desde então eu tive a oportunidade de me inteirar com as teorias e interpretações de David Salo com respeito ao verbo sindarin, e o que se segue deve-se em grande parte ao seu trabalho. As teorias de David parecem fazer bastante sentido. Ainda deve ser percebido que temos desesperada- mente poucos exemplos nos quais nos basear, e que muitas conclusões devem permanecer experimentais neste estágio. Para ser exato, centenas de verbos são listados no Etimologias, mas temos tão poucos textos reais em sindarin que nem sempre podemos ter certeza de como estes verbos são conjugados. No próprio Etim, Tolkien às vezes listou algumas formas flexionadas de um verbo próximo à forma básica, mas suas notas são extremamente densas, e freqüentemente não fica claro qual o significado pretendido das formas flexionadas. Mas se tentarmos generalizar a partir de nossos poucos exemplos, levando em conta tudo o que achamos que sabemos sobre a fonologia Eldarin, a evolução do sindarin e o sistema verbal primitivo como pode ser suposto a partir do quenya, podemos chegar a algo como o sistema que vamos esboçar aqui. Os detalhes certemente podem ser discutidos. Para fazer isto legível, irei na maioria das vezes evitar as deduções complexas que fundamentam o cenário que se segue, mas o leitor pode estar certo de que a escassa evidência disponível foi examinada a fundo. Mesmo assim, publicações futuras podem bem despedaçar o sistema esboçado abaixo, mas creio que podemos estar razoavelmente certos sobre as linhas gerais. Geral: parece haver duas categorias principais de verbos no sindarin. Como em quenya, podemos falar de verbos derivados e básicos. A primeira, e maior, classe consiste dos verbos que originalmente eram formados ao se combinar um radical primitivo com alguma desinência, tais como *-na), *- (sindarin –ia), *- (sindarin –da/-tha/-ta/-na, dependendo do ambiente fonológico), *- (sindarin –ra) ou *-â (sindarin –a). Visto que todas estas terminam em –a, esta classe pode ser chamada de radicais A. A outra classe, menor, consiste dos verbos que vêm diretamente de um radical primitivo sem sufixos. Por exemplo, nag– “morder” é simplesmente o radical  puro NAK como ele aparece em sindarin. Uma vez que esta categoria de verbos possui radicais de tempo presente em –i-, eles também podem ser chamados de radicais I. (sindarin –

    Sufixos: em muitas formas, os verbos em sindarin (derivados ou básicos) adotam desinências para número e pessoa. O sindarin, como o quenya, adiciona a desinência –r a verbos com um sujeito no plural; cf. a expressão gyrth i-chuinar “mortos que vivem” em Letters: 417 (cuinarchuinar, sendo o plural de cuina “vive, está vivo”). Outras desinências indicam várias pessoas. Desinências pronominais conhecidas incluem –nm para “nós” e aparentemente –ch ou –g para “você”. É possível que a desinência de plural –r possa indicar “eles” assim como meramente pluralidade. O verbo cuina– “viver” pode evidentemente possuir formas como cuinon “eu vivo” (para *cuinan), cuinam “nós vivemos”, cuinach ou cuinag “você vive” e cuinar “eles vivem”. A 3ª pessoa do singular parece não possuir qualquer desinência por si só: cuina “(ele, ela) vive”. A 3ª pessoa do singular pode em alguns casos ser considerada a forma básica a qual várias desinências são adicionadas para produzir formas para outras pessoas e números. “vivem, estão vivos”, aqui incidentalmente na forma mutada para nasal para “eu”, –

    I. VERBOS DERIVADOS

    A conjugação dos verbos derivados (radicais A) parece ser razoavelmente clara, na maior parte envolvendo simplesmente uma série de sufixos. Evidências indiretas parecem sugerir que Tolkien teria chamado esta classe de verbos “fracos”.

  • O infinitivo é formado com a desinência –o, deslocando a desinência –a:

    bronia– > bronio “suportar”


  • dagra– > dagro “guerrear”


  • esta– > esto “chamar, nomear”


  • ertha– > ertho “unir”


  • lacha– > lacho “flamejar”


  • linna– > linno “cantar”


  • harna– > harno “ferir”

  • O presente (da 3ª pessoa do singular) é idêntico ao próprio radical A:

    bronia– “suportar” > bronia “suporta, está suportando”


  • dagra– “guerrear” > dagra “guerreia, está guerreando”


  • ertha– “unir” > ertha “une, está unindo”


  • esta– “nomear” > esta “nomeia, está nomeando”


  • lacha– “flamejar” > lacha “flameja, está flamejando”


  • linna– “cantar” > linna “canta, está cantando”


  • harna– “ferir” > harna “fere, está ferindo”

    As desinências plurais ou pronominais mencionadas acima são adicionadas à esta forma: broniar “(eles) suportam”, broniam “nós suportamos” etc. Note que a desinência –n para “eu” faz o –a final se tornar –o: assim, bronion “eu suporto”, dagron “eu guerreio” etc.

  •  
  • O pretérito (da 3ª pessoa do singular) desta classe de verbos é na maioria das vezes formado com o sufixo –nt:

    bronia– “suportar” > broniant “suportou”


  • dagra– “guerrear” > dagrant “guerreou”


  • esta– “chamar, nomear” > estant “chamou, nomeou”


  • ertha– “unir” > erthant “uniu”


  • lacha– “flamejar” > lachant “flamejou”


  • linna– “cantar” > linnant “cantou”


  • harna– “ferir” > harnant “feriu”

    Novamente, as desinências plurais ou pronominais podem ser adicionadas, assim como no presente. Assim sendo, o sufixo –nt se torna –nne– antes da desinência se seguir:

    broniant “suportou” > bronianner “eles suportaram” (também plural; ex: in edhil bronianner “os elfos suportaram”), broniannen “eu suportei”, broniannem “nós suportamos” etc.

    Para, digamos, “(eles) cantaram” podemos supor linnanner (uma vez que “cantou” é linnant), mas onde quer que o “nn duplo” ocorra, o verbo provavelmente é contraído: “(eles) cantaram” pode simplesmnte ser linner.

  •  
  • O futuro é formado ao se adicionar o sufixo –tha ao radical:

    bronia– “suportar” > broniatha “suportará”


  • dagra– “guerrear” > dagratha “guerreará”


  • esta– “chamar, nomear” > estatha “chamará, nomeará”


  • ertha– “unir” > erthatha “unirá”


  • lacha– “flamejar” > lachatha “flamejará”


  • linna– “cantar” > linnatha “cantará”


  • harna– “ferir” > harnatha “ferirá”

    Mais uma vez, as desinências plurais e pronominais podem ser adicionadas, seguindo as mesmas regras do presente. Como no presente, a desinência –n para “eu” faz o –a final se tornar –o: broniathon “eu suportarei” (linnathon para “eu cantarei” é realmente atestado no SdA). De outros modos, o –a final fica inalterado: broniatham “nós suportaremos”, linnathar “eles cantarão” etc.

  •  
  • O imperativo é formado com a desinência –o, substituindo o –a final. Nesta classe de verbos, o imperativo é, portanto, idêntico ao infinitivo (veja acima). O imperativo em –o abrange todas as pessoas (Letters: 427); assim, a forma é a mesma, não importando se o comando é direcionado a uma pessoa ou a várias. Um elfo gritou daro! “alto!” para toda a Sociedade conforme eles entravam em Lórien; veja SdA1/II cap. 6. (Em quenya, é opcional fazer ou não uma distinção entre plural e singular no imperativo; não sabemos se isto realmente pode ser feito em sindarin.)
  •  
  • O particípio ativo (também chamado particípio presente) é um adjetivo derivado de um verbo, descrecendo a condição na qual algo está quando sofre a ação indicada pelo verbo (se você canta, você está cantando; portanto, cantando é o particípio do verbo “cantar”). [Cuidado para não confundir este particípio com o gerúndio em português, que também é formado pela desinência –ndo; isto pode ser evitado, contudo, levando-se em conta o contexto. N. do T.] Em sindarin, o particípio ativo de verbos derivados é formado por meio da desinência –ol, substituindo o –a final do radical verbal:

    bronia– “suportar” > broniol “suportando”


  • glavra– “balbuciar” > glavrol “balbuciando”


  • ertha– “unir” > erthol “unindo”


  • lacha– “flamejar” > lachol “flamejando”


  • linna– “cantar” > linnol “cantando”


  • harna– “ferir” > harnol “ferindo”

    (O exemplo glavrol é atestado, LR: 358 s.v. GLAM; cf. também chwiniolchwinio “rodopiar”, LR: 388 s.v. SWIN. Em sindarin maduro, em oposição ao “noldorin” do Etimologias, provavelmente leríamos hw– para chw-.) Parece que os particípios adjetivos assim produzidos não possuem uma forma plural explícita, como a maioria dos outros adjetivos possui.
    “rodopiando” a partir de

  •  
  • Há também outro particípio ativo, que pode ser chamado de particípio ativo perfeito. No significado ele é similar ao particípio ativo normal em –olestá sofrendo a ação do verbo; ele descreve o estado de alguém que já sofreu esta ação. Ele parece possuir a desinência –iel, substituindo o –a final do radical (ou no caso de verbos em –ia, esta desinência inteira): descrito acima, exceto pelo fato de que ele não descreve o estado de alguém (ou algo) que

    esta– “chamar, nomear” > estiel “tendo nomeado”


  • hwinia– “rodopiar” > hwíniel “tendo rodopiado”


  • linna– “cantar” > linniel “tendo cantado”

    No caso de numerosos verbos em –ia, formas paralelas suegerem que a vogal raiz deve ser alongada, como em hwíniel a partir de hwinia– acima. (Os verbos siria– “fluir”, thilia– “cintilar” e tiria– “observar, vigiar” presumidamente se comportaria do mesmo modo: síriel, thíliel e tíriel.) Entretanto, isto tem consequências um tanto complicadas. Se ousarmos acreditar no sistema fonológico que vislumbramos nas obras de Tolkien, devemos freqüentemente levar em conta quais eram as vogais originais nestes verbos.Onde a raiz ou radical primitivo original possuía a vogal A, o particípio perfeito mostra ó (representando á longo, uma vez que o á longo primitivo se tornou óem sindarin):

    beria– “proteger” (radical BAR) > bóriel “tendo protegido”


  • gweria– “trair, trapacear” (radical WAR) > gwóriel “tendo trapaceado”


  • henia– “compreender” (radical KHAN) > hóniel “tendo compreendido”


  • pelia– “estender” (radical PAL) > póliel “tendo estendido”


  • penia– “fixar, marcar” (radical PAN) > póniel “tendo fixado, tendo marcado”


  • renia– “extraviar-se, perder-se” (radical RAN) > róniel “tendo extraviado, tendo perdido”


  • revia– “voar, navegar” (radical RAM) > róviel “tenod voado, tendo navegado”


  • telia– “tocar” (radical TYAL) > tóliel “tendo tocado”

    Note especialmente egleria– “glorificar” (relacionado a aglar “glória”), que pode ter o particípio perfeito aglóriel “tendo glorificado”. Onde o radical original possui a vogal O ou U, o particípio perfeito mostraria ú (representando ó longo, uma vez que o ó longo mais primitivo se tornou ú em sindarin):

    delia– “ocultar, esconder” (radical DUL) > dúliel “tendo ocultado, tendo escondido”


  • elia– “chover” (radical ULU) > úliel “tendo chovido”


  • eria– “erguer” (radical ORO) > úriel “tendo erguido”


  • heria– “começar repentinamente” (radical KHOR) > húriel “tendo começado repentinamente”

    (Em sindarin arcaico, era mais fácil manter esta categoria separada daquela acima, uma vez que estes verbos antigamente mostravam ö ao invés de e: dölia– etc. Tendo ö se tornado e, estes verbos devem ser memorizados.) O verbo bronia– “suportar” (radical BORÓN-) originaria da mesma forma brúniel “tendo suportado”. De fato, é um mistério o porque bronia– não aparece como *brenia-, do arcaico *brönia-; em todos os casos comparáveis, a desinência –ia causa metafonia (cf. por exemplo delia-, de dölia– mais antigo, a partir de *duljâ– ou *dolja– tardio). Outros verbos derivados além dos em –ia podem mostrar metafonia simples quando a desinência –iel é adicionda (não temos certeza disto). Assim sendo, as vogais a e o se tornam e (novamente, o se tornou ö em sindarin arcaico, ö posteriormente se fundindo com e):

    awartha– “abandonar” > ewerthiel “tendo abandonado”


  • banga– “negociar, trocar” > bengiel “tendo negociado, tendo trocado”


  • dortha– “ficar” > derthiel “tendo ficado” (arcaico dörthiel)


  • edonna– “gerar” > edenniel “tendo gerado” (arcaico edönniel)

    Radical verbal com as vogais e ou i não seria afetado pela metafonia:

    critha– “ceifar” > crithiel “tendo ceifado”


  • ertha– “unir” > erthiel “tendo unido”

    Verbos com um ditongo (ei, ui, ae e au etc.) também não mudariam:

    eitha– “insultar” > pl. eithiel “tendo insultado”


  • gruitha– “aterrorizar” > pl. gruithiel “tendo aterrorizado”


  • maetha– “lutar” > pl. maethiel “tendo lutado”


  • baugla– “oprimir” > pl. baugliel “tendo oprimido”

  • A última das formas participiais das quais sabemos alguma coisa é o particípio passivo (ou particípio passado), um adjetivo descrevendo a condição de algo ou alguém que é (ou foi) exposto à ação do verbo correspondente: se alguém você, você é visto; “visto” é portanto o particípio passivo do verbo “ver”. “Visto” na verdade é irregular; na maioria dos casos, o português forma seus particípios passivos por meio das desinências –ido e –ado (ex: assassinado a partir de assassinar). O sindarin geralmente forma seus particípios passados com a desinência adjetiva –ennt, os particípios passivos correspondentes terminam em –nnen representando –nten (a fonologia sindarin indicando que o encontro nt se torna nn entre vogais) adicionada ao pretérito ( da 3ª pessoa do singular). Uma vez que os verbos derivados formam seus pretéritos em –[mais uma vez cuidado para não confundir, em português, o particípio passivo com o particípio ativo perfeito, que fazem uso das mesmas desinências; novamente, isto pode ser evitado levando-se em conta o contexto em sindarin. N. do T.]:

    gosta– “temer excessivamente” > gostannen “temido” (cf. gostant como o pretérito do verbo)


  • egleria– “glorificar, louvar” > egleriannen “glorificado”


  • eitha– “insultar” > eithannen “insultado”


  • esta– “chamar, nomear” > estannen “chamado, nomeado”


  • ertha– “unir” > erthannen “unido”


  • gruitha– “aterrorizar” > gruithannen “aterrorizado”


  • harna– “ferir” > harnannen “ferido”


  • maetha– “lutar” > maethannen “lutado”


  • baugla– “oprimir” > bauglannen “oprimido”

    Como o particípio passado de linna– “cantar”, podemos supor linnannennn duplo” ocorre, a forma provavelmente é simplesmente contraída: linnen. (“cantado”), mas como em outros casos onde “Em forma, os particípios passados coincidem com o pretérito de 1ª pessoa: gostannen também poderia significar “eu temi”, egleriannen também é “eu glorifiquei” etc. O contexto deve decidir como a forma deve ser compreendida.

    Em alguns casos, onde o verbo correspondente é intransitivo (isto é, quando ele geralmente não leva um objeto direto; ex: “ir”), o particípio passado pode descrever o estado no qual aquele que pratica a ação verbal está ao completá-la. Por exemplo, alguém que vai, portanto, terá idolacha– “flamejar” (lachannen) talvez possa ser usado para descrever um fogo que teria flamejado. Mas em  sindarin, pode ser melhor usar o particípio ativo perfeito (como lechiel (“ido” é o particípio passado de “ir”). De modo similar, o particípio passado de um verbo intransitivo como neste caso); veja acima.

    Diferente dos particípios ativos (achamos), o particípio passado ou passivo possui uma forma plural distinta (usada quando o particípio descreve uma palavra no plural). Isto é formado ao se alterar a desinência –nnen para –nnin, combinada com a mutação-I por toda a palavra. como sempre, o efeito disto é de que as vogais a e o, onde elas ocorrem, são alteradas para e (mas novamente, e a partir de o na verdade foi ö em sindarin arcaico):

    harnannen “ferido” > pl. hernennin


  • gostannen “temido” > pl. gestennin (arcaico göstennin)

    Note que a desinência –a no próprio radical verbal, aqui o –a final de harnagosta-, também é modificada para e: no plural, –annen sempre se torna –ennin. eAs vogais e e i não são afetadas pela metafonia:

    linnen “cantado” > pl. linnin


  • erthannen “unido” > pl. erthennin

    Novamente, os ditongos também não o são (ei, ae, ui, au etc.):

    eithannen “insultado” > pl. eithennin


  • gruithannen “aterrorizado” > pl. gruithennin


  • maethannen “lutado” > pl. maethennin


  • bauglannen “oprimido” > pl. bauglennin

    Por uma razão parecida, pode ser que o particípio passado plural do verbo boda– “banir, proibir” deva ser bodennin, e NÃO **bedennin com metafonia de o > e, uma vez que este o representa um ditongo mais antigo au (compare com a palavra relacionada baw! “não! não faça!”)

  •  
  • A última forma do verbo da qual sabemos alguma coisa é o gerúndio, na verdade um substantivo derivado, a ação verbal considerada como uma “coisa”. (Em inglês, o gerúndio pode funcionar como um substantivo abstrato, um infinitivo ou mesmo um adjetivo, além de sua função que encontra paralelo em português, formada em inglês pela desinência –ing e em português por –ndo; levando-se em conta o contexto de onde ele ocorre, pode-se distinguir entre as diversas formas com certa facilidade. Cuidado também para não confundir o gerúndio com o particípio ativo; ver nota acima. N. do T.)  Todos os verbos derivados, ou radicais A, formam seus gerúndios por meio da desinência –d:

    bronia– “suportar” > broniad “resistência, suportação” (= o ato de suportar)


  • nara– “contar” > narad “narração” (como em “a narração de um conto”)


  • ertha– “unir” > erthad “união” (subst. abstrato)

    (Cf. a Mereth Aderthad, Festa da Reunião, mencionada no Silmarillion.) Parace que os gerúndios são freqüentemente usados onde em português teríamos um infinitivo. Na Carta do Rei (SD: 129), Aragorn escreve que ele aníra…suilannad mhellyn în = “deseja… saudar seus amigos”. De fato é possível que Tolkien tenha decidido abandonar os infinitivos em –o e –io e –i não são atestados em nenhuma outra fonte posterior ao Etimologias. Isto pode não significar muito, visto que nossa evidência pós-Etim é muito escassa, mas eu geralmente usaria gerúndios para os infinitivos portugueses ao escrever em sindarin. (veja abaixo com respeito ao último), substituindo-os por gerúndios. Os infinitivos em –

    NOTA: como mencionado acima, o objeto de uma frase sofre lenição (mutação suave). Deve-se notar que, na expressão aníra… suilannad mhellyn în = “deseja… saudar seus amigos, o objeto de um ponto de vista gramatical sem dúvida seria suilannad ou “saudar (ger. funcionando como infinitivo”. Contudo, o obejto lógico é mellyn “amigos”, e esta é a palavra que é lenizada (para mhellyn). o gerúndio suilannad não é lenizado (para *huilannad). Isto sugere fortemente que o gerúndio é aqui percebido como um infinitivo, e não como um substantivo que poderia ser lenizado como o objeto de uma frase; a lenição afeta, ao invés disso, o objeto lógico “amigos”.

    II. VERBOS BÁSICOS

    A conjugação dos verbos básicos, sem desinência (também conhecidos como verbos primários), é um tanto mais complexa do que a dos verbos derivados. Tolkien pode ter pensado nesta classe como a dos verbos “fortes”; cf. WJ: 415.

  •  
  • O infinitivo é formado com a desinência –i (e não –o como no caso dos radicais A acima):

    fir– > firi “desvanecer, morrer”


  • gir– > giri “estremecer”


  • ped– > pedi “falar”


  • pel– > peli “murchar”


  • redh– > redhi “semear”

    Esta desinência faz as vogais a e o serem modificadas pela metafonia para e:

    blab– > blebi “bater (asas)”


  • dag– > degi “matar, assassinar”


  • dar– > deri “parar, deter”


  • nor– > neri “correr” (arcaico nöri)


  • tol– > teli “vir, chegar” (arcaico töli)


  • tog– > tegi “guiar” (arcaico tögi)

    Alguns verbos inevitavelmente coincidem no infinitivo; por exemplo, can– “chamar, gritar” e cen– “ver” teriam ambos o infinitivo ceni. O contexto deve decidir qual verbo é pretendido. (Mas como sugerido acima, o sindarin freqüentemente usa o gerúndio onde em português temos um infinitivo, e aqui a distinção é preservada: caned “grito”, mas cened
    “visão”.)

  •  
  • O presente destes verbos é formado de dois modos diferente. A terceira pessoa do singular, que não exige desinência adicional, é a mesma do radical verbal, mas no caso de radical verbais monossilábicos, a vogal se torna longa:

    dar– “parar” > dâr “(ele, ela) para”


  • fir– “desvanecer, morrer” > fîr “desvanece, morre”


  • ped– “falar” > pêd “fala”


  • tol– “vir, chegar” > tôl “vem, chega”

    (Estes também podem abranger tempos compostos: “está parando”, “está desvanecendo” etc., mas não temos certeza; veja Nota (i) abaixo.) Exemplos atestados incluem blâb como o presente de blebi– “bater de asas” (LR: 380 s.v. PALAP), e – com uma expressão mais clara – a entrada TUL– em LR: 395, onde tôl é traduzido “ele chega”, assim sendo claramente identificado como a 3ª pessoa do singular de teli “chegar”. Que a forma em si é simplesmente de 3ª pessoa e não necessariamente “masculino” ou mesmo animado (“ele chega”) é aparente a partir de outra atestação, a frase tôl acharn “vingança chega” (WJ: 254; de acordo com WJ: 301, Tolkien posteriormente escreveu tûl acharn, mas aceitar esta mudança causaria tamanha reviravolta no sistema verbal e na fonologia que provavelmente é melhor ignorá-la neste ponto). NOTA (i): Pêd como o presente “fala” também é atestado (incidentalmente em forma lenizada: bêd) em VT41: 11, onde é visto corresponder ao aoristo em quenya quete. Se o sindarin possui um aoristo distinto do presente, isto ainda não está claro; assim sendo, formas como  pêd são provavelmente aoristos: “fala” como oposto ao presente “está falando”.

    NOTA (ii): quando final, v é escrito f. Portanto, o presente da 3ª pessoa do singular de lav– “lamber” é lâf. Em outras formas, onde o v não é final, ele também seria escrito v (ex: levin “eu lambo” – cf. abaixo).

    No caso de radicais verbais básicos polissilábicos (geralmente verbos com algum elemento preposicional prefixado), não há alongamento da vogal, e o presente da 3ª pessoa do singular é idêntico ao próprio radical verbal:

    osgar– “amputar” > osgar “amputa” (esta forma é explicitamente mencionada em LR: 379 s.v. OS)

    Em todas as formas do presente, com exceção da 3ª pessoa do singular, alguma desinência é exigida, como esboçado inicialmente. Estas desinências são adicionadas a uma forma do verbo que é idêntica ao infinitivo, portanto com a desinência –i e metafonia onde o radical verbal possui a vogal a ou o (enquanto que i e e não são afetados de qualquer modo):

    dar– “parar” > derin “eu paro”, derir “(eles) param” (com sujeitos múltiplos; ex: in edhil derir “os elfos param”), derig/derich “você pára”, derim “nós paramos”


  • fir– “desvanecer, morrer” > firin “eu morro” etc. com as várias desinências


  • ped– “falar” > pedin “eu falo” etc.


  • tol– “vir, chegar” > telin “eu chego” etc.


  • osgar– “amputar” > esgerin “eu amputo” etc.

    Esta forma por muito tempo foi tida como o tempo perfeito, a qual também era a visão apresentada em versões anteriores deste artigo. Isto se deu primeiramente por causa do linnod de Gilraen no Apêndice A do SdA: Onen i-Estel Edain, ú-chebin estel anim, traduzido em uma nota de rodapé como “dei Esperança aos dúnedain, não guardei nenhuma esperança para mim” (ênfase adicionada). Contudo, devido a outros exemplos, pode ser melhor ser ú-chebin como a forma do presente (e traduzir “não guardo [qualquer] esperança para mim”), supondo que a tradução de Tolkien do tempo perfeito “não (tenho guardado) guardei nenhuma esperança para mim” é levemente livre e faz uma concessão ao inglês natural. (Costuma não ser claro qual é a forma básica de ú-chebin; removendo o prefixo negativo ú– “não” e a mutação suave h > ch que ele desenca- deia, somos deixados com hebin “eu guardo”. Isto poderia vir de hab-, heb– ou hob– “guardar”, a metafonia neutralizando as  vogais na forma hebin. Contudo, o radical KHEP “reter, guardar” publicado no VT41: 6 deve ser a raiz fundamentando este verbo; assim, a forma básica evidentemente é heb-.)

  •  
  • O pretérito de verbos básicos envolve um sufixo ou infixo nasal, embora algumas vezes ele seja assimilado além do reconhecimento possível. Nos concentraremos primeiro nas formas da 3ª pessoa do singular, uma vez que as outras formas, por sua vez, podem ser produzidas a partir delas.
  •   No caso de verbos básicos em –r, um –n é simplesmente sufixado ao radical (um remanescente da desinência de pretérito mais longa –ne, ainda corrente em quenya):

    dar– “parar” > darn “parou”


  • gir– “estremecer” > girn “estremeceu”


  • nor– “correr” > norn “correu”

    Radicais verbais em –n provavelmente se comportam do mesmo modo (cen– “ver” > cenn “viu”). Quanto aos verbos em –l, a desinência –nprovavelmente é assimilada a ele (pel– “murchar” > pell “murchou”). Carecemos de exemplos, mas deduções a partir do quenya apontariam nesta direção. Em se tratando de radicais verbais terminando em –b, –d, –g, –v e –dh, o elemento nasal indicando pretérito se manifestaria como um infixo ao invés de um prefixo. Isto é, ele não é adicionado à consoante final do radical, mas inserido antes dela. Isto tem algumas consequências que podem surpreender estudantes não familiarizados com a evolução do Eldarin. Em sindarin, b, d, g, v e dh sucedendo uma vogal descendem de p, t, c, b (ou m) e d mais primitivos, respectivamente. Mas onde o infixo nasal se inseriu entre a vogal e a consoante, esta mudança não poderia ocorrer: o infixo “protege” a consoante da vogal que, de outra forma, faria ela mudar. Assim, b, d e g aparentemente revertem para p, t e c sucedendo o infixo. Na verdade, elas não revertem; simplesmente nunca mudaram:

    had– “arremessar” > pret. hant “arremessou” (radical original KHAT; este pretérito é realmente atestado em LR: 363)


  • cab– “pular” > pret. camp “pulou” (radical original KAP)


  • dag– “matar” > pret. danc “matou” (radical original NDAK; sindarin c = k).

    (Se observará que o infixo nasal, que freqüentemente se manifesta como n, é assimilado para m antes de p.) Presumidamente dh, a partir de d mais primitivo, reverte da mesma maneira a sua característica original:

    redh– “semear” > pret. rend “semeou” (radical RED)

    Uma caso atestado é gwend (ou gwenn) como o pretérito do verbo gwedhiWED-, onde o infinitivo é dado como “gwedi”, mas isto com certeza é uma leitura errada para gweði= gwedhi; compare com a palavra relacionada angweð = angwedh). Entretanto, Tolkien observou que gwend foi posteriormente substituída por gwedhant (escrita gweðantgwedha-; talvez os pretéritos em –nd não fossem agradáveis aos elfos (/a Tolkien). Pode ser que o pretérito rend “semeou” (não atestado diretamente nos papéis de Tolkien) tenha sido da mesma maneira substituído por redhant em sindarin tardio. “prender” (LR: 397 s.v. no LR), como se este fosse um verbo derivado *Verbos de mais de uma sílaba teriam pretéritos em –nn ao invés de –nd, se ousarmos confiar na nossa fonologia reconstruída do sindarin. Existem apenas dois verbos conhecidos de tal tipo: neledh– “entrar” (pret. nelenn?) e edledh– “ir para o exílio” (pret. edlenn?). O último verbo não é diretamente atestado, mas é reconstruído a partir do verbo “noldorin” egledh– (LR: 368 s.v. LED).

    Verbos com –v final também podem ser levemente especiais. Na maioria dos casos, o v pós-vocálico viria do b mais primitivo, de modo que estes verbos com certeza em algum ponto terminaram em –mb (o infixo nasal se manifestando como m antes de b, assim como antes de p). Mas mbm simples em sindarin. (Cf. WJ: 394, onde Tolkien afirma que a palavra primitiva *lambê “língua” se tornou lam em sindarin, com certeza representando *lamb mais primitivo. Compare com a forma  “noldorin” lham(b) em LR: 367 s.v. LAB, que corresponderia ao sindarin lam(b).) Assim, verbos básicos em –v podem ter pretéritos em –m, para –mb: final se tornou

    lav– “lamber” > lam (para lamb) “lambeu” (o substantivo lam “língua” é relacionado e compartilha a mesma história fonológica)

    Como mencionado acima, as formas até agora produzidas estão na 3ª pessoa do singular. Outras formas são facilmente derivadas a partir delas por meio das mesmas desinências que foram mencionadas acima: –nm “nós”, –r “eles” ou apenas pluralidade, etc. A questão é: que vogal de ligação adicionamos entre o verbo e a desinência? Em termos de história fonológica, definitivamente esperaríamos e: a forma sindarin correspondendo à forma em quenya quenten “eu disse” seria suposta ser *pennen. Contudo, nosso primeiro e único exemplo aponta em uma direção diferente, e este é um dos casos onde devemos generalizar a partir de uma única forma, com grandes consequências para uma classe inteira de verbos. Eu gostaria de possuir outros exemplos (e, em particular, posteriores), para ter certeza que esta não é apenas uma idéia passageira na evolução de Tolkien do “noldorin”/sindarin, ou de fato um erro da parte de Christopher Tolkien. “eu”, –O exemplo em questão é encontrado no Etimologias, LR: 363, radical KHAThedi, claramente o infinitivo perfeitamente regular de had-, mas então duas formas claramente identificadas como “pret.” são listadas: hennin e hant. A última é evidentemente a 3ª pessoa do singular, “(ele/ela) arremessou”, formado a partir de had– com um infixo nasal de acordo com as regras que tentamos esboçar (usando de fato este exemplo). Mas hennin, com a desinência –n que sabemos significar “eu”, deve ser o pretérito da 1ª pessoa: “eu arremessei”. A mudança nt > nn intervocálico é o que esperaríamos em bases fonológicas, mas é surpreendente que i seja usado como a vogal de ligação antes que a desinência pronominal seja adicionada. Seria tentador admitir hennin como um erro para hannen, mas a metafonia a > e é exatamente o que seria esperado quando há um i na sílaba seguinte. Sabemos de casos de confusão a/e e e/i nos textos produzidos por vários editores ao tentar decifrar a caligrafia de Tolkien, mas supor que Christopher Tolkien conseguiu errar a leitura de duas vogais na mesma palavra, e que o resultado veio a obedecer belamente a fonologia sindarin, pode ser suposição demais. Pode ser que JRRT tenha imaginado que formas como hannen tivessem sido reformadas em analogia com as formas corresponden- tes do presente (nesta caso hedini e portanto também a metafonia sendo introduzi- dos no pretérito assim como no presente: hannen > hennin. “arremessar”. Aqui temos o verbo “eu arremesso”), com a vogal de ligação

    Aceitando este exemplo, podemos formular esta regra: todas as formas de pretérito de verbos básicos, exceto a 3ª pessoa do singular, são formadas ao se adicionar –i– e a desinência apropriada à 3ª pessoa do singular:

    gir– “estremecer” > pret. 3ª pes. sing. girn “(ele, ela) estremeceu” > girnin “eu estremeci”, girnim “nós estemecemos”, girnig/girnich “você estemeceu”, girnir “(eles) estremeceram”cen– “ver” > pret. 3ª pes. sing. cenn “(ele, ela) viu” > cennin “eu vi” (etc. com as várias desinências)

    Como o exemplo hant > hennin indica, a vogal de ligação i desencadeia as mutações normais na sílaba antes dela, tanto a como o se tornando e:

    dar– “parar” > pret. 3ª pes. sing. darn “(ele, ela) parou” > dernin “eu parei” (etc.)


  • nor– “correr” > pret. 3ª pes. sing. norn “(ele, ela) correu” > nernin (arcaico nörnin) “eu corri” (etc.)

    O exemplo hant > hennin também ilustra outro fenômeno: nem todos os encontros consonantais finais que ocorrem no pretérito podem permanecer inalterados quando não são mais finais, mas se tornam intervocálicos porque uma desinência foi adicionada. Os encontros –nt, –nc e –mp se tornam –nn-, –ng– e –mm-:

    ped– “falar” > pret. 3ª pes. sing. pent “(ele, ela) falou” > pennin “eu falei” (etc.)


  • dag– “matar” > pret. 3ª pes. sing. danc “(ele, ela) matou” > dengin “eu matei” (etc.)


  • cab– “pular” > pret. 3ª pes. sing. camp “(ele, ela) pulou” > cemmin “eu pulei” (etc.)

    O encontro nd, como nt, se tornaria nn intervocalicamente:

    gwedh– “prender” > pret. 3ª pes. sing. gwend “(ele, ela) prendeu” > gwennin “eu prendi” (etc.)

    O m final (geralmente representando mb) se tornaria –mm– duplo:

    lav– “lamber” > pret. 3ª pes. sing. lam “(ele, ela) lambeu” > lemmin “eu lambi” (etc.)

  • Quanto ao futuro, devemos supor que a desinência –tha também é relevante para esta classe de verbos, mas obviamente alguma vogal de ligação é exigida. Apesar de não termos exemplos diretos, a analogia com outras formas sugere que um i seria inserido antes desta desinência. Este i causaria as mutações normais onde apropriado. Em resumo, o futuro de um verbo desta classe pode ser construído ao se adicionar –tha à forma infinitiva (veja regras abaixo):

    dar– > inf. deri “parar” > futuro deritha “parará”


  • ped– > inf. pedi “falar” > futuro peditha “falará”


  • gir– > inf. giri “estremecer” > futuro giritha “estremecerá”


  • tol– > inf. teli “chegar” (arcaico töli) > futuro telitha (arcaico tölitha) “chegará”

    Estas formas de futuro (da 3ª pessoa do singular) podem então ser modificadas com as desinências normais, assim como no caso dos verbos derivados: telithon “eu chegarei”, telitham “nós chegaremos”, plural telithar “(eles) chegarão” etc. (Como sempre, –a se torna –o antes da desinência –n para “eu”; assim, telithon ao invés de **telithan.)

  •  
  • O imperativo destes verbos básicos é facilmente formado com a desinência –o:

    dar– “parar” > daro “pare!”


  • ped– “falar” > pedo “fale!”


  • tir– “observar, olhar” > tiro “observe! olhe!”


  • tol– “vir” > tolo “venha!”

    Três destes são atestados no SdA: um elfo parou a Sociedade com o comando daro! quando eles entraram em Lórien. Pedo “fale, diga” é encontrado na inscrição do portão de Moria (pedo mellon, que deveria ser traduzido “diga amigo“, embora Gandalf primeiramente achou que significasse “fale, amigo”). Sam em Cirith Ungol usou a expressão a tiro nin, Fanuilos! “ó, olhe por mim, Semprebranca!” (um título de Varda); veja Letters: 278 ou RGEO: 72 para a tradução.

  •  
  • O particípio ativo desta classe de verbos provavelmente adotaria a desinência –el (para a mais antiga *-ila):

    dar– “parar” > darel “parando”


  • ped– “falar” > pedel “falando”


  • tol– “chegar” > tolel “chegando”

    Contudo, onde a vogal raiz é i, esta desinência parece ser expandida para –iel:

    fir– “morrer, desvanecer” > firiel “morrer, desvanecendo”


  • gir– “estremecer” > giriel “estremecendo”


  • glir– “cantar” (também “recitar poema”) > gliriel“cantando” (ou, “recitando”)


  • tir– “observar” > tiriel “observando” (o único exemplo atestado – veja abaixo)

  • O particípio ativo perfeito parece possuir a desinência –iel combinada com o alongamento da vogal raiz. A vogal i simplesmente se tornaria í longo:

    fir– “desvanecer, morrer” > fíriel “tendo morrido, tendo desvanecido”


  • glir– “cantar” (/”recitar”) > glíriel “tendo cantado” (/”recitado”)


  • tir– “observar” > tíriel “tendo observado”.

    (Se notará que o comprimento da vogal distingue sozinho tirieltíriel “tendo observado”. Compare com RGEO: 73, onde Tolkien explica que, enquanto palan-diriel significa “observando ao longe”, palan-díriel possui um significado de perfeito: “tendo observado ao longe”. Nestas palavras, –diriel/-díriel são simplesmente formas lenizadas de –tiriel/-tíriel.) “observando” deEste alongamento de vogais provavelmente ocorreu tão cedo que as mudanças subsequentes que afetam vogais longas também devem ser levadas em consideração. Os é, á e ó primitivos se manifestariam como í, ó e ú, respectivamente – refletindo uma mudança que ocorreu no estágio do sindarin antigo:

    mad– “comer” > módiel (para mádiel) “tendo comido”


  • ped– “falar” > pídiel (para pédiel) “tendo falado”


  • nor– “correr” > núriel (para nóriel) “tendo corrido”

    Parece que nenhum dos particípios ativos assim produzidos (em –el e –iel) possui formas plurais distintas.

  •  
  • O particípio passivo (ou particípio passado) desta classe de verbos pode ser construído ao se adicionar –en à forma de pretérito da 3ª pessoa do singular (veja regras acima):

    dar– “parar” > pret. 3ª pes. sing. darn “(ele, ela) parou” > particípio passivo darnen “parado”


  • sol– “fechar” > pret. 3ª pes. sing. soll “(ele, ela) fechou” > particípio passivo sollen “fechado” (a última forma sendo tudo o que é atestado deste verbo: o SdA se refere a Fen Hollen ou “Porta Fechada” em Minas Tirith, hollen presumidamente sendo uma forma lenizada de sollen)


  • tir– “observar, vigiar, proteger” > pret. 3ª pes. sing. tirntirnen “(ele, ela) observou, vigiou” > particípio passivo “observado, vigiado”

    (O último é atestado no Silmarillion, no nome Talath Dirnen “Planície Protegida”: dirnen é a forma lenizada de tirnen.) Novamente, quando outra vogal vem a sucedê-las, –nt, –nc, –mp, –nd e –mnn-, –ng-, –mm-, –nn– e –mm-, respectivamente: finais se tornam –

    ped– “falar” > pret. 3ª pes. sing. pent “(ele, ela) falou” > particípio passivo pennen “falado”


  • dag– “matar” > pret. 3ª pes. sing. danc “(ele, ela) matou” > part. pass. dangen “morto” (atestado em LR: 375 s.v. NDAK)


  • hab– “vestir” > pret. 3ª pes. sing. hamp “(ele, ela) vestiu” > part. pass. hammen “vestido”


  • redh– “semear” > pret. 3ª pes. sing. rend “(ele, ela) semeou” > part. pass. rennen “semeado”


  • lav– “lamber” > pret. 3ª pes. sing. lam “(ele, ela) lambeu” > part. pass. lammen “lambido”

    Estes particípios passivos em –en teriam formas plurais em –in, causando as mutações normais: tanto a como o se tornam e:

    dangen “morto” > pl. dengin


  • hollen “fechado” > pl. hellin (arcaico höllin)

    (Compare com Haudh-en-Ndengin ou “Colina dos Mortos” mencionada no Silmarillion; ndengin é uma forma de dengin.) Como sempre, as vogais ei não seriam afetadas de qualquer modo: e

    pennen “falado” > pl. pennin


  • tirnen “protegido, observado” > pl. tirnin

  • Finalmente temos o gerúndio, o substantivo verbal, que também pode ser usado para traduzir infinitivos portugueses (veja acima). Os gerúndios de verbos básicos são facilmente formados com a desinência –ed:

    cab– “pular, saltar” > cabed “salto”


  • cen– “ver, olhar” > cened “visão”


  • glir– “cantar” > glired “canto”


  • tol– “vir, chegar” > toled “chegada”

    Os verbos sindarin cab– “pular, saltar” e cen– “ver, olhar” na verdade são atestados apenas como gerúndios! De acordo com o Silmarillion, a ravina onde Túrin matou Glaurung foi chamada de Cabed-en-Aras ou “Salto do Cervo”. O verbo cab– obviamente se refere ao radical KAP “saltar” listado no Etimologias (LR: 362), mas isto não é mencionado lá. Cened “vista” ocorre como parte da palavra composta cenedril “espelho” em RS: 466.

    III. A CONJUGAÇÃO MISTA

    Alguns verbos que por sua forma pareceriam ser radicais A na verdade se situam entre as duas conjugações esboçadas acima. Um exemplo é o verbo drava– “cortar (com machado)”. Na maioria das formas ele provavelmente é um radical A bem comportado: infinitivo dravo, presente drava, futuro dravatha, imperativo dravo, particípio ativo dravol, gerúndio dravad. Mas no pretérito esperaríamos a forma *dravant, que não ocorre. Nas notas de Tolkien, como reproduzidas em LR: 354 s.v. DARÁM, ele apresenta o pretérito da 1ª pessoa como drammen (“eu cortei”), apontando para uma forma de 3ª pessoa, dram (“ele, ela cortou”). (Há também um pretérito irregular dramp, com o qual não precisamos nos preocupar aqui – veja parte IV abaixo.) Um pretérito dram é precisamente o que esperaríamos se este fosse um verbo básico, com radical drav– (infinitivo **drevi) ao invés de drava– (inf. dravo). Outro exemplo é o verbo nara– “contar” (infinitivo naro, LR: 374 s.v. NAR2); o pretérito em sindarin antigo (“noldorin antigo”) é dado como narne, implicando que o pretérito sindarin seria narn ao invés de **narant. Em resumo: alguns radicais A formam seus pretéritos (da 3ª pessoa do sing.) como se a vogal final não existisse; o pretérito é formado, ao invés disso, de acordo com as regras dos verbos básicos. Nossos poucos exemplos sugerem que este grupo inclui a maioria dos verbos com uma única consoante antes do –a final, enquanto esta consoante não for th ou ch (representando encontros consonantais mais primitivos). Ignorando a vogal final e empregando as mesmas regras dos verbos básicos, chegaríamos à formas de pretérito como as seguintes:

    ava– “não irá” > am “não iria”


  • brona– “durar, sobreviver” > bronn “durou, sobreviveu”


  • drava– “cortar” > dram “cortou”


  • fara– “caçar” > farn “caçou”


  • gala– “crescer” > gall “cresceu”


  • groga– “sentir terror” > grunc “sentiu terror”


  • laba– “saltitar” > lamp “saltitou”


  • loda– “flutuar” > lunt “flutuou”


  • nara– “contar” > narn “contou”


  • pada– “caminhar (em uma trilha ou caminho)” > pant “caminhou”


  • rada– “abrir caminho, encontrar um caminho” > rant “abriu caminho, encontrou um caminho”


  • soga– “beber” > sunc “bebeu”


  • toba– “cobrir” > tump “cobrir”

    (Com respeito à mudança o > u em groga-, loda-, soga-, toba– > pret. grunc, lunt, sunc, tump, veja a seção IV abaixo.) Alguns radicais verbais de três sílabas em –da também devem ser designados para a conjugação mista: aphada– “seguir”, athrada– “atravessar”, gannada– “tocar uma harpa”, lathrada– “escutar furtivamente”, limmida– “umedecer”, nimmida– “branquear” e tangada– “firmar”: pretéritos aphant, athrant, gannant, lathrant, limmint, nimmint e tangant, ou com desinências, aphanne– etc. (O pretérito “noldorin” lhimmint, que corresponderia ao sindarin limmint, é mencionado por Tolkien em LR: 369 s.v. LINKWI.)

    Vogais longas provavelmente seriam encurtadas antes do encontro consonantal que surge no pretérito:

    aníra– “desejar” > anirn “desejou”


  • síla– “brilhar” > sill “brilhou”


  • tíra– “observar, guardar” > tirn “observou, guardou”

    Quando desinências adicionais são adicionadas (para produzir outras formas além da 3ª pessoa do singular), a vogal de ligação é aqui e, como o exemplo drammen “eu cortei” demonstra. NOTA: uma vez que estes verbos parecem passar para os radicais I no pretérito, podemos supor a vogal de ligação i como em hennin “eu arremessei”, de modo que **dremmin “eu cortei”, mas este não é o caso. Isto pode ser sustentado pela teoria de que a vogal de ligação i no pretérito surgiu em analogia com seu uso no presente (hedin “eu arremesso”). O verbo dravanão possui i no presente (drava “corta, está cortando”), e assim também não mostra i no pretérito. Ao invés disso encontra- mos e, como poderíamos supor apenas pelas razões fonológicas: drammen.

    Como sempre, –m, –nc, –nt e –mp finais se tornam –mm-, –ng-, –nn– e –mm– entre vogais:

    drava– “cortar” > dram “(ele, ela) cortou” > drammen “eu cortei”, drammem “nós cortamos”, drammeg/drammechdrammer “(eles) cortaram” “você cortou”,


  • laba– “saltitar” > lamp “saltitou” > lammen “eu saltitei” (etc. com as várias desinências)


  • loda– “flutuar” > lunt “flutuou” > lunnen “eu flutuei” (etc.)


  • soga– “beber” > sunc “bebeu” > sungen “eu bebi” (etc.)

    O particípio passivo seria produzido com a desinência –en, assim como no caso de verbos básicos normais. Assim, como sempre, o particípio passado é idêntico à forma da 1ª pessoa do singular, de modo que drammen também poderia ser “cortado” como um particípio, sungeninu, onde ela ocorre, seria y. Assim, a forma plural de sungen seria syngin.) também é “bebido” etc. Estes particípios teriam formas plurais em – (causando metafonia), em outras palavras, se comportando como os particípios passivos de verbos básicos normais. Veja as regras na seção II acima. (O produto da metafonia deComo observado acima, estes verbos provavelmente possuem particípios ativos em –ol, como radicais A normais (drava– “cortar” > dravolperfeito presumidamente seria formado de acordo com as regras dos radicais I, como se a vogal final não existisse. Assim, veríamos a desinência –iel combinada com o alongamento da vogal raiz, í, ó e ú representando í, á e ó (drava– “cortar” > dróviel “tendo cortado”, soga– “beber” > súgiel “tendo bebido”). Se a vogal já é longa, devemos supor que ela simplesmente permanece longa (síla– “brilhar” > síliel “tendo brilhado”). “cortando”). O particípio ativo

    IV. VERBOS IRREGULARES E ESPECIAIS

    Ao aderir às regras acima, pode-se conseguir a maioria dos verbos corretamente – supondo que o sistema verbal do sindarin tenha sido reconstruído corretamente. Felizmente somos deixados com um número bem pequeno de casos especiais. Alguns deles são facilmente explicáveis em termos da evolução fonológica que Tolkien imaginou, alguns podem refletir as constantes mudanças nas idéias do criador do idioma, alguns são evidentemente estranhos – felizmente não implicando que nossa reconstrução do sistema verbal do sindarin é defeituosa, com as principais deficiências e falhas ao se analisar as intenções de   Tolkien.

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  • U original sobrevivendo antes de uma nasal: em um ponto na evolução do sindarin, o u original em muitos casos se tornou o. Por exemplo, o verbo soga– “beber” vem do radical SUK. Contudo, esta mudança não ocorreu antes de uma nasal, como n ou m. Logo, se um radical verbal contendo a vogal o < u possui uma forma de pretérito envolvendo infixação nasal, a característica original da vogal permaneceria antes desta consoante. Assim, Tolkien observou que o pretérito da 3ª pessoa do  sing. de soga– é sunc (LR: 388 s.v. SUK, embora a forma sogant também fosse válida, o verbo sendo transferido à classe normal dos radicais A). Outros casos prováveis do mesmo fenômeno (não diretamente atestados nos papéis de Tolkien):

    groga– “sentir terror” > pret. 3ª pes. sing. grunc (radical original RUK)


  • loda– “flutuar” > pret. lunt (radical LUT)


  • nod– “amarrar, atar” > pret. nunt (radical NUT)


  • toba– “cobrir” > pret. tump (radical *TUP)


  • tog– “guiar, trazer” > pret. tunc (radical TUK)

    NOTA: no Etimologias, LR: 378 s.v. NOT, o verbo nod– é dado como “nud-“, mas isto iria contradizer tudo que sabemos sobre a fonologia sindarin. O verbo toba– [inf. tobo] é derivado a partir do radical TOP em LR: 379, caso no qual o pretérito seria tomp, mas o verbo em quenya untúpa “cobre” no Namárië no SdA sugere que Tolkien decidiu que o radical fosse TUP, apesar de um radical distinto TUP ocorrer no Etim.Grunc, lunt, sunc e tump apareceriam como grunge-, lunne-, sunge– e tumme– antes de desinências plurais/pronominais normais – grungergrungen “eu senti medo” etc. Se o exemplo hanthennin (LR: 363 s.v. KHAT) se sustenta, no caso de nunt e tunci antes que as desinências normais fossem adicionadas. Este i desencadearia a mutação u > y, de modo que (com a mudança normal de nt e nc intervocálicos para nn e ng) teríamos, por exemplo, a 1ª pessoa do sing. nynnin “eu atei” e tyngin “eu guiei, eu trouxe”. (Mas groga-, loda– e toba– pertenceriam à conjugação mista, com e ao invés i como a vogal de ligação, e assim também sem metafonia: grungen “eu senti medo”, lunnen “eu flutuei”, tummen “eu cobri”.) “(eles) sentiram medo”, > veríamos a vogal de ligação

    Os particípios passados de todos os verbos com os quais estamos lidando aqui podem ser formados, com certa regularidade, ao se adicionar –en ao pretérito da 3ª pessoa do sing. (com as mudanças normais nos grupos consonantais finais quando eles se tornam intervocálicos):

    groga– “sentir terror” > pret. grunc > particípio passivo grungen


  • loda– “flutuar” > pret. lunt > particípio passivo lunnen


  • nod– “atar, amarrar” > pret. nunt > particípio passivo nunnen


  • soga– “beber” > pret. sunc > particípio passivo sungen


  • toba– “cobrir” > pret. tump > particípio passivo tummen


  • tog– “guiar, trazer” > pret. tunc > particípio passivo tungen

    E, novamente, veríamos a mutação u > y nas formas plurais destes particípios: gryngin, lynnin, nynnin, tymmin, syngin e tyngin. (Alguns destes verbos, “sentir terror” e “flutuar”, geralmente podem, porém, não possuir particípios passivos – visto que eles eram intransitivos.) Mas no caso de groga-, loda-, soga– e toba-, também pode ser admissível tomar o caminho mais fácil e simplesmente deixá-los como radicais A (Tolkien fez uma clara observação a este efeito no caso de soga-). Assim, teríamos os pretéritos (na 3ª pes. do sing) grogant, lodant, sogant e tobant (-nt regularmente se tornando –nne– antes de desinências), e os particípios passados grogannen, lodannen, sogannen e tobannen (pl. gregennin, ledennin, segennin e tebennin – ou o arcaico grögennin etc.)


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  • Verbos impessoais: o verbo impessoal “noldorin” bui “é necessário, deve-se, ser compelido a” aparece no Etimologias; em  sindarin ele teria se tornado boe. Não temos exemplos, mas ele provavelmente pode ser usado em contextos como boe maethad in yrch “é necessário combater os orcs”. (“deve-se” pode ser expressado como “é necessário ao X fazer Y”: boe ‘nin edhil maethad in yrch “é necessário aos elfos combater os orcs” = “os elfos devem combater os orcs”; boe anim baded “é necessário que eu vá” = “eu devo ir”.) Talvez boe não possua formas declinadas para tempos etc.; nada desse tipo é sugerido no Etimologias.
  •   Outro verbo impessoal é elia– “chover”. A forma impessoal “noldorin” expressando “chove”, isto é, oeil [= öil], eil posterior, é dado no EtimologiasULU). No sindarin da Terceira Era, a forma seria ail. O pretérito, indicando “choveu”, poderia ser aul ou o regular eliant. Podemos conjugar o verbo assim: infinitivo elio “chover”, presente ail = forma impessoal da 3ª pessoa do sing. “chove”, pretérito eliant ou aul = impessoal da 3ª pessoa do sing “choveu”, futuro eliatha = “choverá”, imperativo elio “chove!”, particípio eliol “chovendo” (perfeito úliel “tendo chovido”), gerúndio eliad “chovendo”. Um verbo com este significado dificilmente teria quaisquer particípios passivos. A forma seria eliannen, ou, se usarmos aul como o pretérito, olen. (LR: 396 s.v.
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  • Vários verbos irregulares: no linnod de Gilraen, a palavra onen (ou em algumas edições do SdA, ónen) é usada para “eu dei”. Este parece ser o pretérito irregular do verbo anna– “dar” listado no Etimologias (se o verbo fosse regular, o pretérito deveria ser **annant, com annannen > annenOnen aponta para uma forma da 3ª pessoa do singular aun “(ele, ela) deu”, que poderia ser regularmente derivada a partir de um pretérito mais antigo áne (compare com óne como o pretérito do verbo em quenya onta– “gerar”, LR: 379 s.v. ONO; dado o fato de que o verbo sindarin anna– corresponde ao verbo em quenya anta-, não é inconcebível supor que o pretérito áne pode ter existido em algum estágio, e é na verdade atestado no QL: 31). Aun se torna one– quando uma desinência é adicionada, o ditongo au sendo modificado para o. Conjugação sugerida de anna– “dar”: infinitivo anno “dar”, presente anna “dá, está dando”, pretérito irregular: 3ª pes. sing. aun “deu” com desinências one– (onenonem “nós demos” etc.), futuro annatha “dará”, imperativo annoannol “dando”, particípio perfeito óniel “tendo dado”, particípio passado onen (pl. onin) “dado”, gerúndio annad “dando”. Note que não há metafonia na forma plural do particípio passado (onin, e não **enin para o arcaico **önin), porque o o a partir de au não é mutado dessa forma.
    para “eu dei”). “eu dei”, “dê!”, particípio ativo
  •   Em LR: 375 s.v. NDAM, o verbo damna– “martelar” é listado, com o pretérito (da 3ª pessoa do sing.) dammint. Ambas as formas são positivamente estranhas. Não pode haver dúvida de que damna é uma leitura errada para damma-, a forma que esperaríamos em termos fonológicos; cf. mm no pretérito. O pretérito “dammint” é muito estranho. Definitivamente suporíamos dammant. Em primeiro lugar, de onde vem o i no pretérito, e se afinal de contas é para ele estar lá, por que ele não causa a mutação de a para e (isto é, demmint)? Se aceitarmos esta forma de pretérito (com desinências damminne-), também teríamos que usar damminnen pl. damminnin como o particípio passivo. Mas, pessoalmente, estou fortemente inclinado a dispensar dammint como uma leitura errada para dammant, caso no qual o verbo seria perfeitamente regular. O verbo drava– “cortar” regularmente teria o pretérito dram (com desinências dramme-). De acordo com LR: 354 s.v. DARÁM, um pretérito irregular (da 3ª pessoa do sing.) dramp era usado em poesia – como se o verbo fosse **draba-. Esta forma foi aparentemente usada em adição ao (e não ao invés do) pretérito regular. Com desinências, tanto dramp como dram apareceriam de qualquer forma como dramme– (ex: o pret. da 1ª pessoa drammen que é mencionado nesta entrada no Etimologias). Como mencionado acima, o pretérito regular do verbo gwedh– “prender” é gwend (com desinências gwenni-), mas Tolkien indicou que um pretérito irregular gwedhant (como se este fosse um radical A **gwedha-) entrou em uso “posteriormente”. O pretérito regular veio a ser considerado como arcaico ou poético. Quando a mudança ocorreu, é possível que o particípio passivo “preso” também tenha sido alterado de gwennen para gwedhannen. Presumidamente, o verbo ainda era, de outra forma, declinado como um verbo “primário” regular (infinitivo gwedhi, presente gwêdh ou, antes de desinências, gwedhi-, futuro gwedhitha, imperativo gwedho, particípio ativo gwedhel, particípio perfeito gwídhiel). Quem sabe o verbo redh– “semear” tenha passado por um desenvolvimento parecido, de modo que o pretérito regular rend foi substituído por redhant?

    O verbo soga– “beber” regularmente teria a 3ª pessoa do singular sogasôg (como se este fosse um verbo primário sog-). Quando desinências são adicionadas para produzir outras formas além da 3ª pessoa do sing., podemos usar o radical de presente regular soga– (assim, sogon [para **sogan] “eu bebo”, sogam “nós bebemos” etc.). O pretérito (da 3ª pessoa do sing.) é tanto o regular sunc (com desinências sunge-) como o irregular sogant (com desinências soganne-); Tolkien indicou que ambos são válidos. O particípio passivo “bebido” então seria tanto sogannen (pl. segennin) para o pretérito sogant, como sungen (pl. syngin) se for preferido o pretérito sunc. Felizmente, o verbo soga– “beber” é um bem comportado verbo normal de conjugação mista, como o infinitivo sogo (dado em LR: 388) sugere. Assim, futuro sogatha “beberá”, imperativo sogo “beba!”, particípio sogol “bebendo” (perfeito súgiel “tendo bebido”), gerúndio sogad “bebida” (como substantivo). “(ele, ela) bebe”, mas LR: 388 indica que a 3ª pessoa do sing. é na verdade

    NOTA: a real expressão no LR: 388 s.v. SUK é “N sogo, 3ª pes. sing. sôg, pret. sunc, asogant (sogennen)”. Sogo é claramente o infinitivo “beber”, sôg é identificado como a 3ª pessoa do singular (no presente), e sunc é, da mesma forma, identificado como o pretérito (da 3ª pessoa do singular). Contudo, asogant não pode ser uma leitura correta do texto de Tolkien. É muito difícil compreender de onde este prefixo a poderia vir, e além do mais, tal prefixo muito provavelmente causaria a mutação suave do s inicial, de modo que teríamos a forma **ahogant. O que Tolkien na verdade escreveu em sua caligrafia complicada deve ter sido “sunc, ou sogant“, alternativamente “sunc, e sogant” – um pequeno rabisco representando ou ou possivelmente e sendo lido erroneamente como a por Christopher Tolkien, e prefixado diretamente ao verbo seguinte. A forma sogennen deve ser o particípio passivo “bebido”, mas uma vez que o particípio passado é produzido ao se sufixar –en ao pretérito (nt regularmente se tornando nn entre vogais), devemos concluir que “sogennen” é uma leitura errada para sogannen.

    É afirmado que o verbo thora– “cercar” possui o particípio passivo thorenTHUR). Thoren sugere um pretérito thaur. O verbo pode se comportar desse modo: infinitivo thoro “cercar”, presente thorathaurthore-; ex: thoren “eu cerquei, eu estava cercando”), futuro thoratha “cercará”, imperativo thoro “cerque!”, particípio ativo thorol “cercando” (perfeito thóriel “tendo cercado”), particípio passivo thoren “cerdado” (pl. thorin), gerúndio thorad. Note que o particípio perfeito é thóriel ao invés de **thúriel, e que não há metafonia na forma plural do particípio thoren (pl. thorin, e não **therin). Como no caso de outros verbos, isto de deve porque o e ó aqui representam o ditongo au. “cercado” (LR: 393 s.v. “cerca, está cercando”, pretérito irregular (da 3ª pessoa do sing.) (com desinências

    O verbo trenar– “relatar, contar até o fim” possui o pretérito (da 3ª pessoa do singular) trenor ou trener (LR: 374 s.v. NAR2). Regularmente, esperaríamos **trenarn. O verbo pode se comportar desse modo: infinitivo treneri “relatar”, presente da 3ª pessoa trenar “relata, está relatando” (com desinências treneri-, assim trenerin “eu relato”, treniremtrenor ou trener (com desinências tanto trenori– como treneri-; assim, trenorin “eu relatei” etc.; a forma alternativa trenerin entraria em conflito com o presente), futuro treneritha “relatará”, imperativo trenaro “relate!”, particípio ativo trenareltrenóriel “tendo relatado”), particípio passivo ?trenoren (plural trenorin) “relatado”, gerúndio trenared “relatando”. Note a ausência de metafonia na forma trenorin (“eu relatei” ou a forma pl. do particípio passivo “relatado”). Provavelmente não encontraríamos trenerin, uma vez que o o de trenorin pode representar au (por sua vez derivado a partir de á longo, uma versão alongada da vogal do radical NAR2; trenortrenâr-). “nós relatamos” etc.), pretérito irregular “relatando” (perfeito pode refletir um pretérito primitivo *

    Na entrada MBAKH no Etimologias (LR: 372), lemos: “Q[uenya] manka– comercializar; makar comerciante, mankale comércio. N[oldorin] banc, banga.” O que devemos fazer com isto? Banga– com certeza é a palavra “noldorin” > sindarin correspondente à palavra em quenya manka-, daí o verbo “comercializar”. Mas o que significa banc? Se banc é uma forma de banga-, muito provavelmente ela seria um pretérito irregular da 3ª pessoa: “(ele/ela) comercializou” (ao invés do regular bangant). Novamente supondo que se pode confiar no exemplo hennin “eu arremessei”, teríamos bengi– antes de desinências; ex: bengin “eu comercializei”, bengir “(eles) comercializaram” etc. O particípio passivo também seria bangen (pl. bengin) ao invés de bangannen (pl. bengennin). Mas não vou excluir a possibilidade de que banc não é pretendido como uma forma do verbo banga-; ele poderia ser o substantivo “comércio”, correspondendo ao (mas não um cognato exato do) quenya mankale.


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  • Uma possível revisão do sistema: uma passagem no ensaio Quendi and Eldar de cerca de 1960 sugere que Tolkien havia feito uma grande revisão em uma parte do sistema verbal do sindarin (WJ: 415). A referência é feita a

    …um pretérito primitivo, indicado como tal pelo vogal base ‘aumentada’ ou duplicada, e pela vogal raiz longa. Pretéritos desta forma eram comuns em verbos sindarin ‘fortes’ ou primários: como *akâra ‘criou, fez’ > S agor.

    As novas regras para a derivação do pretérito de verbos primários são facilmente reconstruídas: a vogal que ocorre no verbo é prefixada, mas no próprio radical verbal, a, e e o são alteradas para o, i e u, respectivamente (representando a  “vogal raiz longa” â, ê e ô, uma vez que a característica de tais vogais longas foi mudada em sindarin antigo). A vogal i não mudaria. A consoante inicial passaria por mutação suave quando uma vogal fosse prefixada a ela, p > b, t > d, c > g (assim, agor a partir de car-), b > v, d > dh, g > zero, m > v, s > h. (As consoantes f e th ficariam inalteradas.)

    ped– “falar” > ebid “falous”


  • tir– “observar” > idir “observou”


  • car– “fazer” > agor “fez”


  • bad– “ir” > avod “foi”


  • dar– “parar” > adhor “parou”


  • gwedh– “prender” > ewidh (= e’widh) “prendeu”


  • mad– “comer” > avod “comeu” (o mesmo que o pret. de bad-!)


  • nor– “correr” > onur “correu”


  • sog– “beber” > ohug “bebeu”


  • fir– “morrer” > ifir “morreu”

    É claro, isto iria contradizer o sistema mais antigo vislumbrado no Etimologias, onde, por exemplo, o pretérito de gwedh– é  explicitamente dado como gwend (ou gwedhant posterior) ao invés de ewidh. O Etim também possui sunc e sogant ao invés de ohug para “bebeu”. Além disso, pent ao invés de ebid para “falou, disses” é atestado fora do Etimologias. Devemos esperar a publicação de mais material antes que possamos determinar até onde Tolkien levou esta revisão – se este foi realmente pretendido como o novo modo de se derivar os pretéritos de verbos primários, tornando completamente obsoleto o sistema anterior que tentamos reconstruir acima. Por enquanto, eu aceitaria agor como o pretérito de car– “fazer”, mas de outra forma continuando a usar largamente o sistema “clássico”. Talvez a expressão de Tolkien – de que pretéritos do tipo agor eram “comuns” ao invés de universais – implica que se poderia escolher de certa forma de que modo formar o pretérito (está claro a partir de vários textos que Tolkien imaginou que havia muitas variedades e dialetos de sindarin). Podemos deixar  car– “fazer” se comportar assim: infinitivo ceri, presente: 3ª pes. sing. câr “(ele, ela) faz”, com desinências ceri– (cerin “eu faço”, cerim “nós fazemos” etc.), pretérito irregular agor “fez” (antes de desinências agore-; ex: agoren “eu fiz”), futuro ceritha “fará”, imperativo caro “faça!”, particípio ativo carelcóriel “tendo feito”, particípio passivo coren(ou carnen?) “feito”, gerúndio cared “fazendo”.
    “fazendo”, particípio perfeito

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  • A questão da metafonia em prefixos: alguns verbos sindarin possuem um elemento prefixado (tipicamente preposicional). A questão é: a vogal em tais elementos prefixados deve ser modificada nas formas do verbo que exigem metafonia? Considere o verbo aníra– “desejar a, querer a”. Este, até onde podemos dizer, consiste de dois elementos: um verbo íra– “desejar” com o prefixo an– “a, ao”. O particípio passivo deste verbo provavelmente seria anirnen. Mas e quanto ao plural? Anirnin ou enirnin
    com metafonia no decorrer da palavra?
  •   As notas de Tolkien parecem menos do que consistentes. O verbo osgar– “cortar ao redor, amputar” inclui o elemento prefixado os– “ao redor”. O infinitivo esgeri, listado em LR: 379 s.v. OS, mostra metafonia no decorrer da palavra (e não *osgeri, o prefixo sendo excluído da metafonia). Por outro lado, o verbo orthor– “sobrepujar, conquistar” não mostra metafonia no infinitivo, que é listado em LR: 395 s.v. TUR como ortheri. Se esgeri a partir de osgar-, por que não *ertheri a partir de orthor-? Alternativamente, se ortheri a partir de orthor, por que não *osgeri a partir de osgar-? Talvez isto seja de certo modo opcional. WJ: 379, tratando de plurais substantivos, sugere que a “afeição” ou metafonia foi aplicada no decorrer da palavra, de modo que uma palavra composta como orodben “monteiro, alpinista” antigamente possuía o plural oerydbin (= örydbin, sindarin clássico erydbin). Mas posteriormente, em certa medida esta palavra foi reconhecida como uma palavra composta orod-benorodbin. Logo, talvez esgeri “amputar” tenha se tornado posteriormente *osgeri, e talvez ortheri represente *ertheri mais antigo. “pessoa-de-montanha”, e apenas o segundo elemento foi modificado no plural:Aqui estão alguns verbos com prefixos e conjugações sugeridas.

    Com o prefixo go– “juntos”:

  • govad– “encontrar, reunir”, infinitivo gevedi, presente gevedi– (adicione a desinência apropriada, exceto na 3ª pessoa do singular, que é govad), pretérito gevenni– (3ª sing govant), futuro geveditha, imperativo govado, particípio govadel (perfeito govódiel), particípio passado govannen, gerúndio govaded
  • gonathra– “enredar, emaranhar”, inf. gonathro, pres. gonathra, pret. gonathranne– (3ª sing gonathrant), fut. gonathratha, imp. gonathro, part. gonathrol (perfeito genethriel), pp. gonathrannen (pl. genethrennin), ger. gonathrad
  • gonod– “contar, somar”, inf. genedi, pres. genedi– (3ª sing gonod), pret. genenni– (3ª sing gonont), fut. geneditha, imp. gonodo, part. gonodel (perfeito gonúdiel), pp. gononnen, ger. gonoded
  • genedia– “calcular”, inf. genedio, pres. genedia, pret. genedianne– (3ª sing genediant), fut. genediatha, imp. genedio, part. genediol (perfeito gonúdiel), pp. genediannen (pl. genediennin), ger. genediad
  • (Note que no último verbo, go– aparece na forma modificada em todas as formas exceto no particípio perfeito gonúdiel “tendo calculado”. Os verbos intimamente relacionados gonod– e genedia– teriam particípios perfeitos idênticos.) Este grupo de verbos que incorpora os prefixos ad– “re-” e an– “a, ao” provavelmente não os mudaria para ed– ou en– onde pode-se pensar que a metafonia ocorra, apesar de não termos exemplos claros:
  • adertha– “reunir”, inf. adertho, pres. adertha, pret. aderthanne– (3ª sing aderthant), fut. aderthatha, imp. adertho, part. aderthol (perfeito aderthiel ao invés de ?ederthiel), pp. aderthannen (pl. aderthennin ao invés de ?ederthennin), ger. aderthad
  • anglenna– “aproximar”, inf. anglenno, pres. anglenna, pret. anglenne– (3ª sing anglennant), fut. anglennatha, imp. anglenno, part. anglennol (perfeito anglenniel (ao invés de ?englenniel), pp. anglennen (pl. anglennin ao invés de ?englennin), ger. anglennad
  • aníra– “desejar”, inf. aníro, pres. aníra, pret. anirne– (3ª sing anirn), fut. aníratha, imp. aníro, part. anírol (perfeito aníriel ao invés de ?eníriel?), pp. anirnen (pl. anirnin ao invés de ?enirnin), ger. anírad
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  • Com o prefixo os– “ao redor”:

    osgar– “cortar ao redor, amputar”, inf. esgeri, pres. esgeri– (3ª sing osgar), pret. esgerni– (3ª sing osgarn), fut. esgeritha, imp. osgaro, part. osgarel (perfeito osgóriel), pp. osgarnen (pl. esgernin), ger. osgared

    Um longo prefixo claramente independente como palan– “ao longe” pode não mostrar qualquer metafonia:

    palan-dir– “ver/observar ao longe”, inf. palan-diri, pres. palan-diri– (3ª sing palan-dir), pret. palan-dirni– (3ª sing palan-dirn), fut. palan-diritha, imp. palan-diro, part. palan-diriel (perfeito palan-díriel – dificilmente ?pelen-díriel), pp. palan-dirnen (pl. palan-dirnin, dificilmente ?pelen-dirnin), ger. palan-dired

    5. PRONOMES

    Pronomes sindarin atestados incluem: 1ª pessoa do sing: pronome independente im “eu”, também a desinência –n; cf. também nin “mim”, genitivo nín “meu”, também anim “para mim” (evidentemente an “para” + im “eu, *mim”) e enni “a mim”.


  • 2ª pessoa do sing: a desinência –ch, supondo que agorech signifique *”você fez”; cf. também o pronome dativo reverencial le “a ti”, dito ser de origem quenya (RGEO: 73), e lín como o genitivo “teu, seu”.
  • 3ª pessoa do sing: e “ele”, genitivo dîn “seu, sua” (este provavelmente também poderia ser escrito dín, cf. lín “seu” acima). A palavra den na tradução do Pai Nosso pode significar “ele” como objeto; sendo assim, também poderia abranger “lhe, o”.
  • 1ª pessoa do pl: desinência –m “nós” (em avam “nós não iremos”, WJ: 371), evidentemente men e mín como pronomes independentes “nós” ou “nos”, também ammen “para nós” ou “de nós” (para *an men; an “para, a”, men = “nós”?). “Nosso” é vín.
  • 2ª pessoa do pl: nenhum encontrado, a não ser que –ch abranja tanto sing. como o pl. “vós” (cf. PM: 45-46)
  • 3ª pessoa do pl: hain “os, as, lhes” (provavelmente também como sujeito “eles”) Quando adicionada a um radical terminando em –a, a desinência pronominal –n “eu” parece mudar esta vogal para –o; compare avam “nós não iremos” com avon “eu não irei” (WJ: 371, ava = “não irá”). Cf. também linnon “eu canto” e linnathon “eu cantarei”; os radicais são evidentemente linna e *linnatha, “canta” e “cantará” (assim, *linnam “nós cantamos”, *linnach “você canta”?) Embora uma palavra independente para “meu” seja dada em CI: 34 (nín), também existe uma desinênciaen que pode expressar o mesmo significado. Ela é atestada na palavra lammen “minha língua” na invocação de Gandalf diante do Portão de Moria (SdA1/II cap. 4; veja RS: 463 para a tradução). Compare com a desinência em quenya –nya “meu”. Uma segunda atestação da desinência sindarin correspondente se tornou disponível em julho de 2000, quando uma frase incluindo a palavra gurenen “meu” foi publicada. Uma vez que Tolkien usa em outros lugares pronomes independentes para “meu” e “seu”, pode ser que ele tenha mudado de idéia constantemente quanto ao sindarin usar desinências ou pronomes genitivos independentes. “meu coração” foi publicada no VT41: 11, 15. Presuidamente, o sindarin também possui outras desinências pronominais possessivas, mas apenas –

    Em adição ao pronome genitivo dîn “seu”, a Carta do Rei também possui în: o rei deseja saudar mhellyn în phain, todos seus amigos. Embora în, como dîn, seja traduzido “seu(s)” em português, parece que este, na verdade, é um pronome genitivo reflexivo, se referindo ao sujeito anterior na frase. Em sindarin pode haver uma distinção que não é regularmente expressa em português. Duas frases como *i venn hunc haw în e *i venn hunc haw dîn seriam ambas traduzidas como “o homem bebeu seu suco” em português, mas a primeira significa “o homem bebeu seu (próprio) suco”, enquanto que a segunda significa “o homem bebeu seu suco (de outra pessoa)”.

    Sob o radical S– no Etimologias, alguns pronomes “noldorin” são listados, mas não se sabe se eles são válidos no sindarin no estilo do SdA: ho, hon, hono “ele”, he, hen, hene “ela”; ha, hana “isto”. Os plurais são dados como huin, hîn, hein, evidentemente significando “eles” se referindo a um grupo de homens, mulheres e coisas, respectivamente. Hein mais tarde apareceria como hain por causa da mudança regular de som; cf. a inscrição do Portão de Moria: Im Narvi hain echant “eu, Narvi, as [= as letras] fiz”. Além disso, o pronome “noldorin” huin apareceria como *hýn no sindarin (da Terceira Era).

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